São Paulo, terça-feira, 17 de dezembro de 2002

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REFLORESTAMENTO

Madeira asiática está sendo plantada em Mato Grosso e no Acre

Teca pode substituir mogno no país

JOSÉ SERGIO OSSE
DA REPORTAGEM LOCAL

Com a crescente escassez de mogno no Brasil, a teca, uma árvore de origem asiática, desponta como sua provável substituta. Uma das madeiras mais utilizadas no mundo, principalmente na Ásia, a teca é mais resistente que o mogno e pode, inclusive, ser mais rentável para seus produtores.
O problema da cultura de teca, porém, é o seu ciclo produtivo, de 25 anos até o corte final. Mesmo com cortes intermediários, entre o sexto ano e o final do ciclo, a rentabilidade só seria mesmo garantida na derrubada das árvores maduras. Outro inconveniente da planta é que ela precisa de períodos definidos de escassez de chuva para que sua madeira ganhe qualidade, restringindo as áreas em que ela pode ser plantada. No Brasil, existem áreas compatíveis com ela principalmente em Mato Grosso, Rondônia e Acre.
Uma vantagem que o Brasil tem é que, aqui, o ciclo de maturação da teca é muito menor que nos países de origem. Apesar de os 25 anos necessários para o cultivo da árvore no país serem muito tempo, são bem menos que os 80 anos necessários para atingir o mesmo estágio na Índia. O motivo disso é que aqui não existem as doenças e pragas que atacam a teca em sua região de origem.
Segundo Evandro Orfanó, pesquisador da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) Acre, a produção de teca no Brasil ainda é muito pequena, mas está em franca expansão.
Orfanó diz que o custo de implantação da teca, no primeiro ano, é de cerca de R$ 1.700 por hectare. Até o corte final, o custo ficaria em US$ 15 mil, segundo grandes empresas madeireiras. O custo relativamente alto, porém, não deve funcionar como um fator limitante para os pequenos produtores. Segundo especialistas, a rentabilidade total, ao longo dos 25 anos, de um hectare da árvore pode chegar a US$ 50 mil.
"O longo prazo não deve assustar o produtor ou o investidor, pois as reservas atuais dessa madeira ainda são muito jovens na Ásia e, mesmo daqui a 25 anos, haverá demanda para ela", diz.
Segundo Paulo Ernani, da Embrapa Florestas, a teca é ainda mais interessante para fins comerciais do que o mogno. Além de ser mais resistente que o mogno, tem mais utilidades do que essa madeira nativa brasileira.
"A teca é uma madeira que resiste bem às intempéries, tanto que é bastante utilizada na construção de barcos e na fabricação de móveis e estruturas que ficarão expostas. Já o mogno, apesar de ser tão leve e resistente quanto, não aguenta chuvas, por exemplo", diz Ernani.
Por causa dessas vantagens, mesmo que o mogno ainda tenha um custo de produção menor, as grandes empresas de reflorestamento, principalmente de Mato Grosso, já pensam mais em teca do que em mogno, diz Orfanó.


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