DEISE DE OLIVEIRA
DA FOLHA ONLINE

A indústria já acusa o impacto da alta dos preços dos alimentos no consumo. Para o gerente do departamento de economia da Fiesp (Federação das Indústrias de São Paulo), André Ribeiro, a forte desaceleração do nível de emprego na indústria em maio é sinal de que o consumidor está gastando mais com alimentos e menos com produtos industriais.
"A demanda está perdendo força por conta da alta dos preços dos alimentos."
Segundo a Fiesp, o nível de emprego da indústria de transformação do Estado de São Paulo subiu 0,35% (8.000 vagas foram criadas) em maio na comparação com o mês anterior, segundo dados sem ajuste sazonal. Em abril foi de 2,75%, com 62 mil novas vagas.
Os dados com ajuste sazonal mostram que a alta no emprego no mês passado foi de 0,06% (ante alta de 1% em abril).
De acordo com Paulo Francini, diretor do departamento de pesquisas econômicas da Fiesp, o índice dessazonalizado é o menor deste ano e a primeira "batida no zero" desde dezembro, quando as contratações se desaceleram.
"Notávamos acomodação da indústria em relação a outros indicadores. O INA [indicador do nível de atividade da indústria paulista] já apontava isso, que parte do ímpeto estava se perdendo. Não era dramático porque a variação ainda era positiva. (...) O preocupante agora é que a taxa de crescimento passou a ser não-crescimento."
Para ele, os reflexos do aumento da taxa de juros para 12,25% e da valorização na taxa de câmbio não impactaram o emprego industrial. Francini aposta, no entanto, que deve haver maior "acomodação/desaceleração" da indústria.
"Há muitas variáveis atuando juntas. Não dá para saber dos efeitos já em curso. Mas há possibilidade de que no próximo mês o emprego já tenha variação negativa. O difícil é saber se é início de uma tendência. Os fatores apontam para estabilidade", afirma Ribeiro.
A Fiesp espera alta de 3,5% do emprego no ano. No acumulado até maio, a alta é de 4,79%.


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