São Paulo, sábado, 18 de agosto de 2007

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Trabalhador obtém ganho real em 87,5% dos acordos

Percentual de reajuste acima de inflação no 1º semestre supera 2006, que registrou 82%

Resultado das negociações salariais é o melhor em 11 anos no levantamento feito pelo Dieese; aumentos também foram maiores

CLAUDIA ROLLI
DA REPORTAGEM LOCAL

Os ganhos reais chegaram ao bolso dos trabalhadores em 87,5% dos 280 acordos salariais firmados no primeiro semestre deste ano. No ano passado, esse percentual foi de 81,9% em 271 acordos analisados pelo Dieese.
Três em cada dez acordos no período trazem aumentos entre 1,01% e 2% acima da inflação medida pelo INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor) do IBGE, indicador mais usado nas negociações.
É o melhor resultado para os últimos 11 anos, quando o Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos) iniciou levantamento nacional sobre as negociações feitas entre trabalhadores e empregadores. Estão fora do painel pesquisado os acordos feitos no setor rural e no funcionalismo público.
"O que se nota é uma melhora não só na quantidade de acordos em que o trabalhador obteve ganhos reais mas também na qualidade desses aumentos concedidos", afirma José Silvestre Prado de Oliveira, supervisor do Dieese em São Paulo. No primeiro semestre do ano passado, 25,5% dos acordos trouxeram aumentos no intervalo de 1,01% a 2% acima da inflação. Neste ano, esse percentual subiu para 32,5%.
"O crescimento contínuo da economia, a geração de empregos com carteira assinada, a queda do desemprego e a estabilidade da inflação favorecem o ambiente das negociações salariais e proporcionam a conquista de aumentos reais mais expressivos", avalia Clemente Ganz Lucio, diretor do Dieese.
Os trabalhadores conseguiram no mínimo zerar as perdas da inflação em 97,1% (ou 272 acordos) das negociações feitas nos primeiros seis meses deste ano. Apenas 2,9% (8) dos acordos firmados ficaram abaixo da inflação. No ano passado, esses percentuais foram 95,6% e 4,4%, respectivamente.
Por setor econômico, os resultados dos acordos na indústria -setor mais formalizado da economia, em que são pagos salários mais elevados- são os mais favoráveis aos trabalhadores. Nas 111 negociações feitas nesse ramo, 92,8% pagaram reajustes acima da inflação. No setor de serviços, 84,8% dos 125 acordos nesse segmento conseguiram aumentos reais. Entre as 44 negociações salariais de trabalhadores de comércio, 81,8% foram acima da inflação.
Apesar do melhora nos resultados, os técnicos do Dieese ressaltam que os salários estão longe de recuperar as perdas acumuladas nos últimos anos. "O desafio para os sindicatos é saber com que velocidade conseguirão recuperar o poder de compra dos trabalhadores", afirma Ganz Lucio.
Em 1998, o rendimento médio real dos assalariados na região metropolitana de São Paulo valia R$ 1.583 (a valores de janeiro de 2007 deflacionado pelo ICV do Dieese). Em maio deste ano, esse mesmo salário equivalia a R$ 1.192 -portanto, 75% do que era há nove anos.
"A ação das centrais sindicais com as campanhas salariais unificadas facilita as negociações, e os números refletem isso. Mas é preciso recuperar perdas que ocorreram, quando a inflação chegou a patamares de 20%, para que o trabalhador sinta no bolso esses números positivos da negociação", diz João Carlos Gonçalves, secretário-geral da Força Sindical.
Na opinião de Luiz Cláudio Marcolino, presidente do Sindicato dos Bancários de São Paulo (CUT), os sindicatos têm ampliado suas pautas e conquistado benefícios, como a participação nos lucros, que têm impacto na renda do trabalhador. "Esses benefícios têm de ser estendidos em acordos nacionais."


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