São Paulo, domingo, 18 de março de 2007

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Laboratório do primeiro motor a álcool convive hoje com o abandono

FÁBIO AMATO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SÃO JOSÉ DOS CAMPOS

No prédio da Divisão de Propulsão Aeronáutica, em São José dos Campos (SP), onde em 1975 foi desenvolvido o primeiro motor a álcool do país, chama a atenção a presença de um telefone analógico, daquele em que é preciso girar um disco para fazer a ligação.
Emblemático agora que o álcool ganha o mundo, o setor está abandonado desde a segunda metade da década de 80. Ele pertence ao CTA (Comando Geral de Tecnologia Aeroespacial), ligado à Aeronáutica. Dos 160 funcionários do final dos anos 70, restam 30.
Os equipamentos utilizados pelos técnicos são praticamente os mesmos da época do Proálcool. Um dos funcionários remanescentes desse tempo, o engenheiro Paulo Sérgio Ewald, 54, conta que até o início dos anos 80 o setor realizou importantes pesquisas com combustíveis alternativos -como o desenvolvimento de motor a álcool para ônibus e caminhões e o uso do combustível em turbinas.
A equipe foi pioneira nos testes com combustíveis a base de óleos vegetais e com biodiesel. Foram estudados óleos de babaçu, mamona, soja, amendoim e marmeleiro.
A partir de 1990, no entanto, os pesquisadores se dedicaram a apenas um projeto: a adaptação dos motores a pistão dos aviões T-25 para voar a álcool. Sem verba, não foi concluído.
Em 2000, a Neiva, subsidiária da Embraer, interessou-se pelo motor a álcool. Foram necessários três anos para adaptar a tecnologia ao Ipanema, avião de pulverização agrícola, vendido desde 2005.
"Com todos os holofotes em cima do álcool, espero que aqui, na aeronáutica, tenhamos apoio do governo", desabafa Ewald.


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