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Praias do Rio movimentam R$ 80 mi por
mês
Gasto médio por pessoa nesses locais é de R$ 10 a cada ida; rendimento de ambulantes é de R$ 1.000 por mês
ANTÔNIO GOIS
DA SUCURSAL DO RIO
O vendedor Fábio dos Santos, 27, descobriu seu nicho de
mercado ao se especializar, há
seis anos, na venda de redes para turistas na praia de Copacabana. Para melhorar suas vendas, aprendeu noções de espanhol e inglês e agora, por mês,
consegue chegar a uma renda
que varia entre R$ 1.000 e R$
1.600. Com ela, garante o sustento da mulher e do filho e ainda ajuda parentes no Nordeste,
de onde importa as redes que
vende diariamente.
Quem já pôs os pés numa
praia carioca sabe que, como
Fábio, milhares de trabalhadores dependem desse comércio
para sobreviver. Uma pesquisa
feita pelo Sebrae-RJ com ambulantes, quiosqueiros, prestadores de serviço e freqüentadores das praias de Copacabana,
Barra e Ramos mostra que o
gasto médio por pessoa nesses
locais é de R$ 10 a cada ida à
praia, enquanto o rendimento
médio dos ambulantes é de
R$ 1.000 mensais.
Nas contas do diretor-superintendente do Sebrae no Rio,
Sérgio Malta, isso significa que,
por baixo, as praias movimentam pelo menos R$ 80 milhões
por mês, já que o número estimado de freqüentadores em finais de semana de sol é de 2 milhões de pessoas, sendo 10%
delas são trabalhadores.
"A praia talvez seja a mais
importante opção de lazer de
pelo menos metade da população brasileira que vive em cidades do litoral. É um espaço, no
entanto, que nunca foi estudado do ponto de vista econômico", afirma Malta.
Além do estudo do Rio, foi
feito um com o mesmo objetivo
pelo Sebrae da Bahia em três
praias de Salvador (Guarajuba,
Ipitanga e Piatã). Realizado pelos pesquisadores Elizabeth
Loiola e Paulo Miguez, ele estimou que só nas barracas de toda a orla da cidade 15 mil pessoas são beneficiadas pelos serviços prestados nesses locais.
Tanto no Rio quanto em Salvador, as pesquisas mostraram
a necessidade de melhor qualificação dos trabalhadores da
praia e uma preocupação dos
freqüentadores com preservação ambiental e segurança.
No Rio, 59% disseram que é
necessário aumentar a fiscalização dos serviços oferecidos,
especialmente a qualidade dos
alimentos. Apesar de algumas
críticas, a maioria avaliou de
forma positiva os serviços prestados pelos trabalhadores.
No que diz respeito aos trabalhadores, a pesquisa do Rio
mostrou que a imensa maioria
deles têm como única fonte de
renda suas atividades na praia.
Quase todos são homens e freqüentaram apenas o ensino
fundamental. Pouquíssimos
disseram já ter participado de
algum curso para melhorar
suas habilidades na administração de barracas ou na venda
direta ao público.
Para Malta, do Sebrae-RJ, a
pesquisa mostra que a praia é o
principal local de trabalho para
uma parcela expressiva da população. Trata-se, porém, de
um trabalho cansativo. "É preciso ter disposição e estar sempre esperto, já que há uma concorrência muito grande. Muitos aprendem com o tempo a
identificar os freqüentadores
que consomem mais. Sem essa
disposição e sensibilidade, um
trabalhador pode voltar para
casa de mãos vazias."
De fato, para se diferenciar
da concorrência, vários ambulantes tentam variar ou inovar
com novos produtos oferecidos
ao lado de outros que nunca
saíram de moda no Rio, como
os biscoitos de polvilho e o mate vendido em tonéis.
A dona de barraca Elza Ferreira dos Santos, 39, assumiu
há três anos um ponto em frente ao Copacabana Palace, um
dos mais disputados da praia
pela alta presença de turistas.
"Nós passamos a vender também sanduíches naturais e caipirinhas feitas com vodca, o
que não existia antes aqui." Ela
afirma ter uma renda média de
R$ 1.600 com a atividade.
Marcelo Lins, Antero Nogueira e Carla Paes são clientes
fiéis de Elza. Eles contam que
escolhem a barraca de Elza pela
qualidade dos serviços. "Até
bolsinha da sua barraca eu já
ganhei", afirma Marcelo.
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