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País tem de se libertar da taxa alta, diz Alencar
LEILA SUWWAN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O vice-presidente José Alencar -na interinidade de Presidência da República- voltou ontem a fazer duras críticas às taxas de juros, defendeu um
engajamento da sociedade para que o Brasil possa "se libertar" da cultura de juros altos e disse que, em termos de investimentos, o país "não tem dinheiro para nada".
É a segunda vez que na interinidade -Lula está em Assunção- que Alencar critica a política de juros do governo. Hoje, o Copom anuncia a decisão
sobre a taxa básica.
Em discurso ontem à noite para cerca de 500 pessoas na CNI (Confederação Nacional da Indústria), Alencar também voltou a questionar a competência do Copom. "Qualquer um que tenha feito um curso pequeno de matemática financeira sabe projetar para onde vai uma economia
que concorda com esse tratamento", disse Alencar, que foi
aplaudido de pé. "É claro que o
governo sabe disso e está preocupado e absolutamente consciente", completou.
Alencar lembrou que o país
estava, antes de Lula assumir a
Presidência, em uma "situação
caótica" e que "há um tempo
para cada coisa". Porém considera seu dever desempenhar o
"esforço hercúleo" de combater a cultura de aceitação aos
juros altos.
"Não é o Copom, coitados.
Eles estão lá trabalhando, são
honestos, estão lutando, mas o
negócio deles é que eles estão
presos." E continuou: "Tenho
razão de sobra para ter uma
preocupação maior com a taxa
de juros. Eu sei ao que leva uma
taxa de juros exagerada pesando sobre a economia."
Segundo Alencar, a decisão
política que ele defende é de
"engajamento nacional".
O vice-presidente, que havia
aberto o discurso dizendo ter
"jurado" a sua mulher, Mariza,
que não falaria de juros, acabou
por apresentar o que considerou a "saída" correta para o
país.
"Precisamos nos libertar. E,
para isso, não podemos de forma nenhuma levar a uma solução heterodoxa, não-clássica.
Uma solução, por exemplo, de
moratória, de calote, de rompimento unilateral de contratos.
Não é nada disso, não. A nossa
saída existe. Nós temos que
acabar com o nosso constrangimento cambial. Não precisar
desses dólares que estão aí e
que entram e saem e que participam desse lucro gigantesco
que nossa economia dá", disse.
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