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RETOMADA
IBGE diz que alta de janeiro a junho está associada à inflação menor, e não a reajustes salariais; contratações aumentam 0,1%
Folha de pagamento da indústria cresce 9%
MAELI PRADO
DA REPORTAGEM LOCAL
O controle da inflação permitiu
ao trabalhador recuperar poder
de compra no primeiro semestre
deste ano. A folha de pagamento
real da indústria cresceu 8,9% de
janeiro a junho ante mesmo período do ano passado, segundo
divulgou ontem o IBGE. Em relação ao mês anterior, houve alta de
0,7% em junho, a primeira após
três quedas consecutivas.
De janeiro a junho, as contratações cresceram 0,1% na comparação com o mesmo período do ano
passado, a primeira alta no acumulado do ano. Ou seja, os empregos não cresceram na mesma
proporção do total de salários.
"A folha de pagamento real
[descontada a inflação] subiu não
pela quantidade de empregos gerados mas porque neste ano a inflação está mais controlada do
que no ano passado. O deflator
usado neste primeiro semestre é
muito menor do que o de 2003",
diz Isabella Nunes Pereira, gerente de Análise de Conjuntura do
Departamento de Indústria do
IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Ela pondera que essa alta na folha de pagamento da indústria
ainda não está muito associada a
maiores salários. "O poder de barganha do trabalhador ainda está
sendo construído. A taxa de desemprego permanece muito elevada e as vagas criadas são de salários baixos". A folha média, ou
seja, a folha de pagamento real dividida pela quantidade de trabalhadores, cresceu 6,7% em relação
a junho de 2003 e 8,8% no semestre ante igual período de 2003.
Pereira atribui a alta de 0,7% na
folha de pagamento em junho em
relação a maio principalmente ao
crescimento da quantidade de
trabalhadores contratados no
mesmo período, de 0,5%.
O aumento da quantidade de
empregos na indústria em relação
a maio é o segundo consecutivo
nessa comparação.
Setores
O comportamento positivo do
emprego nos setores de máquinas
e equipamentos (alta de 13,7% ante junho do ano passado) e alimentos e bebidas (de 3,6%) ajudou a liderar o crescimento de
1,6% nas contratações em junho
ante o mesmo mês de 2003.
Dos 18 setores pesquisados, 12
apresentaram aumento no total
de vagas com carteira assinada
em junho, com destaque para Minas Gerais (4,6%) e São Paulo
(1,1%). "As contratações voltaram
a subir, o que mostra que o emprego está em trajetória ascendente", afirma Pereira. "Se a atividade industrial continuar crescendo, ou se espalhar para outros
setores, como semiduráveis, poderemos ver índices de emprego
vigorosos", completa.
No acumulado dos últimos 12
meses, ainda houve mais demissões do que admissões, com queda de 0,6% em junho. Apesar disso, o ritmo de queda diminuiu:
em abril e maio os recuos foram,
respectivamente, de 0,9% e 0,8%.
O número de horas pagas aos
trabalhadores da indústria subiu
0,9% em relação a maio.
Anteontem, a Fiesp (Federação
das Indústrias do Estado de São
Paulo) divulgou alta de 0,76% na
quantidade de postos de trabalho
em julho em relação a junho.
A coleta da Pesquisa Industrial
Mensal de Emprego e Salário do
IBGE é realizada mensalmente
nas empresas que possuem unidades locais registradas no CNPJ
(Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica), reconhecidas como industriais pelo Cadastro Central de
Empresas do IBGE.
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