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Arrecadação aumenta 11% em 2007
Receita com tributos federais soma R$ 615,5 bi; mesmo sem CPMF, governo teria arrecadado R$ 25 bi a mais do que em 2006
Brasileiros pagaram R$ 1,7 bi em tributos por dia; secretário da Receita credita alta da arrecadação ao crescimento da economia
JULIANA ROCHA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A arrecadação do governo federal somou R$ 615,5 bilhões
no ano passado, um crescimento de 11% em relação ao ano anterior, já descontada a inflação
medida pelo IPCA. Ou seja, os
brasileiros pagaram, por dia,
R$ 1,7 bilhão em impostos. Se o
governo não tivesse a CPMF
em 2007, a arrecadação ainda
teria sido R$ 25 bilhões mais alta que a de 2006.
Mesmo com o aumento de
arrecadação maior do que a expectativa do governo para o
crescimento econômico do
país, em torno de 5% para o ano
passado, o secretário da Receita
Federal, Jorge Rachid, esquivou-se de comentar a possibilidade de crescimento da carga
tributária em 2007.
"O que mais pesa para as pessoas e para as empresas não é a
carga, e sim a alíquota que é paga. E isso não mudou no ano
passado. Não tivemos nenhum
aumento de alíquota de impostos nos últimos dois, três anos",
disse o secretário.
Nos primeiros dias de janeiro, o governo elevou as alíquotas do IOF (Imposto sobre
Operações Financeiras) e da
CSLL (Contribuição Social sobre o Lucro Líquido) para compensar o fim da CPMF.
A mordida do Receita Federal pesou principalmente no
bolso em 2007. A receita com o
Imposto de Renda da Pessoa
Física aumentou 54%, para R$
14 bilhões, já descontando a inflação. Rachid citou que grande
parte deste aumento no volume de impostos pagos por pessoas físicas foi gerado por ganhos com investimentos na
Bolsa de Valores (que cresceu
116%) e na alienação de bens
como, por exemplo, a venda de
imóveis (que cresceu 213%). A
receita previdenciária foi de R$
156,8 bilhões, 11,5% maior que
no ano anterior.
Rachid justificou que o aumento de arrecadação foi gerado pelo crescimento da economia brasileira e pela maior lucratividade das empresas, além
do crescimento do nível de emprego formal e renda. E ressaltou a arrecadação de R$ 3,7 bilhões com os processos de
abertura de capital em Bolsa de
Valores, os chamados IPOs. O
Imposto de Renda de Pessoa
Jurídica foi responsável pela
entrada de R$ 71,3 bilhões nos
cofres do governo, 20,6% a
mais que em 2006.
O secretário disse, ainda, que
a Receita apertou a fiscalização,
reduzindo a possibilidade de
sonegação. Segundo ele, os cofres públicos receberam R$
13,7 bilhões em multas e juros
de impostos não pagos anteriormente, 30% a mais que no
ano anterior.
Pacote tributário
Gilberto Braga, professor do
Ibmec-RJ, disse que o aumento
de arrecadação do governo federal prova que o governo não
precisava ter lançado o pacote
tributário com aumento de impostos. Para ele, bastaria "um
pequeno ajuste nas despesas
públicas".
Mais pessimista, Gustavo
Zimmermann, especialista em
tributação da Unicamp, lembra
que grande parte das receitas
da União têm um destino já garantido por lei. Por isso, ele
aposta que 2008 será um ano
de pouca bonança para o governo, mesmo com arrecadação
maior. "O governo vai ter, sim,
que cortar gastos como disse
que faria. Politicamente, não é
fácil fazer cortes em ano eleitoral", afirmou.
Rachid admitiu que o governo espera que a arrecadação
mantenha o mesmo ritmo de
crescimento do ano passado, da
ordem de 12% ao mês. Mas
lembrou que deste volume deve ser descontada a CPMF. Só
com o imposto do cheque, a receita foi de R$ 37,2 bilhões no
ano passado, 10% maior que a
do ano anterior.
Este resultado foi melhor
que a expectativa do governo
com o imposto do cheque em
2007, de R$ 36 bilhões. Este
ano, se a CPMF ainda fosse cobrada, a projeção era arrecadar
R$ 38 bilhões.
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