São Paulo, terça-feira, 18 de janeiro de 2005

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CONTAS VIGIADAS

Na Justiça, Geoplan obtém acesso a cotas de fundo que tinha no banco; ela é controlada pelo Bank of America

Empresa ganha direito a resgate do Santos

GUILHERME BARROS
EDITOR DO PAINEL S.A.

O Bank of America está prestes a comprar uma briga com os interventores do Banco Central no Banco Santos. A Geoplan, empresa de saneamento controlada pelo Bank of America, ganhou na Justiça Federal o direito de resgatar suas cotas administradas num dos fundos do Banco Santos.
Em 22 de dezembro de 2004, o valor das cotas do Fundo Virtual FAQ correspondia a R$ 1,258 milhão, que foi o valor da aplicação da Geoplan. Ontem, a Geoplan foi informada pelo advogado Almir Bastos, da equipe de intervenção do Banco Central no Banco Santos, que seriam depositados hoje apenas R$ 25 mil na conta da empresa para cumprir a determinação da Justiça. O resto do dinheiro virou pó.
O advogado Gustavo Buffara, que representa a Geoplan, considera ilegal a decisão do BC e afirmou que, hoje, irá pedir à Justiça Federal que interceda na decisão. Segundo Buffara, o interventor do Banco Central no Banco Santos teria de levar em conta a última cotação do fundo publicada pela instituição, que foi no dia 22 de novembro, e não o valor da cota depois da intervenção. "A repactuação das cotas é ilegal", afirma Buffara.
De acordo com o que a Folha apurou com o Banco Central, o grande problema é que ele não pode pagar apenas um cotista e sacrificar todos os demais, já que as cotas estavam com o valor inflado antes da intervenção. "Nós temos de trabalhar com o sonho, e não com a realidade", afirmou Almir Bastos ao advogado da Geoplan. As garantias das aplicações nos fundos eram precárias e, por isso, as cotas dos fundos se desvalorizaram tanto. O Banco Santos, como administrador dos fundos, deverá entrar nos próximos dias com uma ação contra todos os seus devedores.

Interventor
A situação atual do Banco Santos é semelhante à enfrentada pela Argentina: está nas mãos dos credores a solução -ou não- da crise enfrentada pela instituição sob intervenção do Banco Central desde novembro. A avaliação é de Vânio Aguiar, funcionário do BC que comanda a intervenção. Está sendo negociada com os credores uma saída para convencê-los a aceitar receber apenas uma parte do que lhes é devido.


Colaborou Ney Hayashi da Cruz, da Sucursal de Brasília


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