São Paulo, sexta-feira, 18 de maio de 2007

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Ex-ministro quer fim de corte manual de cana

Para Rodrigues, colheita devia estar mecanizada

JUCIMARA DE PAUDA
DA FOLHA RIBEIRÃO

Roberto Rodrigues, ex-ministro da Agricultura e co-presidente da Comissão Interamericana do Etanol, propôs ontem a extinção dos bóias-frias e do corte manual da cana-de-açúcar. "O trabalho do cortador de cana é pesado e tem que ser abolido", afirmou Rodrigues, durante seminário em Ribeirão Preto, cuja região é a maior produtora de cana do país.
A mesma proposta foi apresentada por Rodrigues anteontem na primeira reunião da Comissão Estadual de Bioenergia montada pelo governador José Serra.
Segundo o ex-ministro, toda a colheita de cana já deveria ser mecanizada -uma lei estadual prevê o fim gradativo do corte manual até 2031. Rodrigues disse que a área plantada no Estado cuja colheita não pode ser mecanizada, por ter topografia irregular demais, não ultrapassa 10% do total. Nessas áreas, disse ele, poderiam ser desenvolvidas a plantação de frutas, extração de borracha ou produção de madeira, com a qualificação e o aproveitamento dos atuais cortadores de cana nessas atividades.
"Se o Estado montasse um programa de substituição de cultura por essas três atividades, que permitem a agregação de valor, a gente treinaria essa mão-de-obra para sair do corte de cana e cuidar de outras culturas", afirmou.
Rodrigues disse ainda que a humanização do setor teria grandes chances de sucesso porque poderia contar com a participação das cooperativas de fornecedores de cana que já atuam nessas regiões.
No final de abril, reportagem publicada pela Folha destacou pesquisa da professora da Unesp Maria Aparecida de Moraes Silva mostrando que a rotina imposta aos cortadores de cana faz com eles tenham uma vida útil de trabalho inferior à dos escravos.
Rodrigues sugeriu que o governo paulista crie um programa para estimular essas mudanças no setor canavieiro: "O governo pode criar proposta de financiamento e com isto matamos três coelhos com uma cajadada só: elimina o corte manual, cria atividade que agrega renda ao trabalhador e ao agricultor e reduz a concentração de monocultura".
O ex-ministro defende que essas mudanças sejam implementadas neste momento para aproveitar a expansão do setor canavieiro.
Por meio de nota, a assessoria de imprensa do governo informou que a proposta do ex-ministro vai ser estudada pelo conselho "com muito cuidado".


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