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APLICAÇÃO
Pessoa física poderá comprar papel, que vai render IGP-M mais juros
Petrobras lança debênture de 5 anos
SANDRA BALBI
DA REPORTAGEM LOCAL
O investidor preocupado em
proteger seu dinheiro da inflação
tem uma nova opção no mercado:
as debêntures (títulos de dívida
corporativa) da Petrobras, indexadas ao IGP-M e que pagarão,
ainda, uma taxa de juros entre
9,4% e 9,8% ao ano. O valor da taxa de juros embutida no papel será definida na quinta-feira.
Os papéis foram lançados ontem pela empresa e poderão ser
adquiridos até o dia 30 deste mês.
Serão colocados no mercado de
varejo R$ 200 milhões em debêntures, o que corresponde a 40% da
emissão total de R$ 500 milhões.
Esta é a primeira vez que uma
empresa faz uma colocação de debêntures para o mercado de varejo. A pulverização dos títulos pela
estatal do petróleo será feita por
meio de 25 corretoras credenciadas e pelo Banco do Brasil, que está ofertando os papéis aos seus
clientes por meio do seu site
(www.bb.com.br).
Nos próximos dias, a Bolsa de
Valores de São Paulo (Bovespa)
deverá divulgar a lista das corretoras credenciadas em seu site
(www.bovespa.com.br). Também
os bancos Itaú, Pactual e Bank
Boston devem oferecer os papéis
a seus clientes de "private banking" (grandes investidores pessoa física).
O que é
As debêntures são títulos de dívida de empresas interessadas em
captar recursos no mercado a taxas inferiores às praticadas pelos
bancos.
Para o investidor, representam
uma aplicação de renda fixa, por
prazo predeterminado. No caso
dos papéis da Petrobras, o prazo
para resgate é de cinco anos. "A
vantagem, para o investidor, é
que se trata de um título de risco
baixo; nas escalas de "rating", a
empresa está dois pontos acima
do risco do Tesouro Nacional",
diz Luiz Paulo Foggetti, analista
da Fator Doria Atherino.
Mas também há desvantagens
na aplicação, segundo analistas.
"Se a inflação recuar, o rendimento dos papéis poderá ficar abaixo
do de outras aplicações de renda
fixa", alerta o consultor William
Eid, da Fundação Getúlio Vargas.
Um levantamento feito por Eid
mostra que de janeiro de 1995 ao
final de novembro deste ano, enquanto o CDI (Certificado de Depósito Interbancário), o referencial dos fundos DI, rendeu 530% o
IGP-M acumulou alta de 130%.
Segundo ele, o IGP-M tende a
ultrapassar o IPCA, índice oficial
de inflação, em momentos de crise cambial como a que o país viveu neste ano. "Mas, no longo
prazo, o IPCA tem superado o índice de atacado", acrescenta. Portanto, como proteção contra a inflação, as debêntures podem deixar o investidor com os pés descobertos no futuro.
Outro problema, segundo consultores de investimentos ouvidos
pela Folha, é que as debêntures
são papéis de baixa liquidez, isto
é, não são facilmente vendidas no
mercado. "O mercado secundário
para esses papéis é restrito aos
fundos de pensão e investidores
institucionais", diz Eid.
Para tentar contornar esse problema e dar opção de resgate antecipado aos investidores de varejo, a Petrobras exigiu que os bancos que participam da colocação
-BB, Itaú e Pactual- se comprometam a recomprar os papéis
dos investidores de varejo que desejarem resgatar antes do prazo.
Além disso, a Bolsa de Valores
de São Paulo também deverá dar
liquidez aos títulos da empresa.
Segundo foi anunciado ontem, os
papéis da petrolífera serão negociados no chamado Bovespa Fix,
o mercado secundário de títulos
de renda fixa do setor privado.
"Nunca uma debênture teve tanta
liquidez como as da Petrobras",
diz Charles de Toledo, diretor de
operação de renda fixa da Bolsa.
Segundo o consultor financeiro
Mauro Halfeld, se a Bolsa não
conseguir dar liquidez às debêntures, "o investidor que tentar resgatar a aplicação antes dos cinco
anos corre o risco de ter um deságio [desconto" grande sobre o valor do papel".
Toledo admite o risco de deságio, mas diz que ele não é alto. A
única experiência da Bovespa Fix
nesse sentido é com debêntures
emitidas há alguns meses pela Petrobras, e que foram compradas
por clientes de private banking
dos bancos que coordenaram a
operação. Ontem o deságio dos títulos era de 0,85%.
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