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São Paulo, terça-feira, 18 de fevereiro de 2003

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VAREJO

Carrefour oferece entrega de táxi; Pão de Açúcar dá empréstimo a cliente

Redes "turbinam" serviço para crescer

André Sarmento/Folha Imagem
Compras de clientes de loja do Carrefour em SP são colocadas em táxi para serem entregues por conta da rede de supermercados


ADRIANA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Sem tanto estardalhaço, Carrefour e Pão de Açúcar, as duas maiores redes de supermercados do país, abriram novas frentes de batalha na área de serviços para ganhar mercado. Com pouco barulho, ressaltam os analistas, e sem trazer tantas vantagens aos bolsos dos consumidores.
A cadeia francesa Carrefour decidiu oferecer táxi de graça aos consumidores em pontos-de-venda de grande movimento. Cada loja da rede decide como e para quem oferecerá o serviço, alvo de uma campanha promovida por algumas lojas. Até então, a rede não fazia entregas em vários de seus pontos.
Os supermercados Sé, do grupo Pão de Açúcar, "turbinaram" o cartão de fidelidade da marca. Com a participação do ABN Amro Bank, a cadeia enviou nas últimas semanas cartas aos consumidores avisando-os sobre a liberação de recursos para emprestar aos clientes que usam o cartão.
Mas isso só para uma parcela de consumidores, escolhida pelas empresas, informa o banco. "Ao concentrar as campanhas em certas lojas ou em nichos específicos de consumidores, as redes centram a atenção em um cliente que pode estar "abandonado" ou que tem "desprezado" as grandes redes em prol das lojas de vizinhança, que têm crescido muito", diz Antonio Marques Coutinho, consultor de varejo de alimentos.
Na prática, é difícil analisar estratégias de forma isolada, já que fazem parte de um plano de ação de cada rede. Partindo desse raciocínio, essa ação do Pão de Açúcar reforça uma nova linha de atuação da companhia: fazer crescer o braço financeiro do grupo, sem que isso distancie a companhia de seu foco, que é a venda.
A rede oferece uma linha de saques para os clientes do Sé, com liberação automática do dinheiro -é feito o depósito dos recursos apenas com um telefonema- e taxas de juros de 10,5% ao mês, superior àquela cobrada no cheque especial dos bancos.
Em janeiro de 2003, o mercado trabalhava com taxas de 10,18% para uso da linha de cheque especial, segundo a Anefac, entidade que faz esse levantamento.
"Para a loja, o negócio é dos melhores. Agrega valor à imagem da companhia, pois é mais um serviço, e o banco ainda capta novas operações de crédito com clientes com ficha limpa", diz Miguel José Ribeiro de Oliveira, presidente do comitê de finanças da Anefac. O banco é quem decide as taxas de juros e libera os recursos, e não o supermercado.
"A taxa é exorbitante e o uso da linha tem de ser muito bem pensado", diz Oliveira. Segundo o Pão de Açúcar, o saque emergencial não é empréstimo pessoal, tem um limite baixo e deve ser usado só para pequenas emergências. Para a Anefac, a operação se caracteriza como empréstimo.

Viagem de "graça"
Na tentativa de reforçar a área de serviços ao cliente, há lojas do Carrefour tentando agradar ao consumidor pagando táxis aos clientes. Agora a facilidade tomou ares de campanha, mas é necessário se informar com a loja antes de aceitar o serviço.
Nem tudo é de graça. No Carrefour Anchieta, paga-se R$ 7 pelo táxi para viagens de até dez quilômetros, ou R$ 4 caso a viagem seja feita por um táxi comum. Para corridas superiores a essa distância, o taxímetro é ligado. E mais: só vale para compras superiores a R$ 100.
Na loja do Limão, zona norte de São Paulo, para até dez quilômetros a viagem de táxi é de graça. Mas o serviço é para compras acima de R$ 150. Mais do que isso, paga-se o preço de mercado.
As ações podem fortalecer a imagem das redes, que atuam num setor com resultados pífios. Em 2002, o volume de vendas do varejo no Brasil recuou 0,68% sobre o ano de 2001, segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).


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