São Paulo, sexta-feira, 18 de abril de 2008

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Emprego formal bate recorde, mas governo prevê desaceleração

No 1º trimestre, 554 mil vagas com carteira assinada foram geradas, aumento de 39% sobre o mesmo período de 2007

Para ministro, 2008 deverá ser o melhor ano do emprego formal, apesar de prever efeitos negativos da alta dos juros a partir de setembro

JULIANNA SOFIA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O número de trabalhadores contratados com carteira assinada no primeiro trimestre do ano atingiu um novo recorde: 554.440 vagas. De acordo com o Ministério do Trabalho, o saldo de vagas no período foi 39% superior ao dos três primeiros meses do ano passado, mas a alta dos juros anunciada pelo Banco Central pode comprometer o ritmo de contratações a partir de setembro.
Ainda assim, na avaliação do ministro Carlos Lupi (Trabalho), 2008 deverá ser o melhor ano do emprego formal, com a geração de 1,8 milhão de postos. Mas o ministro acrescenta que, se houver novas elevações na taxa de juros, o nível do emprego formal no próximo ano deverá ser prejudicado e poderá ficar abaixo do resultado esperado para este ano.
"É um erro esse aumento. Foi precipitado, na minha avaliação, mas essa é a autonomia do Banco Central. No médio prazo, vai ter impacto no emprego. Nos próximos três meses, no entanto, ainda haverá um crescimento forte do emprego formal", disse o ministro, ao divulgar os dados do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados).
As informações do cadastro são publicadas mensalmente pelo Ministério do Trabalho desde 1992. O Caged abrange todos os trabalhadores com carteira assinada, exceto empregados domésticos. Também não entram nos dados servidores públicos e trabalhadores temporários.
No trimestre, todos os setores da economia registraram um aumento das contratações (veja quadro nesta página). Nos serviços, foram obtidos os melhores resultados, sendo gerados 212.590 postos. A indústria da transformação aparece em segundo lugar, com 146.246 novas vagas. A construção civil (99.654 postos), no entanto, foi o setor que apresentou o melhor resultado em termos relativos, com um aumento de 6,5% no nível de emprego.
Entre as regiões, apenas o Nordeste exibiu números negativos, com a redução de 36.365 postos no período. O resultado foi influenciado principalmente por fatores típicos da época no complexo sucroalcooleiro. Já o Sudeste foi a que mais contratou trabalhadores, atingido 365.244 novos postos.
O ministro explicou que a demanda interna está muito aquecida, permitindo o crescimento "consistente" do emprego de forma generalizada. "Na indústria da transformação, percebemos que ainda há potencial de maior crescimento da produção e do emprego, porque ainda não atingimos o mesmo patamar de crescimento do ano passado. O teto ainda não foi alcançado, por isso, não há risco de inflação", declarou.

Março
Somente no mês passado, o saldo de vagas no mercado formal foi de 206.556 empregos. O número é o maior para meses de março e ficou 41% acima do recorde anterior, que foi em março de 2007. Lupi destacou que todos os setores bateram suas melhores marcas para o mês, exceto a indústria da transformação.
Também na análise mensal dos dados verifica-se que a construção civil, em termos relativos, ficou com o melhor desempenho (2,09%). "É a compra da casa própria, novas edificações, mas também o PAC [Programa de Aceleração do Crescimento]", declarou Lupi.


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