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EXUBERÂNCIA NACIONAL
Ganho de R$ 3,152 bilhões é 33% superior ao de 2002
Itaú obtém maior lucro da história
SANDRA BALBI
DA REPORTAGEM LOCAL
O Itaú lidera o ranking dos ganhos dos bancos em 2003, com
um lucro recorde de R$ 3,152 bilhões - o maior da história do
sistema financeiro.
O resultado é 33% superior ao
de 2002 e reflete o balanço consolidado da holding do grupo, que
inclui, ainda, os bancos BBA e Fiat
e a financeira Fináustria.
A rentabilidade do Itaú foi de
26,53%, calculada com base no
patrimônio líquido de dezembro
de 2003. Mas, pelo método americano, que leva em conta a média
do patrimônio líquido ao longo
do ano, a rentabilidade chegou a
30,1%. "É a maior rentabilidade
entre os grandes bancos do país",
diz Carlos Coradi, presidente da
consultoria EFC.
Até setembro, a rentabilidade
média do setor bancário era de
17%, segundo o Banco Central.
"O Itaú sempre teve e vem tendo
resultados acima da média do sistema", afirma Roberto Setubal,
presidente do grupo.
O resultado do Itaú, considerado excepcional pelos analistas, foi
obtido em um ano em que a taxa
básica de juros da economia, a Selic, sofreu um corte de dez pontos
percentuais, caindo de 26,5% para 16,5%, entre junho e dezembro.
"Juros mais baixos não impedem um retorno elevado. Os resultados do Itaú não se devem a
um evento específico [juros ou
câmbio]", diz Setubal.
Segundo Coradi, o lucro do
banco nasceu de um aumento de
29% do resultado da intermediação financeira (receitas menos
despesas de intermediação), que
totalizou R$ 10,9 bilhões.
Também contribuíram as receitas obtidas com tarifas, de R$
5,121 bilhões. Pelas contas de Coradi, as tarifas cobradas pelo Itaú
em 2003 cobriram toda a folha de
salários da instituição, inclusive
encargos, e ainda sobraram 61%
do valor arrecadado. "Em 2002, as
tarifas cobriram os gastos com salários com uma sobra de 39%."
Setubal explicou que o desempenho do ano passado é resultado
da integração das últimas aquisições do Itaú -os bancos BBA e
Fiat e a financeira Fináustria. Segundo ele, do lucro de R$ 3,152 bilhões, o Itaú-BBA contribuiu com
R$ 732 milhões. O crescimento da
área de seguro, capitalização e
previdência também ajudou agregando R$ 600 milhões no lucro.
Além disso, houve uma forte redução de custos, segundo Setubal.
As despesas com intermediação
financeira caíram 76,6% - de R$
14,9 bilhões em 2002 para R$ 3,4
bilhões ano passado. Nessa conta
estão todos os gastos de um banco
para captar recursos, suas despesas financeiras e empréstimos.
Coradi diz que "o Itaú brecou as
operações de crédito", e o resultado foi uma queda de 57% nas despesas com essas operações. O
banco, na verdade, ficou mais seletivo nos empréstimos.
João Augusto Frota Salles, analista da Lopes Filho, diz que o Itaú
privilegiou pequenas e médias
empresas na concessão de crédito, o que fomentou seu lucro. "O
"spread" nesse segmento é maior
do que nas operações com grandes empresas, que têm poder de
barganha para obter juro menor."
"Spread" é a diferença entre a
taxa de juro que o banco paga para captar recursos no mercado e a
que cobra ao emprestar dinheiro.
Também alimentaram os ganhos do Itaú a valorização dos títulos públicos em 2003 e a redução dos provisionamentos para
possíveis perdas por inadimplência, segundo Salles.
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