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Ex-ministro quer fim de corte manual de cana
Para Rodrigues, colheita devia estar mecanizada
JUCIMARA DE PAUDA
DA FOLHA RIBEIRÃO
Roberto Rodrigues, ex-ministro da Agricultura e co-presidente da Comissão Interamericana do Etanol, propôs ontem
a extinção dos bóias-frias e do
corte manual da cana-de-açúcar. "O trabalho do cortador de
cana é pesado e tem que ser
abolido", afirmou Rodrigues,
durante seminário em Ribeirão
Preto, cuja região é a maior produtora de cana do país.
A mesma proposta foi apresentada por Rodrigues anteontem na primeira reunião da Comissão Estadual de Bioenergia
montada pelo governador José
Serra.
Segundo o ex-ministro, toda
a colheita de cana já deveria ser
mecanizada -uma lei estadual
prevê o fim gradativo do corte
manual até 2031. Rodrigues
disse que a área plantada no Estado cuja colheita não pode ser
mecanizada, por ter topografia
irregular demais, não ultrapassa 10% do total. Nessas áreas,
disse ele, poderiam ser desenvolvidas a plantação de frutas,
extração de borracha ou produção de madeira, com a qualificação e o aproveitamento dos
atuais cortadores de cana nessas atividades.
"Se o Estado montasse um
programa de substituição de
cultura por essas três atividades, que permitem a agregação
de valor, a gente treinaria essa
mão-de-obra para sair do corte
de cana e cuidar de outras culturas", afirmou.
Rodrigues disse ainda que a
humanização do setor teria
grandes chances de sucesso
porque poderia contar com a
participação das cooperativas
de fornecedores de cana que já
atuam nessas regiões.
No final de abril, reportagem
publicada pela Folha destacou
pesquisa da professora da
Unesp Maria Aparecida de Moraes Silva mostrando que a rotina imposta aos cortadores de
cana faz com eles tenham uma
vida útil de trabalho inferior à
dos escravos.
Rodrigues sugeriu que o governo paulista crie um programa para estimular essas mudanças no setor canavieiro: "O
governo pode criar proposta de
financiamento e com isto matamos três coelhos com uma
cajadada só: elimina o corte
manual, cria atividade que
agrega renda ao trabalhador e
ao agricultor e reduz a concentração de monocultura".
O ex-ministro defende que
essas mudanças sejam implementadas neste momento para
aproveitar a expansão do setor
canavieiro.
Por meio de nota, a assessoria de imprensa do governo informou que a proposta do ex-ministro vai ser estudada pelo
conselho "com muito cuidado".
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