São Paulo, domingo, 18 de março de 2007

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Emergentes e globalizados mudam aviação

Estudo mundial projeta necessidades de viajantes a partir da movimentação demográfica e da busca por facilidades

Futuro das aéreas será influenciado pela expansão da população internacional, da globalização dos negócios e da migração

MAELI PRADO
DA REPORTAGEM LOCAL

Um futuro no qual os passageiros mais paparicados pelas companhias aéreas serão executivos brasileiros, indianos, russos e chineses à procura de jatos particulares e tratamento de primeira. Um cenário em que o extravio de malas é nulo, com a instalação de modernos rastreadores nas bagagens.
Essas são algumas das projeções sobre as necessidades do viajante no ano 2020 traçadas pelo estudo "Future Traveller Tribes". A pesquisa, realizada pela consultoria Henley Centre HeadlightVision a pedido da empresa de serviços de reserva Amadeus, é um exercício futurístico sobre o setor de turismo.
O estudo, obtido pela Folha, identifica quatro perfis de viajantes, ou quatro "tribos", que predominarão no setor em 2020: "executivos globais", "clãs globais" (imigrantes), "terceira idade ativa" e "trabalhadores cosmopolitas".
O que vem pela frente nesse setor, de acordo com essa análise, será influenciado pela expansão da população mundial (crescimento de 1,5 bilhão de pessoas até 2025, segundo a ONU), globalização crescente dos negócios e o aumento da migração, entre outros fatores.
Na onda da expansão do comércio internacional, aparece a tribo dos "executivos globais", com destaque para brasileiro e outros viajantes dos emergentes Brics (Brasil, Rússia, Índia e China). São homens de negócios que, sem olhar preço, escolherão companhias que ofereçam luxo e facilidades.
"Esse viajante não quer perder tempo com conexões. Quer fazer uma conexão imediata para um jato particular e viajar para outra cidade. Se desembarca nos EUA, pega um jato até Atlanta, se é em São Paulo, pode pegar um helicóptero de Guarulhos até a avenida Berrini [zona sul de SP]", exemplifica Gustavo Murad, gerente de negócios para companhias aéreas da Amadeus Brasil. Uma empresa competitiva, afirma, deve se antecipar e coordenar esse tipo de demanda.
As aéreas já vêm olhando esse passageiro com atenção. A alemã Lufthansa, por exemplo, construiu um terminal, em Frankfurt, apenas para passageiros de primeira classe. Conforme a pesquisa, esse mercado crescerá de 17% do total de passageiros para 33% em 2015.

Clãs globais
Uma referência aos viajantes brasileiros aparece também quando se fala dos "clãs globais". Com o aumento da migração, crescerá a quantidade de pessoas viajando para ver os parentes em outros países.
Hoje, são 191 milhões de pessoas vivendo fora da terra natal -número que deve ir a 250 milhões em 2050, prevê a ONU. "Os clãs globais serão acentuadamente ligados a regiões com grandes populações de imigrantes", diz o estudo. As "ondas" de migração hoje são de países da Ásia, da América Latina e da África para os de América do Norte, Europa e Oceania.
Esses passageiros, aponta o levantamento, priorizarão o preço em detrimento do conforto, para rever a família, em viagens de grupos grandes. "Com mais famílias viajando juntas, um desafio significativo será atender às necessidades de crianças, avôs e até mesmo bisavôs juntos."

Terceira idade
O grupo da "terceira idade ativa" é formado por pessoas de 50 anos a 75 anos, aposentadas, com renda disponível e querendo viajar. A expectativa é que a participação desse grupo cresça por conta do envelhecimento da população mundial: em 2020, a quantidade de idosos deverá ter triplicado no mundo (estima-se 700 milhões de pessoas com mais de 65 anos).
"Graças aos avanços da ciência e da medicina, essas pessoas serão mais saudáveis e mais ativas do que as gerações anteriores da mesma idade. E, com mais renda disponível, muitas farão viagens de fim de semana e escapadas curtas para relaxar e curtir sua liberdade."
Na avaliação da consultoria, esse grupo vai priorizar preços baixos, mas precisará também de conforto, ou seja, viagens adaptadas às limitações físicas.

Cosmopolitas
O quarto grupo citado no estudo da Amadeus é apelidado de "trabalhadores cosmopolitas", ou seja, as pessoas que trabalham em uma cidade mas moram em outra e viajam com muita freqüência de avião.
O estudo fala ainda na tendência de queda de empregos de expediente fixo para apontar para o aumento desses viajantes. Essa tribo procurará eficiência e agilização do check-in, além de acesso à tecnologia, já que, assim como os executivos globais, tem necessidade de trabalhar durante a viagem.


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