São Paulo, domingo, 18 de julho de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Argentina culpa abertura por indústria frágil

CLÁUDIA DIANNI
DE BUENOS AIRES

Em meio à onda protecionista da Argentina contra a chamada invasão de eletrodomésticos brasileiros, o governo argentino fez uma autocrítica e culpou a liberalização dos anos 90 pela fragilidade produtiva do país.
"Não foi a competição brasileira, mas a irresponsável aplicação de um programa de liberalização sem instrumentos de regulação estatal que levou o país a essas circunstâncias críticas", disse o subsecretário de Integração Econômica do Ministério das Relações Exteriores da Argentina, Eduardo Sigal, em nota à imprensa.
O diplomata defendeu o Mercosul e disse que foi por causa da criação do bloco que as exportações da Argentina para os países-membros triplicaram desde 1991. "Essas exportações, que em que em 1991 significavam 80 mil postos de trabalho, hoje significam 250 mil", disse.
Um integrante do governo argentino disse à Folha que desde 2001 o país tenta desenvolver uma política industrial e de comércio exterior para fortalecer a indústria local e reduzir a desvantagem competitiva em relação ao Brasil.
Brasil e Argentina têm engavetado um projeto de integração de cadeias produtivas, baseado na divisão do processo produtivo de várias cadeias, cuja produção, tanto para exportação quanto para consumo interno, se complementariam.
Esse é o caminho apontado pelos dois governos para pôr fim às disputas comerciais entre os dois blocos do Mercosul.
O problema é que até agora, com 13 anos de Mercosul, os principais blocos só conseguiram iniciar um único grupo para discutir a integração da produção de móveis e madeira.
"Por enquanto só há um grupo, mas os trabalhos já estão bem avançados", disse o secretário-executivo do Ministério do Desenvolvimento, Marcio Fortes.
Nos bastidores, porém, os governos admitem que vão levar muitos anos até que os dois países integrem a produção. A Argentina teria que recuperar primeiro a sua própria indústria e o mercado interno, depois da crise dos últimos cinco anos, que fez o PIB encolher cerca de 20%.


Texto Anterior: Frase
Próximo Texto: Panorâmica - Crise no ar: Juiz avalia em agosto plano para Avianca
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.