|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Cortador de cana morreu após 70 dias de trabalho
DA FOLHA RIBEIRÃO
O trabalhador Juraci Barbosa, que morreu com 39 anos em
29 de junho de 2006, trabalhou
70 dias sem folga entre 15 de
abril e 26 de junho. Além disso,
ele cortou um volume de cana
bem superior à média diária de
dez toneladas nos dias que antecederam sua morte.
Essas são as conclusões do
Ministério Público do Trabalho
após analisar as condições de
trabalho de Barbosa, cuja morte é uma das 19 suspeitas de terem ocorrido por exaustão provocada pelo trabalho desde
2004 nos canaviais paulistas.
Os dados foram extraídos da
ficha do trabalhador. Ele morreu depois de sentir-se mal em
casa e ser levado ao hospital de
Jaborandi. O atestado de óbito
diz que a morte ocorreu "por
causa desconhecida".
Durante um mês ele cortou,
em média, dez toneladas por
dia de cana, mas a quantidade
variou em alguns. "Chama a
atenção o fato de, no dia 21 de
abril, ele ter cortado 24,6 toneladas de cana em apenas um
dia. E no dia 28 de junho, um
dia antes da morte, 17,4 toneladas", afirmou o médico trabalhista João Amancio Batista,
que avaliou todos os documentos apresentados pela usina São
José, empregadora de Barbosa.
De acordo com Mário Antônio Gomes, procurador do
MTP, foram instaurados inquéritos para verificar as condições de trabalho nas usinas
em que houve morte de trabalhadores. Os procedimentos resultaram em termos de compromisso e ações com objetivo
de fazer as usinas cumprirem
as normas trabalhistas.
O procurador disse que existem grupos de pesquisadores
de universidades avaliando a
rotina do trabalhador rural.
"Temos indícios de que as mortes foram causadas por exaustão, mas, cientificamente, não
temos nada e por isto o interesse desses pesquisadores é importante", afirmou.
Texto Anterior: Frase Próximo Texto: Aviação 1: BRA e OceanAir apostam no interior do país Índice
|