|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Lobão quer mudanças na Lei do Petróleo para ampliar royalties
PEDRO SOARES
ROBERTO MACHADO
DA SUCURSAL DO RIO
O ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, defendeu
ontem, na sede da Petrobras,
no Rio, uma revisão da Lei do
Petróleo para as atividades de
exploração e produção com o
objetivo de ampliar os royalties
que incidem sobre campos de
alta produtividade e alterar o
modelo de concessão de blocos.
Depois da descoberta do
imenso potencial das áreas do
chamado pré-sal, executivos da
Petrobras já tinham vindo a público defender a revisão do
marco regulatório.
"Na minha opinião, sempre
se poderá aperfeiçoar a lei. Não
defendo a mudança só por causa do pré-sal. A lei precisa ser
aperfeiçoada em si mesma.
Precisamos garantir mobilidade ao modelo, ao marco regulatório", disse Lobão.
Segundo ele, o governo federal também precisa ser "melhor
contemplado" na partilha dos
recursos obtidos com a produção de petróleo. A Lei do Petróleo (de 1997) quebrou o monopólio da Petrobras e estabeleceu o atual sistema.
O ministro fez referência a
duas mudanças distintas. Nas
áreas com muito petróleo -e
que oferecem grande rentabilidade-, as empresas que operam os campos são obrigadas a
repassar ao governo parte de
seus lucros. São as chamadas
participações especiais. Em
comparação com outros países,
esse percentual é baixo no Brasil (em média, 60%).
A segunda mudança refere-se ao atual modelo de exploração, que prevê a concessão pública das áreas, através de leilões e pagamentos de bônus.
Pelo atual regime, as empresas
são donas da produção de óleo e
podem comercializá-la livremente.
Produção compartilhada
Após a descoberta do pré-sal,
o presidente da Petrobras, José
Sergio Gabrielli, defendeu mudanças e acrescentou que os
modelos de produção compartilhada e prestação de serviços
seriam mais adequados.
No primeiro modelo, o Estado se apropria de parte da produção de óleo e a comercializa.
No segundo, as empresas operam os campos, são remuneradas por isso, mas a propriedade
do petróleo é do Estado.
Ontem, questionado se defendia as duas alterações, o ministro de Ministro de Minas e
Energia afirmou que o ideal seria ter "um pouco de mudança
no modelo [de concessão] e
mais repasses [das participações especiais a que o governo
tem direito]".
O ministro deixou claro, porém, que não defendia nenhum
tipo de quebra de contrato: "A
concessão pode ser atualizada,
melhorada. Não se quer mudar
a regra com o jogo em andamento. Tudo o que se vier a fazer será para o futuro [para os
novos campos a serem licitados]. Todos os parceiros [empresas privadas que exploram
petróleo no Brasil] terão de ter
regras estabelecidas e claras".
O diretor-geral da Agência
Nacional de Petróleo, Haroldo
Lima, tem se manifestado contra as mudanças no modelo de
exploração e favoravelmente
ao aumento das participações
especiais a que o Estado tem direito. Representantes e executivos do setor privado também
temem mudanças na lei.
Carioca
Sobre as reservas do campo
de Carioca, na bacia de Santos
(SP), nem o ministro nem Gabrielli confirmaram o volume
de 33 bilhões de barris anunciado pelo diretor-geral da ANP.
"Estamos no processo de
perfuração. Nossa sonda ainda
está trabalhando. Portanto não
temos condições de confirmar
volumes de óleo na acumulação
Carioca", disse Gabrielli. Ressaltou, porém, que "o potencial
exploratório do pré-sal como
um todo era muito grande".
Para Lobão, não existem
comprovações sobre o volume
das reservas do pré-sal. "Foram
feitas 15 perfurações. Isso dá
uma idéia mais nítida do que
existe, mas não conclusiva nem
definitiva. Pela responsabilidade do Ministério de Minas e
Energia e da Petrobras, não se
pode adiantar uma informação
que não esteja devidamente
comprovada. Até porque os diretores da Petrobras respondem até criminalmente se
transmitirem informações que
não sejam comprovadas."
Texto Anterior: Frase Próximo Texto: Economia informal cresce acima do PIB Índice
|