São Paulo, sexta-feira, 18 de abril de 2008

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Produção de cana cresce 16% na região centro-sul

Usinas moerão o recorde de 498,1 mi de toneladas

MAURO ZAFALON
DA REDAÇÃO

O mercado sucroalcooleiro não tem os bons preços de há dois anos. Mesmo assim, a oferta de cana-de-açúcar aumenta neste ano e as usinas vão moer o recorde de 498,1 milhões de toneladas na safra que se inicia na região centro-sul.
A forte atração que o setor despertou em investidores nos últimos anos fez com que a oferta de cana para moagem aumentasse e chegasse a esse volume. Apenas neste ano entram em operação 32 novas usinas, somando 84 nos últimos quatro anos.
Com isso, a safra terá matéria-prima mais jovem, com a média de vida da cana a ser cortada recuando para pouco mais de três anos. A mecanização da colheita também aumenta e deve superar 50% da área a ser colhida, segundo Antonio de Padua Rodrigues, diretor-técnico da Unica (União da Indústria de Cana-de-Açúcar).
Um pouco atrasada devido às chuvas, a safra 2008/9 terá rendimento 1% menor do que o da anterior, quando a queda também havia sido de 1% em relação ao período 2006/7. Padua explica que a mecanização aumenta as impurezas, provocando menor eficiência.
A nova remodelação do sistema canavieiro, devido aos novos investimentos, deve tirar do Paraná o posto de segundo maior produtor do centro-sul, lugar que poderá ser ocupado por Minas Gerais ou Goiás. Neste ano, entram em operação 10 novas unidades em Goiás, 4 em Minas Gerais e apenas 1 no Paraná. Em São Paulo serão 13 novas usinas.
As projeções iniciais da Unica indicam que 58% da cana a ser moída irá para a produção de álcool, que deve subir para 24,3 bilhões de litros neste ano, 19% a mais do que em 2007/8.
A produção de álcool anidro, puxada pelas exportações para os Estados Unidos, cresce 6%. Já a de hidratado, devido ao avanço no número de carros flex, sobe 27%. Os outros 42% serão destinados à produção de açúcar, que sobe 9%, para 28,6 milhões de toneladas.
Padua diz que, do volume de álcool a ser produzido, 3,9 bilhões de litros irão para o exterior, 27% a mais do que em 2007/8. Já as exportações de açúcar somam 18,9 milhões de toneladas, com alta de 15%.

Alimento ou combustível?
Os biocombustíveis, que eram a salvação na busca por novas fontes energéticas, passaram a vilões recentemente. Além de roubar área de produção de alimentos, essa energia não é tão limpa como se diz, na avaliação de alguns.
Marcos Jank, presidente da Unica, diz que, antes de condenar o processo de produção de biocombustíveis, é preciso conhecê-lo melhor. No Brasil, essa discussão não tem fundamento, porque o combustível vem da cana-de-açúcar. Com a utilização de apenas 1% da área agrícola, o produto gera combustível para a substituição de 50% de toda a gasolina utilizada pelo país.
Já nos Estados Unidos e na Europa, onde as matérias-primas utilizadas são outras, a discussão pode ter um pouco de fundamento, diz Jank.
Sobre a discussão de que a cana empurra o boi para a floresta amazônica, Jank diz que, "com cana ou sem cana, o desmatamento da Amazônia estaria ocorrendo". Há falta de regulamentação e de fiscalização na região, segundo ele.


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