São Paulo, quarta-feira, 18 de fevereiro de 2004

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EXUBERÂNCIA NACIONAL

Ganho de R$ 3,152 bilhões é 33% superior ao de 2002

Itaú obtém maior lucro da história

SANDRA BALBI
DA REPORTAGEM LOCAL

O Itaú lidera o ranking dos ganhos dos bancos em 2003, com um lucro recorde de R$ 3,152 bilhões - o maior da história do sistema financeiro.
O resultado é 33% superior ao de 2002 e reflete o balanço consolidado da holding do grupo, que inclui, ainda, os bancos BBA e Fiat e a financeira Fináustria.
A rentabilidade do Itaú foi de 26,53%, calculada com base no patrimônio líquido de dezembro de 2003. Mas, pelo método americano, que leva em conta a média do patrimônio líquido ao longo do ano, a rentabilidade chegou a 30,1%. "É a maior rentabilidade entre os grandes bancos do país", diz Carlos Coradi, presidente da consultoria EFC.
Até setembro, a rentabilidade média do setor bancário era de 17%, segundo o Banco Central. "O Itaú sempre teve e vem tendo resultados acima da média do sistema", afirma Roberto Setubal, presidente do grupo.
O resultado do Itaú, considerado excepcional pelos analistas, foi obtido em um ano em que a taxa básica de juros da economia, a Selic, sofreu um corte de dez pontos percentuais, caindo de 26,5% para 16,5%, entre junho e dezembro.
"Juros mais baixos não impedem um retorno elevado. Os resultados do Itaú não se devem a um evento específico [juros ou câmbio]", diz Setubal.
Segundo Coradi, o lucro do banco nasceu de um aumento de 29% do resultado da intermediação financeira (receitas menos despesas de intermediação), que totalizou R$ 10,9 bilhões.
Também contribuíram as receitas obtidas com tarifas, de R$ 5,121 bilhões. Pelas contas de Coradi, as tarifas cobradas pelo Itaú em 2003 cobriram toda a folha de salários da instituição, inclusive encargos, e ainda sobraram 61% do valor arrecadado. "Em 2002, as tarifas cobriram os gastos com salários com uma sobra de 39%."
Setubal explicou que o desempenho do ano passado é resultado da integração das últimas aquisições do Itaú -os bancos BBA e Fiat e a financeira Fináustria. Segundo ele, do lucro de R$ 3,152 bilhões, o Itaú-BBA contribuiu com R$ 732 milhões. O crescimento da área de seguro, capitalização e previdência também ajudou agregando R$ 600 milhões no lucro.
Além disso, houve uma forte redução de custos, segundo Setubal. As despesas com intermediação financeira caíram 76,6% - de R$ 14,9 bilhões em 2002 para R$ 3,4 bilhões ano passado. Nessa conta estão todos os gastos de um banco para captar recursos, suas despesas financeiras e empréstimos.
Coradi diz que "o Itaú brecou as operações de crédito", e o resultado foi uma queda de 57% nas despesas com essas operações. O banco, na verdade, ficou mais seletivo nos empréstimos.
João Augusto Frota Salles, analista da Lopes Filho, diz que o Itaú privilegiou pequenas e médias empresas na concessão de crédito, o que fomentou seu lucro. "O "spread" nesse segmento é maior do que nas operações com grandes empresas, que têm poder de barganha para obter juro menor."
"Spread" é a diferença entre a taxa de juro que o banco paga para captar recursos no mercado e a que cobra ao emprestar dinheiro.
Também alimentaram os ganhos do Itaú a valorização dos títulos públicos em 2003 e a redução dos provisionamentos para possíveis perdas por inadimplência, segundo Salles.


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