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REFLORESTAMENTO
Madeira asiática está sendo plantada em Mato Grosso e no Acre
Teca pode substituir mogno no país
JOSÉ SERGIO OSSE
DA REPORTAGEM LOCAL
Com a crescente escassez de
mogno no Brasil, a teca, uma árvore de origem asiática, desponta
como sua provável substituta.
Uma das madeiras mais utilizadas
no mundo, principalmente na
Ásia, a teca é mais resistente que o
mogno e pode, inclusive, ser mais
rentável para seus produtores.
O problema da cultura de teca,
porém, é o seu ciclo produtivo, de
25 anos até o corte final. Mesmo
com cortes intermediários, entre
o sexto ano e o final do ciclo, a
rentabilidade só seria mesmo garantida na derrubada das árvores
maduras. Outro inconveniente da
planta é que ela precisa de períodos definidos de escassez de chuva para que sua madeira ganhe
qualidade, restringindo as áreas
em que ela pode ser plantada. No
Brasil, existem áreas compatíveis
com ela principalmente em Mato
Grosso, Rondônia e Acre.
Uma vantagem que o Brasil tem
é que, aqui, o ciclo de maturação
da teca é muito menor que nos
países de origem. Apesar de os 25
anos necessários para o cultivo da
árvore no país serem muito tempo, são bem menos que os 80 anos
necessários para atingir o mesmo
estágio na Índia. O motivo disso é
que aqui não existem as doenças e
pragas que atacam a teca em sua
região de origem.
Segundo Evandro Orfanó, pesquisador da Embrapa (Empresa
Brasileira de Pesquisa Agropecuária) Acre, a produção de teca
no Brasil ainda é muito pequena,
mas está em franca expansão.
Orfanó diz que o custo de implantação da teca, no primeiro
ano, é de cerca de R$ 1.700 por
hectare. Até o corte final, o custo
ficaria em US$ 15 mil, segundo
grandes empresas madeireiras. O
custo relativamente alto, porém,
não deve funcionar como um fator limitante para os pequenos
produtores. Segundo especialistas, a rentabilidade total, ao longo
dos 25 anos, de um hectare da árvore pode chegar a US$ 50 mil.
"O longo prazo não deve assustar o produtor ou o investidor,
pois as reservas atuais dessa madeira ainda são muito jovens na
Ásia e, mesmo daqui a 25 anos,
haverá demanda para ela", diz.
Segundo Paulo Ernani, da Embrapa Florestas, a teca é ainda
mais interessante para fins comerciais do que o mogno. Além
de ser mais resistente que o mogno, tem mais utilidades do que essa madeira nativa brasileira.
"A teca é uma madeira que resiste bem às intempéries, tanto
que é bastante utilizada na construção de barcos e na fabricação
de móveis e estruturas que ficarão
expostas. Já o mogno, apesar de
ser tão leve e resistente quanto,
não aguenta chuvas, por exemplo", diz Ernani.
Por causa dessas vantagens,
mesmo que o mogno ainda tenha
um custo de produção menor, as
grandes empresas de reflorestamento, principalmente de Mato
Grosso, já pensam mais em teca
do que em mogno, diz Orfanó.
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