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Produção de cana cresce 16% na região centro-sul
Usinas moerão o recorde de 498,1 mi de toneladas
MAURO ZAFALON
DA REDAÇÃO
O mercado sucroalcooleiro
não tem os bons preços de há
dois anos. Mesmo assim, a oferta de cana-de-açúcar aumenta
neste ano e as usinas vão moer
o recorde de 498,1 milhões de
toneladas na safra que se inicia
na região centro-sul.
A forte atração que o setor
despertou em investidores nos
últimos anos fez com que a
oferta de cana para moagem
aumentasse e chegasse a esse
volume. Apenas neste ano entram em operação 32 novas
usinas, somando 84 nos últimos quatro anos.
Com isso, a safra terá matéria-prima mais jovem, com a
média de vida da cana a ser cortada recuando para pouco mais
de três anos. A mecanização da
colheita também aumenta e
deve superar 50% da área a ser
colhida, segundo Antonio de
Padua Rodrigues, diretor-técnico da Unica (União da Indústria de Cana-de-Açúcar).
Um pouco atrasada devido às
chuvas, a safra 2008/9 terá rendimento 1% menor do que o da
anterior, quando a queda também havia sido de 1% em relação ao período 2006/7. Padua
explica que a mecanização aumenta as impurezas, provocando menor eficiência.
A nova remodelação do sistema canavieiro, devido aos novos investimentos, deve tirar
do Paraná o posto de segundo
maior produtor do centro-sul,
lugar que poderá ser ocupado
por Minas Gerais ou Goiás.
Neste ano, entram em operação 10 novas unidades em
Goiás, 4 em Minas Gerais e apenas 1 no Paraná. Em São Paulo
serão 13 novas usinas.
As projeções iniciais da Unica indicam que 58% da cana a
ser moída irá para a produção
de álcool, que deve subir para
24,3 bilhões de litros neste ano,
19% a mais do que em 2007/8.
A produção de álcool anidro,
puxada pelas exportações para
os Estados Unidos, cresce 6%.
Já a de hidratado, devido ao
avanço no número de carros
flex, sobe 27%. Os outros 42%
serão destinados à produção de
açúcar, que sobe 9%, para 28,6
milhões de toneladas.
Padua diz que, do volume de
álcool a ser produzido, 3,9 bilhões de litros irão para o exterior, 27% a mais do que em
2007/8. Já as exportações de
açúcar somam 18,9 milhões de
toneladas, com alta de 15%.
Alimento ou combustível?
Os biocombustíveis, que
eram a salvação na busca por
novas fontes energéticas, passaram a vilões recentemente.
Além de roubar área de produção de alimentos, essa energia
não é tão limpa como se diz, na
avaliação de alguns.
Marcos Jank, presidente da
Unica, diz que, antes de condenar o processo de produção de
biocombustíveis, é preciso conhecê-lo melhor. No Brasil, essa discussão não tem fundamento, porque o combustível
vem da cana-de-açúcar. Com a
utilização de apenas 1% da área
agrícola, o produto gera combustível para a substituição de
50% de toda a gasolina utilizada pelo país.
Já nos Estados Unidos e na
Europa, onde as matérias-primas utilizadas são outras, a discussão pode ter um pouco de
fundamento, diz Jank.
Sobre a discussão de que a cana empurra o boi para a floresta
amazônica, Jank diz que, "com
cana ou sem cana, o desmatamento da Amazônia estaria
ocorrendo". Há falta de regulamentação e de fiscalização na
região, segundo ele.
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