São Paulo, quarta-feira, 18 de agosto de 2004

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RETOMADA

IBGE diz que alta de janeiro a junho está associada à inflação menor, e não a reajustes salariais; contratações aumentam 0,1%

Folha de pagamento da indústria cresce 9%

MAELI PRADO
DA REPORTAGEM LOCAL

O controle da inflação permitiu ao trabalhador recuperar poder de compra no primeiro semestre deste ano. A folha de pagamento real da indústria cresceu 8,9% de janeiro a junho ante mesmo período do ano passado, segundo divulgou ontem o IBGE. Em relação ao mês anterior, houve alta de 0,7% em junho, a primeira após três quedas consecutivas.
De janeiro a junho, as contratações cresceram 0,1% na comparação com o mesmo período do ano passado, a primeira alta no acumulado do ano. Ou seja, os empregos não cresceram na mesma proporção do total de salários.
"A folha de pagamento real [descontada a inflação] subiu não pela quantidade de empregos gerados mas porque neste ano a inflação está mais controlada do que no ano passado. O deflator usado neste primeiro semestre é muito menor do que o de 2003", diz Isabella Nunes Pereira, gerente de Análise de Conjuntura do Departamento de Indústria do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Ela pondera que essa alta na folha de pagamento da indústria ainda não está muito associada a maiores salários. "O poder de barganha do trabalhador ainda está sendo construído. A taxa de desemprego permanece muito elevada e as vagas criadas são de salários baixos". A folha média, ou seja, a folha de pagamento real dividida pela quantidade de trabalhadores, cresceu 6,7% em relação a junho de 2003 e 8,8% no semestre ante igual período de 2003.
Pereira atribui a alta de 0,7% na folha de pagamento em junho em relação a maio principalmente ao crescimento da quantidade de trabalhadores contratados no mesmo período, de 0,5%.
O aumento da quantidade de empregos na indústria em relação a maio é o segundo consecutivo nessa comparação.

Setores
O comportamento positivo do emprego nos setores de máquinas e equipamentos (alta de 13,7% ante junho do ano passado) e alimentos e bebidas (de 3,6%) ajudou a liderar o crescimento de 1,6% nas contratações em junho ante o mesmo mês de 2003.
Dos 18 setores pesquisados, 12 apresentaram aumento no total de vagas com carteira assinada em junho, com destaque para Minas Gerais (4,6%) e São Paulo (1,1%). "As contratações voltaram a subir, o que mostra que o emprego está em trajetória ascendente", afirma Pereira. "Se a atividade industrial continuar crescendo, ou se espalhar para outros setores, como semiduráveis, poderemos ver índices de emprego vigorosos", completa.
No acumulado dos últimos 12 meses, ainda houve mais demissões do que admissões, com queda de 0,6% em junho. Apesar disso, o ritmo de queda diminuiu: em abril e maio os recuos foram, respectivamente, de 0,9% e 0,8%.
O número de horas pagas aos trabalhadores da indústria subiu 0,9% em relação a maio.
Anteontem, a Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) divulgou alta de 0,76% na quantidade de postos de trabalho em julho em relação a junho.
A coleta da Pesquisa Industrial Mensal de Emprego e Salário do IBGE é realizada mensalmente nas empresas que possuem unidades locais registradas no CNPJ (Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica), reconhecidas como industriais pelo Cadastro Central de Empresas do IBGE.


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