São Paulo, segunda-feira, 18 de junho de 2007

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Clube de investimento populariza Bolsa

Bovespa tem recorde na criação de clubes de investimentos, que chegam a 1.821, com patrimônio de R$ 11,1 bilhões

Com visão de mais longo prazo, associações são conservadoras e costumam render mais que os fundos referenciados no Ibovespa

TONI SCIARRETTA
DA REPORTAGEM LOCAL

Juntar colegas de trabalho ou amigos com disposição para assumir algum risco e investir em ações nunca foi tão comum. Só em maio, a Bovespa registrou a criação recorde de 80 novos clubes de investimento, uma espécie de condomínio de investidores para negociar ações com pouco dinheiro.
Hoje, os 1.821 clubes de investimento da Bovespa somam um patrimônio de R$ 11,1 bilhões e quase 134 mil cotistas.
Há clubes de universitários, músicos, engenheiros, aposentados, donas-de-casa e até de jogadores de futebol amador. Geralmente, a participação é restrita ao grupo. Em comum, a maioria permitiu a primeira aplicação na Bolsa com pequeno comprometimento financeiro, de forma conservadora.
"Os clubes são quase todos conservadores. Investem só em ações de empresas sólidas, conhecidas que, mesmo se tiverem perdas, não vão desaparecer. Quase nenhum é alavancado ou utiliza derivativos", disse Robson Domingues Queiroz, diretor da Corretora SLW, que somou cem clubes em junho.
"Elegemos o clube de investimento como o melhor instrumento para a popularização do mercado", disse José Roberto Mubarack, da Bovespa.
Para abrir um clube, o grupo deve primeiro procurar a Bolsa ou uma corretora, fazer um estatuto e pedir um CNPJ. Só depois escolhe as ações que farão parte da carteira e decide a melhor estratégia no mercado.
Além do clube de investimento, para negociar ações o novo investidor pode aderir a um fundo de renda variável. A vantagem do clube é que ele permite a participação dos cotistas na gestão, além de um acompanhamento detalhado do desempenho das ações.
Os fundos apenas prestam conta diária dos valores das cotas. Sem falar que as taxas de administração dos fundos costumam ser superiores aos encargos dos clubes.
Muitos investidores dos clubes tomaram gosto pelas ações, que decidiram investir sozinhos por meio dos "homebrokers" (pela internet), como Rodrigo Chen, 26, do Clube do Cofrinho, grupo formado por ex-estudantes de mecatrônica da USP. "Ganhei mais no clube do que no "homebroker". O "homebroker" serve mais para investir em ações que só eu aposto e fazer posições mais curtas."
Fundado em janeiro de 2004, o Cofrinho já rendeu 194% -no mesmo período, um fundo com a composição do Ibovespa teve alta de 125%.
Rendimento acima da média do mercado -leia-se o Ibovespa- também costuma ser a meta da maioria dos clubes. Isso porque vários deles refletem o Ibovespa, mas sem as empresas de maior risco, como as de telecomunicações.
Para dar suporte aos novatos na Bolsa, o INI (Instituto Nacional de Investidores) dispõe de ferramentas e de um banco de dados para analisar o desempenho das empresas.
Segundo Theo Rodrigues, diretor-geral do INI, entre as principais dúvidas dos novatos estão os custos para operar e o risco de perder tudo. "A receita infalível é uma mistura de disciplina para investir, estudar e escolher empresas sólidas. E, principalmente, ter uma visão de longo prazo."


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