São Paulo, terça-feira, 18 de maio de 2010

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China compra empresas de energia no Brasil por R$ 3 bi

Concessionárias de transmissão elétrica pertenciam a empresas espanholas

Se aprovado pela Aneel, será maior investimento do gigante asiático no Brasil; petrolíferas e mineradoras também miram país

FABIANO MAISONNAVE
DE PEQUIM

A gigante elétrica chinesa State Grid anunciou anteontem um acordo para a compra de sete concessionárias de energia no Brasil, atualmente sob o controle das espanholas Cobra, Elecnor e Isolux.
Se ratificado pela Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), o negócio será o maior investimento do país asiático já feito no Brasil.
A compra, de R$ 3,097 bilhões, envolve a aquisição de todas as ações das seguintes empresas transmissoras de energia, segundo comunicado da empresa: Ribeirão Preto, Serra Paracatu, Poços de Caldas, Itumbiara e Serra da Mesa.
A estatal chinesa de energia elétrica deve ter ainda 75% da Expansión Transmissão de Energia Elétrica e da Expansión Itumbiara Marimbondo. Em ambos os casos, a espanhola Abengoa, que tem os demais 25%, tem um prazo de 60 dias para contestar o acordo.
Até agora, o maior investimento chinês no país é a compra da mineradora da Itaminas por US$ 1,2 bilhão, em março, adquirida pela ECE, também estatal.
Caso aprovada pela Aneel, a transação marcará também a entrada da State Grid no Brasil. Maior empresa de transmissão de energia do mundo, a estatal é responsável pelo abastecimento de 88% do território chinês, o país mais populoso do mundo, com pouco mais de 1,3 bilhão de pessoas.
O interesse da State Grid e de outras estatais chinesas no Brasil marca uma nova onda de investimentos asiáticos no país, iniciada no final do ano passado, em que as cifras deixaram a casa dos milhões para passar à dos bilhões.
O projeto mais ambicioso são as negociações entre a EBX, do empresário Eike Batista, e a Wisco, gigante estatal da mineração, para construir o Complexo Siderúrgico de Açu. O investimento, estimado em cerca de US$ 5 bilhões, teria 70% de participação chinesa.
As negociações ocorrem depois da compra, no final do ano passado, de 21,52% da MMX, de Batista, pela Wisco, um negócio de US$ 400 milhões.
As estatais chinesas também estão demonstrando interesse pelo petróleo, que, como o minério de ferro, é considerado fundamental para que o país asiático mantenha o seu ritmo de crescimento.

Bacia de Campos
Na semana passada, o jornal americano "Wall Street Journal" revelou que duas petroleiras estatais chinesas, a Cnooc (a maior produtora de petróleo "offshore" da China) e a Sinochem, fizeram duas propostas separadas para a compra de 40% do campo Peregrino, na bacia de Campos, hoje pertencente à norueguesa Statoil.
Ainda de acordo com a publicação, o resultado da venda deve sair em breve. Procuradas pela reportagem da Folha desde a semana passada, nenhuma das empresas se manifestou sobre o assunto.
Até o início do ano, os investimentos pesados chineses só ficavam na promessa. A situação começou a mudar no primeiro trimestre de 2010, quando a China ficou em 5º lugar, atrás de EUA, Bermudas, Países Baixos e França.
O maior investimento do trimestre foi entre a Wisco e o grupo de Eike Batista.


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