|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Emergentes e globalizados mudam aviação
Estudo mundial projeta necessidades de viajantes a partir da movimentação demográfica e da busca por facilidades
Futuro das aéreas será influenciado pela expansão da população internacional, da globalização dos negócios e da migração
MAELI PRADO
DA REPORTAGEM LOCAL
Um futuro no qual os passageiros mais paparicados pelas
companhias aéreas serão executivos brasileiros, indianos,
russos e chineses à procura de
jatos particulares e tratamento
de primeira. Um cenário em
que o extravio de malas é nulo,
com a instalação de modernos
rastreadores nas bagagens.
Essas são algumas das projeções sobre as necessidades do
viajante no ano 2020 traçadas
pelo estudo "Future Traveller
Tribes". A pesquisa, realizada
pela consultoria Henley Centre
HeadlightVision a pedido da
empresa de serviços de reserva
Amadeus, é um exercício futurístico sobre o setor de turismo.
O estudo, obtido pela Folha,
identifica quatro perfis de viajantes, ou quatro "tribos", que
predominarão no setor em
2020: "executivos globais",
"clãs globais" (imigrantes),
"terceira idade ativa" e "trabalhadores cosmopolitas".
O que vem pela frente nesse
setor, de acordo com essa análise, será influenciado pela expansão da população mundial
(crescimento de 1,5 bilhão de
pessoas até 2025, segundo a
ONU), globalização crescente
dos negócios e o aumento da
migração, entre outros fatores.
Na onda da expansão do comércio internacional, aparece
a tribo dos "executivos globais", com destaque para brasileiro e outros viajantes dos
emergentes Brics (Brasil, Rússia, Índia e China). São homens
de negócios que, sem olhar preço, escolherão companhias que
ofereçam luxo e facilidades.
"Esse viajante não quer perder tempo com conexões. Quer
fazer uma conexão imediata
para um jato particular e viajar
para outra cidade. Se desembarca nos EUA, pega um jato
até Atlanta, se é em São Paulo,
pode pegar um helicóptero de
Guarulhos até a avenida Berrini [zona sul de SP]", exemplifica Gustavo Murad, gerente de
negócios para companhias aéreas da Amadeus Brasil. Uma
empresa competitiva, afirma,
deve se antecipar e coordenar
esse tipo de demanda.
As aéreas já vêm olhando esse passageiro com atenção. A
alemã Lufthansa, por exemplo,
construiu um terminal, em
Frankfurt, apenas para passageiros de primeira classe. Conforme a pesquisa, esse mercado
crescerá de 17% do total de passageiros para 33% em 2015.
Clãs globais
Uma referência aos viajantes
brasileiros aparece também
quando se fala dos "clãs globais". Com o aumento da migração, crescerá a quantidade
de pessoas viajando para ver os
parentes em outros países.
Hoje, são 191 milhões de pessoas vivendo fora da terra natal
-número que deve ir a 250 milhões em 2050, prevê a ONU.
"Os clãs globais serão acentuadamente ligados a regiões com
grandes populações de imigrantes", diz o estudo. As "ondas" de migração hoje são de
países da Ásia, da América Latina e da África para os de América do Norte, Europa e Oceania.
Esses passageiros, aponta o
levantamento, priorizarão o
preço em detrimento do conforto, para rever a família, em
viagens de grupos grandes.
"Com mais famílias viajando
juntas, um desafio significativo
será atender às necessidades de
crianças, avôs e até mesmo bisavôs juntos."
Terceira idade
O grupo da "terceira idade
ativa" é formado por pessoas de
50 anos a 75 anos, aposentadas,
com renda disponível e querendo viajar. A expectativa é que a
participação desse grupo cresça por conta do envelhecimento da população mundial: em
2020, a quantidade de idosos
deverá ter triplicado no mundo
(estima-se 700 milhões de pessoas com mais de 65 anos).
"Graças aos avanços da ciência e da medicina, essas pessoas
serão mais saudáveis e mais ativas do que as gerações anteriores da mesma idade. E, com
mais renda disponível, muitas
farão viagens de fim de semana
e escapadas curtas para relaxar
e curtir sua liberdade."
Na avaliação da consultoria,
esse grupo vai priorizar preços
baixos, mas precisará também
de conforto, ou seja, viagens
adaptadas às limitações físicas.
Cosmopolitas
O quarto grupo citado no estudo da Amadeus é apelidado
de "trabalhadores cosmopolitas", ou seja, as pessoas que trabalham em uma cidade mas
moram em outra e viajam com
muita freqüência de avião.
O estudo fala ainda na tendência de queda de empregos
de expediente fixo para apontar para o aumento desses viajantes. Essa tribo procurará eficiência e agilização do check-in, além de acesso à tecnologia,
já que, assim como os executivos globais, tem necessidade de
trabalhar durante a viagem.
Texto Anterior: Vinicius Torres Freire: Lula e o conservadorismo de coalizão Próximo Texto: Avanço tecnológico vai facilitar vida do viajante no ar e na terra Índice
|