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São Paulo, quarta-feira, 18 de junho de 2003

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País tem de se libertar da taxa alta, diz Alencar

LEILA SUWWAN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O vice-presidente José Alencar -na interinidade de Presidência da República- voltou ontem a fazer duras críticas às taxas de juros, defendeu um engajamento da sociedade para que o Brasil possa "se libertar" da cultura de juros altos e disse que, em termos de investimentos, o país "não tem dinheiro para nada".
É a segunda vez que na interinidade -Lula está em Assunção- que Alencar critica a política de juros do governo. Hoje, o Copom anuncia a decisão sobre a taxa básica.
Em discurso ontem à noite para cerca de 500 pessoas na CNI (Confederação Nacional da Indústria), Alencar também voltou a questionar a competência do Copom.
"Qualquer um que tenha feito um curso pequeno de matemática financeira sabe projetar para onde vai uma economia que concorda com esse tratamento", disse Alencar, que foi aplaudido de pé. "É claro que o governo sabe disso e está preocupado e absolutamente consciente", completou.
Alencar lembrou que o país estava, antes de Lula assumir a Presidência, em uma "situação caótica" e que "há um tempo para cada coisa". Porém considera seu dever desempenhar o "esforço hercúleo" de combater a cultura de aceitação aos juros altos.
"Não é o Copom, coitados. Eles estão lá trabalhando, são honestos, estão lutando, mas o negócio deles é que eles estão presos." E continuou: "Tenho razão de sobra para ter uma preocupação maior com a taxa de juros. Eu sei ao que leva uma taxa de juros exagerada pesando sobre a economia."
Segundo Alencar, a decisão política que ele defende é de "engajamento nacional".
O vice-presidente, que havia aberto o discurso dizendo ter "jurado" a sua mulher, Mariza, que não falaria de juros, acabou por apresentar o que considerou a "saída" correta para o país.
"Precisamos nos libertar. E, para isso, não podemos de forma nenhuma levar a uma solução heterodoxa, não-clássica. Uma solução, por exemplo, de moratória, de calote, de rompimento unilateral de contratos. Não é nada disso, não. A nossa saída existe. Nós temos que acabar com o nosso constrangimento cambial. Não precisar desses dólares que estão aí e que entram e saem e que participam desse lucro gigantesco que nossa economia dá", disse.


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