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FOLHAINVEST
MERCADO FINANCEIRO
Focado na meta de inflação, BC deve reduzir a Selic em só 1,5 ponto percentual, dizem especialistas
Para analistas, juros terão corte conservador
MARIA CRISTINA FRIAS
DA REPORTAGEM LOCAL
Mais conservadorismo. Analistas dizem que o corte dos juros
poderia ser mais agressivo, mas
que o Copom (Comitê de Política
Monetária) deve reduzir a taxa
básica, a Selic, em 1,5 ponto percentual na reunião que acaba na
quarta-feira.
Analistas avaliam que o Banco
Central está mais focado nas metas de inflação do que na evidente
debilidade da atividade econômica. E continuaria preocupado em
mostrar credibilidade.
O consenso numa queda de 1,5
ponto percentual refere-se ao que
o mercado acredita que o BC fará,
dado o conservadorismo com que
tem conduzido a política monetária. Não reflete, dizem eles, a taxa
compatível com a inflação e a atividade econômica do país.
O espaço para redução dos juros sem acarretar alta contínua
dos preços, segundo economistas,
seria de, pelo menos, dois pontos
percentuais -essa opinião é dividida até por analistas considerados conservadores.
"A maioria acha que será 1,5
ponto percentual não porque
projeções indiquem que a redução não possa ser maior, mas porque essa é a leitura do conservadorismo com que o BC tem se
comportado. Mas poderia cair até
três pontos percentuais, o que seria uma conta técnica", diz Guilherme da Nóbrega, do Banco Fibra. "Não estão definindo a taxa
consistente com a economia, mas
a que seria boa para mostrar credibilidade", afirma Nóbrega.
"Não há necessidade disso. O
BC já a tem e pagou caro para
conquistá-la", diz Walter Mendes, do Itaú. "O Copom poderia
agora ser menos conservador e
olhar mais para a atividade econômica, que está muito fraca."
Para analistas, o BC continuaria
fiel ao papel clássico de autoridade monetária, mais voltado para o
controle da inflação do que para a
atividade econômica. "Por mais
independente que seja um banco
central, ele deve olhar para o resto", diz Mendes.
Embora considerem natural o
receio de volta da inflação, economistas qualificam de excessivo o
conservadorismo da autoridade
monetária. O BC estaria de novo
olhando para trás, para a inflação
passada, e não para a futura.
A expectativa de inflação para o
ano caiu a 9,9%, abaixo da taxa de
10,8% buscada pelo Banco Central, de acordo com o Relatório de
Inflação de março.
"Eles praticamente tinham
abandonado a meta e, agora, ela
pode estar entrando de novo em
seu alvo", diz Nóbrega. "Estão
dando mais peso à inflação do
que à necessidade de crescimento,
quando a inflação está basicamente resolvida e o país pode
crescer um pouco."
Referência
A Selic é uma referência dada
pelo Banco Central. Ninguém toma dinheiro emprestado a taxas
de juros iguais a Selic. Ela é uma
balizadora das taxas mais longas.
Os juros de longo prazo (360
dias, "swap" pré-DI anualizada),
os mais importantes para a economia, voltaram a cair na semana
passada. Mas a taxa de juros reais
(taxas de um ano, "swap" de 360
dias, em relação à inflação) subiu
pela primeira vez neste ano após a
última reunião do Copom.
"Para empurrar para baixo essa
taxa de um ano, seria preciso um
corte superior a 1,5 ponto percentual. Nesse patamar, a queda poderia ser irrelevante para a atividade econômica", diz Alexandre
Póvoa, do Banco Modal.
"Quanto maior a agressividade,
com consistência, do BC, mais a
curva de juros de um ano tenderá
para baixo." Segundo o economista, os juros reais estão em quase 14% ao ano.
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