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RETOMADA?
Dado é do 1º bimestre
BNDES empresta só R$ 1 bi para estrutura
CHICO SANTOS
DA SUCURSAL DO RIO
Os empréstimos feitos pelo
BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) para obras de infra-estrutura
nos dois primeiros meses deste
ano representaram apenas 6,28%
do total que ele planejou financiar
até dezembro na área. De uma
proposta orçamentária total de
R$ 16,680 bilhões, somente R$
1,048 bilhão foi emprestado em
janeiro e fevereiro.
Os empréstimos do banco para
infra-estrutura cresceram 20%
sobre o mesmo período de 2003,
mas o banco admite que os números ainda são pequenos em relação ao pretendido para todo o
ano de 2004.
Os números do desempenho
operacional do banco estatal que
foram divulgados ontem mostram também que a escassez de
novos pedidos (consultas) para
todas as áreas detectada em janeiro, quando houve queda de 42%,
não se repetiu em fevereiro, quando houve aumento de 37%. No
conjunto do primeiro bimestre,
as consultas estão 7% menores.
Para a direção do banco estatal,
a execução integral do orçamento
para infra-estrutura está subordinada a fatores como a flexibilização do acordo com o FMI (Fundo
Monetário Internacional), a definição de como serão feitas as
PPPs (Parcerias Público-Privadas) e o estabelecimento de regras
claras para todos os setores da infra-estrutura do país.
"Para nós crescermos significativamente em relação ao ano passado precisamos ter um upgrade
institucional. Esse tem sido o esforço do governo federal", disse
Maurício Lemos, diretor da Área
de Infra-Estrutura do banco.
O orçamento do BNDES para
infra-estrutura em 2004 representa um aumento de aproximadamente 160% em relação aos R$ 6,5
bilhões emprestados ao setor em
2003 (excetuando o socorro ao setor elétrico).
O aumento está baseado na
concepção do banco de que o
principal gargalo para a retomada
do crescimento do país está na infra-estrutura, visão compartilhada por todo o governo. O BNDES
avalia também que somente com
inversões maciças do setor público será possível eliminar o gargalo
infra-estrutural.
A ofensiva diplomática que vem
sendo feita pelo presidente Luiz
Inácio Lula da Silva com o objetivo de obter do FMI regras que excluam os investimentos públicos
em infra-estrutura das contas que
resultam no superávit ou déficit
primário está intimamente relacionada com a proposta orçamentária do BNDES.
No âmbito interno, há também
muito a fazer para viabilizar o orçamento. Um dos pontos é modificar a regra que limita os empréstimos do BNDES ao setor público
a 45% do seu patrimônio. Lemos
avalia que essa mudança está diretamente ligada ao sucesso do
pleito ao FMI.
Definir como serão as PPPs e fixar regras para investimentos em
setores como o de saneamento
básico são aspectos também considerados essenciais pelo banco.
Indústria
Os empréstimos em geral do
BNDES em janeiro e fevereiro
cresceram 57% sobre o mesmo
período de 2003, atingindo R$
5,153 bilhões. As aprovações de
novos financiamentos cresceram
31%, somando R$ 3,342 bilhões.
O orçamento total do BNDES para este ano é de R$ 47,3 bilhões.
O diretor Lemos considerou os
números gerais de janeiro e fevereiro "positivos", mas ressalvou
que o crescimento ocorreu sobre
uma base de comparação muito
deprimida.
Lemos disse que o banco está
preocupado com o fraco desempenho dos empréstimos diretos
para grandes projetos industriais.
Eles somaram apenas R$ 208 milhões no primeiro bimestre deste
ano, menos ainda que os parcos
R$ 287 milhões do mesmo período de 2003.
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