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Trabalhador obtém ganho real em 87,5% dos acordos
Percentual de reajuste acima de inflação no 1º semestre supera 2006, que registrou 82%
Resultado das negociações salariais é o melhor em 11 anos no levantamento feito pelo Dieese; aumentos também foram maiores
CLAUDIA ROLLI
DA REPORTAGEM LOCAL
Os ganhos reais chegaram ao
bolso dos trabalhadores em
87,5% dos 280 acordos salariais
firmados no primeiro semestre
deste ano. No ano passado, esse
percentual foi de 81,9% em 271
acordos analisados pelo Dieese.
Três em cada dez acordos no
período trazem aumentos entre 1,01% e 2% acima da inflação medida pelo INPC (Índice
Nacional de Preços ao Consumidor) do IBGE, indicador
mais usado nas negociações.
É o melhor resultado para os
últimos 11 anos, quando o Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos) iniciou levantamento nacional sobre as negociações feitas entre trabalhadores e empregadores. Estão
fora do painel pesquisado os
acordos feitos no setor rural e
no funcionalismo público.
"O que se nota é uma melhora não só na quantidade de
acordos em que o trabalhador
obteve ganhos reais mas também na qualidade desses aumentos concedidos", afirma
José Silvestre Prado de Oliveira, supervisor do Dieese em São
Paulo. No primeiro semestre
do ano passado, 25,5% dos
acordos trouxeram aumentos
no intervalo de 1,01% a 2% acima da inflação. Neste ano, esse
percentual subiu para 32,5%.
"O crescimento contínuo da
economia, a geração de empregos com carteira assinada, a
queda do desemprego e a estabilidade da inflação favorecem
o ambiente das negociações salariais e proporcionam a conquista de aumentos reais mais
expressivos", avalia Clemente
Ganz Lucio, diretor do Dieese.
Os trabalhadores conseguiram no mínimo zerar as perdas
da inflação em 97,1% (ou 272
acordos) das negociações feitas
nos primeiros seis meses deste
ano. Apenas 2,9% (8) dos acordos firmados ficaram abaixo da
inflação. No ano passado, esses
percentuais foram 95,6% e
4,4%, respectivamente.
Por setor econômico, os resultados dos acordos na indústria -setor mais formalizado
da economia, em que são pagos
salários mais elevados- são os
mais favoráveis aos trabalhadores. Nas 111 negociações feitas nesse ramo, 92,8% pagaram
reajustes acima da inflação. No
setor de serviços, 84,8% dos 125
acordos nesse segmento conseguiram aumentos reais. Entre
as 44 negociações salariais de
trabalhadores de comércio,
81,8% foram acima da inflação.
Apesar do melhora nos resultados, os técnicos do Dieese
ressaltam que os salários estão
longe de recuperar as perdas
acumuladas nos últimos anos.
"O desafio para os sindicatos é
saber com que velocidade conseguirão recuperar o poder de
compra dos trabalhadores",
afirma Ganz Lucio.
Em 1998, o rendimento médio real dos assalariados na região metropolitana de São Paulo valia R$ 1.583 (a valores de
janeiro de 2007 deflacionado
pelo ICV do Dieese). Em maio
deste ano, esse mesmo salário
equivalia a R$ 1.192 -portanto,
75% do que era há nove anos.
"A ação das centrais sindicais
com as campanhas salariais
unificadas facilita as negociações, e os números refletem isso. Mas é preciso recuperar
perdas que ocorreram, quando
a inflação chegou a patamares
de 20%, para que o trabalhador
sinta no bolso esses números
positivos da negociação", diz
João Carlos Gonçalves, secretário-geral da Força Sindical.
Na opinião de Luiz Cláudio
Marcolino, presidente do Sindicato dos Bancários de São
Paulo (CUT), os sindicatos têm
ampliado suas pautas e conquistado benefícios, como a
participação nos lucros, que
têm impacto na renda do trabalhador. "Esses benefícios têm
de ser estendidos em acordos
nacionais."
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