São Paulo, quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

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Montadoras dos EUA vão demitir
50 mil

Planos apresentados por GM e Chrysler ao governo americano têm pedidos de ajuda acima do esperado pelo mercado

Proposta da General Motors prevê fechamento de 26 mil postos de trabalho fora dos Estados Unidos; Chrysler diz que não fechará fábricas


Joe Imel - 12.dez.08/Associated Press
Trabalhador em fábrica norte-americana da GM; montadora vai fechar 21 mil postos nos EUA

ANDREA MURTA
DE NOVA YORK

Ao final do prazo concedido pelo governo dos EUA a montadoras nacionais para a entrega de propostas de restruturação, a GM e a Chrysler surpreenderam ontem ao solicitar mais de US$ 21,6 bilhões em novos empréstimos federais, citando uma deterioração maior do que a esperada do mercado automotivo como principal razão. O valor é quase o PIB do Uruguai (US$ 23 bilhões).
A GM afirmou que precisa de mais US$ 16,6 bilhões para sobreviver e anunciou cortes de 47 mil vagas no mundo -26 mil fora dos EUA. Hoje, a empresa mantém 244 mil empregados. A Chrysler pediu US$ 5 bilhões extras em ajuda federal e anunciou cortes de 3.000 vagas (6% da força de trabalho, estimada em mais de 50 mil pessoas).
Os novos pedidos se somam aos US$ 17,4 bilhões de um empréstimo inicial concedido pelo ex-presidente George W. Bush em dezembro. Destes, US$ 9,4 bilhões já foram entregues à GM e US$ 4 bilhões à Chrysler. Os US$ 4 bilhões restantes devem ser liberados para a GM em semanas.
Se o governo conceder também os US$ 16,6 bilhões solicitados ontem, a GM receberá no total cerca de US$ 30 bilhões em fundos públicos apenas para evitar a falência.
O movimento frenético das montadoras em direção à verba extra prova que até agora os esforços de reestruturação não foram bem sucedidos. Os pedidos foram bem acima do esperado -a expectativa era de US$ 3 bilhões pela Chrysler e cerca de US$ 5 bilhões pela GM, com base no que as companhias haviam projetado há dois meses.
A proposta da GM prevê ainda cortar mais 20 mil vagas em 2012, reduzir fábricas de 47 unidades para 33 e vender duas marcas, a Hummer e a Saturn. Se não houver compradores, elas serão extintas.
Já o plano entregue pela Chrysler propõe redução de US$ 700 milhões em custos fixos e venda de US$ 300 milhões em bens no próximo ano. Não está previsto o fechamento de mais fábricas e apenas três dos modelos existentes serão descontinuados -Aspen, Durango and PT Cruiser.
"A reestruturação ordeira e fora de um processo de falência, juntamente com a implementação de nossa proposta de viabilidade -melhorada pela aliança estratégia com a Fiat- é a melhor opção", disse em nota o CEO da companhia, Robert Nardelli. "O empréstimo é a alternativa menos custosa." A Chrysler fez acordo com a Fiat para usar tecnologia da italiana para produzir carros pequenos em troca de 35% de suas ações.
A análise dos pedidos deverá ser a primeira tarefa de um painel de especialistas que o governo de Barack Obama pretende montar para supervisionar a restruturação das automotivas. Ontem, antes mesmo que os planos fosse apresentados, o porta-voz da Casa Branca, Robert Gibbs, sinalizou a liberação dos US$ 4 bilhões restantes do pacote original à GM e disse que "as empresas representam uma parte enorme de nossa base manufatureira". A ansiedade fez as ações da GM fecharem em queda de 12,8% ontem. A Chrysler tem capital fechado. A terceira gigante do setor nos EUA, a Ford, acompanha as negociações, mas não recebeu fundos.


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