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TURBULÊNCIA
Ao lado da Turquia, país se mostra mais vulnerável por concentrar a maior parte dos investidores, afirmam analistas
Volatilidade deve atingir mais o Brasil
CÍNTIA CARDOSO
DA REPORTAGEM LOCAL
O Brasil e a Turquia devem ser
os mais afetados no sobe-e-desce
dos mercados emergentes. Ambos mostram-se mais vulneráveis
ao crescimento do sentimento de
aversão ao risco, justamente por
serem os que possuem a maior
concentração de investidores.
"A curto prazo, principalmente
os mercados de moeda brasileiro
e turco devem ser os mais atingidos", disse à Folha Tulio Vera, estrategista de títulos da dívida de
países emergentes do Merrill
Lynch em Nova York.
A volatilidade crescente do humor do investidores em relação a
esses países está relacionada com
a possibilidade de aperto da política monetária americana. Novas
altas de juros nos EUA tornam investimentos em papéis americanos mais rentáveis e acabam deslocando a atenção de aplicações
nos emergentes.
Na análise de Vera, no caso dos
mercados de ação, os países do
Bric (Brasil, Rússia, Índia e China)
são bastante suscetíveis às variações no ânimo dos investidores
nas próximas semanas. México e
África do Sul também podem se
mostrar vulneráveis.
Saturação
Os mercados emergentes, sobretudo o segmento de dívida soberana, mantêm um ritmo forte
de atratividade.
Dados da EmergingPortifolio.com revelam que os investidores em fundos de ações desses países já aplicaram US$ 33 bilhões no
acumulado do ano até o último
dia 10. A cifra supera o valor total
investido no ano passado.
O temor é que o aquecimento
seja um indicador de que a euforia com alocações em ativos de
países emergentes esteja próxima
do fim.
A Pimco, corretora americana
especializada em negociações
com papéis de dívida soberana,
avaliou em relatório recente que o
Bric e países com perfil semelhante estão se aproximando de um
nível de "saturação" aos olhos dos
investidores. Uma velocidade
maior ou menor de saída dos
emergentes será ditada pelo ritmo
que o Fed (banco central dos
EUA) vai imprimir a novas altas
da taxa de juros.
A posição do banco Merrill
Lynch é a de não projetar um ciclo
de elevação dos juros americanos.
Mesmo assim, Vera argumenta
que os emergentes vão, sim, passar por um período de "ajustes" e
de "correções" típico de um arrefecimento de um período de expansão que já dura três anos. Aliada a isso está também uma queda
da liqüidez mundial.
"Mas é cedo para dizer que é o
final do jogo para os emergentes",
afirmou Vera.
Segundo o economista Walter
Molano, do BCP Securities, o clima ainda está favorável para os
emergentes apesar dos recentes
tropeços, tais como a alta do risco-país e a desvalorização das
moedas desses países ante o dólar.
Com um viés mais otimista,
Molano avalia que o quadro atual
de volatilidade é de curtíssimo
prazo e que deve terminar nas
próximas semanas.
Ele avalia que México, Colômbia e Venezuela, em razão de conflitos na política interna desses
países, devem sofrer algum revés
um pouco mais forte. Segundo
Molano, o Brasil e a Argentina serão afetados, mas estão numa posição um pouco mais confortável
por causa das fortes vendas externas de commodities.
Para ele, o maior fator de instabilidade entre os investidores é a
falta de confiança no novo presidente do Fed, Ben Bernanke. "Ele
envia sinais contraditórios para o
mercado, mas vai ser forçado a
elevar os juros. Bernanke ainda
tem pouca credibilidade, é novo
no cargo e precisa ser testado."
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