São Paulo, sexta-feira, 18 de maio de 2007

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FMI admite ter falhado ao orientar países sobre câmbio

Conclusão está em relatório sobre atuação desde 1999

VINICIUS ALBUQUERQUE
EPAMINONDAS NETO

DA FOLHA ONLINE

O FMI (Fundo Monetário Internacional) "simplesmente não foi tão eficiente quanto necessário em suas análises e aconselhamentos" sobre política cambial e em seu diálogo com as autoridades dos países-membros no período de 1999 a 2005. A afirmação consta em relatório do IEO (Escritório Independente de Avaliação, na sigla em inglês, órgão independente da gerência do Fundo, mas que é ligado a seu comitê executivo), divulgado ontem.
Segundo o relatório, a IEO reconheceu que a qualidade do aconselhamento oferecido pelo FMI no período melhorou e citou "muitos exemplos de boas análises e equipes dedicadas", mas acrescenta que "houve uma falta de envolvimento efetivo nas questões de taxa cambial em muitos casos".
A partir da pesquisa, o IEO identificou "uma necessidade de revalidar o propósito fundamental da vigilância das taxas cambiais feita pelo FMI e, assim, esclarecer os papéis que se espera que o Fundo e os países-membros desempenhem".
O FMI declarou, no entanto, que, "como o documento não aborda iniciativas específicas na área [de aconselhamento sobre política cambial] lançadas desde 2005, sua aplicabilidade fica um pouco reduzida". Para o Fundo, as conclusões do IEO "não estão completamente apoiadas em provas".
O documento foi feito com base na revisão dos dois últimos relatórios do FMI sobre cada um de seus países-membros no período até 2005, na análise dos conselhos dados pelo Fundo a um grupo de 30 países-membros e em entrevistas com autoridades de cada país e representantes do Fundo. O IEO também considerou dois levantamentos entre bancos centrais e ministérios das áreas econômicas de cada país.

No relatório, a consultoria critica a forma como o Fundo agiu durante mudanças na economia dos países sob intervenção, em períodos, por exemplo, em que ocorrem entradas de grandes fluxos de capital.
"Permitir uma apreciação nominal [da moeda local] pode facilitar o controle monetário [da inflação], mas pode afetar negativamente o desempenho das exportações e o crescimento [econômico]", diz o IEO.
O diretor-gerente do FMI, Rodrigo Rato, disse que desde 2005 o Fundo adotou diversas medidas para ampliar a eficiência no aconselhamento sobre políticas cambiais. "Entre os esforços estão o reforço da vigilância sobre as taxas cambiais nos mercados emergentes, integração maior do setor financeiro em nossas análises e a abordagem de questões de importância global", afirmou.


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