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São Paulo, terça-feira, 18 de março de 2003

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GUERRA IMINENTE

Bolsas sobem e petróleo cai com hipótese de vitória rápida dos EUA, que cresceria no segundo semestre

Certeza de conflito impulsiona mercado

DA REDAÇÃO

Na fria lógica de Wall Street, mais do que a guerra, a dúvida acerca dela é que era o problema. Removida a indefinição, os investidores voltaram ao mercado.
A hipótese de uma vitória rápida, que traria a possibilidade de um crescimento econômico mais acelerado no segundo semestre, revigorou as principais Bolsas do planeta, que tiveram um novo dia de altas expressivas. Em um movimento sincronizado, as cotações do petróleo cederam, e os títulos do governo norte-americano recuaram, enquanto o dólar se valorizou ante o euro.
"Os investidores estão agindo baseados na idéia de que a guerra será curta, e a vitória, fácil, o que removeria as incertezas geopolíticas e abriria caminho para uma melhora na economia", disse Marc Chandler, estrategista de câmbio do HSBC em Nova York.
O índice Dow Jones da Bolsa de Nova York fechou em alta de 3,59% e voltou a ficar acima do patamar de 8.000 pontos, tido pelos analistas como a "barreira do pânico". Nos últimos dois meses, o Dow Jones havia permanecido quase que ininterruptamente abaixo de tal nível, chegando a ficar perto de tocar seu mais baixo nível desde a crise asiática (1997).
A Nasdaq, Bolsa de empresas tecnológicas, subiu 3,88% e, depois de dois anos seguidos de perdas maciças, já acumula alta em 2003. O índice mais amplo Standard & Poor's, com as 500 principais empresas dos EUA, ganhou 3,54%.

Virada
A forte recuperação, na verdade, começou na quinta-feira passada, quando os EUA e o Reino Unido já admitiam abandonar os esforços diplomáticos para conquistar o apoio dos opositores ao ataque contra o Iraque.
Desde o seu pico, em 2000, os mercados mundiais passam por uma severa queda, tida como um ajuste após os anos de "exuberância irracional e "ganância infecciosa", como definiu Alan Greenspan, o presidente do Federal Reserve (banco central norte-americano). Algumas ações acabaram tendo desvalorizações excessivas, no entender dos analistas, e a caça de pechinchas seria uma das explicações para a recente retomada.
Outro fator que teria propiciado a virada seria a ação dos especuladores que fazem venda a descoberto ("short-selling"). Esses investidores vendem ações emprestadas, apostando que elas cairão. Mais tarde eles recompram os papéis, por um preço mais baixo, e embolsam a diferença.
Para esses especuladores, agora já não haveria mais espaço para grandes quedas no mercado. Então eles começaram a recomprar ações antes que elas se valorizem demais, senão amargariam prejuízos. "Não estou com mais nada a descoberto. Cobri todas as minhas posições na quinta-feira", afirmou Bill Fleckenstein, diretor da corretora Fleckenstein Capital Management. Para o analista, o que ocorre no momento é uma recomposição de carteiras, e ainda não é possível prever se a retomada se sustentará. "Não dá para saber se [a valorização nas Bolsas" vai durar 15 minutos e subir 5% ou durar três meses e subir 45%."

Europa e Brasil
As Bolsas da Europa iniciaram o dia em baixa, mas, sob a influência de Nova York, acabaram fechando em alta. Londres ganhou 3,35%, Paris subiu 3,35% e Frankfurt teve alta de 3,49%. Com as altas dos últimos três pregões, as ações européias se afastaram do recorde de baixa para os últimos seis anos em que se encontravam.
No Brasil, o movimento foi semelhante. A Bovespa chegou a cair 2%, mas o bom desempenho nos EUA fez o índice encerrar em alta de 0,53%. O dólar oscilou bastante, mas fechou praticamente estável, com alta de 0,23%.
A cotação do petróleo encerrou em queda de 1,27% em Nova York, com o barril valendo US$ 34,53. Em Londres, o barril do tipo Brent sofreu uma queda de 2,16%, para US$ 29,48.


Com agências internacionais


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