São Paulo, sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

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Menos qualificados têm 85% das vagas

Maior parte do 1,6 milhão de postos criados em 2007 ficou com trabalhadores com escolaridade até o ensino médio completo

Estado de São Paulo foi responsável por uma em cada três vagas abertas no ano passado; resultado no país foi o melhor da história

JULIANNA SOFIA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O Estado de São Paulo gerou no ano passado 611.539 empregos com carteira assinada, superando seu próprio recorde de unidade da Federação que mais cria vagas formais no país. Pelo menos uma em cada três vagas abertas no país em 2007 foi registrada no mercado de trabalho paulista.
Ontem, o Ministério do Trabalho confirmou que o ano passado foi o melhor para o emprego formal nos últimos 15 anos. Foi gerado 1,617 milhão de postos, dos quais 85% foram ocupados por trabalhadores com escolaridade até o ensino médio completo. A Folha apurou ainda que a renda média dos trabalhadores contratados no mercado formal ficou em R$ 643, o que representa um aumento real de 3,12% em relação à dos admitidos em 2006.
O resultado do mercado formal de 2007, antecipado pelo governo no começo da semana, ultrapassou a marca histórica de 2004, ano em que o mercado de trabalho contabilizou a abertura de 1,523 milhão de empregos. No caso do mercado de São Paulo, o recorde anterior também havia ocorrido em 2004, com o saldo líquido de 497.652 empregos.
Nas projeções do Ministério do Trabalho, neste ano deverá ser criado mais 1,8 milhão de postos. "Sou mais otimista que os meus técnicos e acho que pode chegar a 2 milhões", declarou o ministro Carlos Lupi.
Na avaliação dele, nem mesmo os riscos de uma recessão na economia americana deverão afetar a geração de empregos no Brasil. "Não afirmo que não vai afetar de jeito nenhum. É preocupante, mas o Brasil hoje não depende tanto dos americanos porque a demanda interna é muito forte."
Os dados divulgados ontem fazem parte do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados). O cadastro reúne informações sobre todos os trabalhadores formais, exceto funcionários públicos e empregados domésticos. O levantamento é feito pelo ministério, mensalmente, desde 1992.
Para o economista da LCA Consultoria Fábio Romão, os números vultosos de 2007 já eram esperados, embora a última previsão da consultoria apontasse para uma geração líquida de 1,689 milhão. Ele explica que, diante da aceleração nas contratações entre setembro e novembro, os analistas esperavam que o saldo negativo de dezembro fosse menor.
No mês passado, as demissões superaram as contratações em 319.414 vagas. A retração do mercado de trabalho é normal nos meses de dezembro, pois há concentração de demissões por conta das contratações temporárias. "Mas essas demissões não indicam uma tendência de desaceleração do mercado. Seria cedo para falar nisso", afirma Romão. Para 2008, a LCA prevê criação de 1,550 milhão de vagas.

Setores
O setor que mais gerou empregos em termos absolutos, de acordo com o Caged, foi o de serviços. Foram 587.103 novos postos, o que é um recorde histórico. Em segundo lugar, aparece o comércio, com a criação de 405.091 empregos. Na terceira posição, vem a indústria da transformação, que apresentou resultado de 394.584 postos.
A construção civil surpreendeu e, em termos relativos, foi o setor com a maior taxa de crescimento. No ano, foram gerados 176.755 empregos, quase o dobro do número apurado em 2006. Para o presidente do SindusCon-SP, João Cláudio Robusti, o resultado "comprova o bom momento do setor". A entidade destaca que o Estado de São Paulo foi o que mais gerou empregos na construção civil, compensando outras localidades em que o saldo foi negativo.


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