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São Paulo, sábado, 18 de janeiro de 2003

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MERCADO TENSO

Moeda dos EUA fecha primeira semana em alta no governo Lula; cotação bateu em R$ 3,38, alta de 2,27%

Temor de guerra empurra preço do dólar

GEORGIA CARAPETKOV
DA REPORTAGEM LOCAL

O risco de uma guerra contra o Iraque e as más notícias a respeito da economia norte-americana derrubaram os mercados internacionais ontem e fizeram o dólar subir 2,27% e fechar cotado a R$ 3,38. Apesar de ainda acumular queda de 4,65% desde o início do ano, a moeda norte-americana subiu 2,42% na semana. Foi a primeira semana do governo Lula em que a moeda dos EUA fechou em alta.
A desvalorização dos títulos externos brasileiros fez o risco-país subir 2,68% para 1.303 pontos.
"A questão da guerra chegou em um momento que o dólar caiu muito e o mercado começou a empurrar para o preço a possibilidade do conflito", disse Rodrigo Trotta, do banco Banifi Primus.
Segundo analistas, se não fosse o sucesso dos leilões para substituição dos títulos cambiais que vencem na próxima quarta-feira, o dólar poderia ter subido ainda mais. Em dois leilões feitos ontem, o Banco Central (BC) fez a rolagem de 87,9% do vencimento de U$ 1,3 bilhão.
"O dia poderia ter sido uma daquelas sextas-feiras boas, com o resultado dos leilões do BC e os boatos de novas emissões internacionais. Isso levaria o dólar a cair, assim como aconteceu depois das outras rolagens", disse Alan Gandelman, da corretora Ágora Sênior.
A principal explicação dada pelos analistas para a alta do dólar é que os investidores preferem, em um momento de crise, migrar para opções consideradas de menor risco, como os títulos da dívida dos Estados Unidos.
"Ninguém sabe quando a guerra vai começar ou terminar. Investir em países emergentes nesses casos costuma ser a última opção", acredita Gandelman.
Segundo Luiz Henrique Barros, do banco Fibra, a alta também foi causada pela especulação no mercado. "Foi um movimento exagerado. Apesar das notícias externas ruins, os leilões do BC foram dentro da expectativa e praticamente não houve novidades internas."
Para Marco Franklin, sócio-diretor da ARX Capital Management, a retomada do crédito internacional pelas empresas e bancos brasileiros é um dos indícios de que, caso a situação internacional não piore, o dólar voltará a cair. "Os investidores estão procurando os títulos das empresas brasileiras, e isso pode ser comprovado pelo resultado das últimas emissões, onde a demanda foi monumental. Foi um dia ruim dentro de um mês excelente", disse Franklin.
Gandelman acredita que a queda maior da moeda dos EUA ainda depende de como serão os próximos lances no cenário externo. "O dólar está voltando para os níveis reais e o mercado está acreditando no país, mas ainda restam algumas dúvidas quanto às reformas, por exemplo. Seria bom que uma guerra não afetasse nossos fluxos externos, mas não estamos sozinhos. O país está se recuperando, mas pode ser que haja uma pedra no meio do caminho."


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