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MERCADO TENSO
Moeda dos EUA fecha primeira semana em alta no governo Lula; cotação bateu em R$ 3,38, alta de 2,27%
Temor de guerra empurra preço do dólar
GEORGIA CARAPETKOV
DA REPORTAGEM LOCAL
O risco de uma guerra contra o
Iraque e as más notícias a respeito
da economia norte-americana
derrubaram os mercados internacionais ontem e fizeram o dólar
subir 2,27% e fechar cotado a R$
3,38. Apesar de ainda acumular
queda de 4,65% desde o início do
ano, a moeda norte-americana
subiu 2,42% na semana. Foi a primeira semana do governo Lula
em que a moeda dos EUA fechou
em alta.
A desvalorização dos títulos externos brasileiros fez o risco-país
subir 2,68% para 1.303 pontos.
"A questão da guerra chegou
em um momento que o dólar caiu
muito e o mercado começou a
empurrar para o preço a possibilidade do conflito", disse Rodrigo
Trotta, do banco Banifi Primus.
Segundo analistas, se não fosse
o sucesso dos leilões para substituição dos títulos cambiais que
vencem na próxima quarta-feira,
o dólar poderia ter subido ainda
mais. Em dois leilões feitos ontem, o Banco Central (BC) fez a
rolagem de 87,9% do vencimento
de U$ 1,3 bilhão.
"O dia poderia ter sido uma daquelas sextas-feiras boas, com o
resultado dos leilões do BC e os
boatos de novas emissões internacionais. Isso levaria o dólar a
cair, assim como aconteceu depois das outras rolagens", disse
Alan Gandelman, da corretora
Ágora Sênior.
A principal explicação dada pelos analistas para a alta do dólar é
que os investidores preferem, em
um momento de crise, migrar para opções consideradas de menor
risco, como os títulos da dívida
dos Estados Unidos.
"Ninguém sabe quando a guerra vai começar ou terminar. Investir em países emergentes nesses casos costuma ser a última opção", acredita Gandelman.
Segundo Luiz Henrique Barros,
do banco Fibra, a alta também foi
causada pela especulação no mercado. "Foi um movimento exagerado. Apesar das notícias externas
ruins, os leilões do BC foram dentro da expectativa e praticamente
não houve novidades internas."
Para Marco Franklin, sócio-diretor da ARX Capital Management, a retomada do crédito internacional pelas empresas e bancos brasileiros é um dos indícios
de que, caso a situação internacional não piore, o dólar voltará a
cair. "Os investidores estão procurando os títulos das empresas
brasileiras, e isso pode ser comprovado pelo resultado das últimas emissões, onde a demanda
foi monumental. Foi um dia ruim
dentro de um mês excelente", disse Franklin.
Gandelman acredita que a queda maior da moeda dos EUA ainda depende de como serão os próximos lances no cenário externo.
"O dólar está voltando para os níveis reais e o mercado está acreditando no país, mas ainda restam
algumas dúvidas quanto às reformas, por exemplo. Seria bom que
uma guerra não afetasse nossos
fluxos externos, mas não estamos
sozinhos. O país está se recuperando, mas pode ser que haja uma
pedra no meio do caminho."
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