São Paulo, terça-feira, 18 de agosto de 2009

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Bolsas caem e dólar sobe com incerteza sobre retomada

Turbulências começaram na Ásia, com Xangai recuando 5,8%, maior queda do ano

Investidores se desfazem de ações e commodities e buscam segurança no dólar e em títulos do Tesouro norte-americano


FERNANDO CANZIAN
DE NOVA YORK

Em forte movimento de realização de lucros combinado com o temor de que a economia global leve mais tempo do que o previsto para se recuperar, as principais Bolsas de Valores do mundo fecharam com elevadas perdas ontem.
Espalhado por vários países, o movimento de baixa foi o maior em quase cinco meses.
Os preços das principais commodities que alimentam o setor industrial e o consumo também caíram. Com uma queda de mais de US$ 2, o preço do barril do petróleo voltou a descer abaixo de US$ 70.
Houve ainda uma corrida para investimentos de menor risco, como dólar, títulos do Tesouro dos EUA e iene japonês.
As pesadas vendas de ações realizadas por investidores havia começado na sexta-feira, depois que várias Bolsas atingiram praticamente o pico do ano. Mas elas se intensificaram ontem, lideradas por investidores na China.
O estopim foi a notícia sobre a recuperação ainda branda e aquém da esperada da economia japonesa.
Depois da onda de otimismo dos últimos três meses, vários analistas começam a questionar se o mercado financeiro não se recuperou rápido demais (e muito à frente) da atividade econômica real.
Entre os principais vendedores de ações ontem, figuraram grandes fundos de pensão de empresas e de funcionários públicos, principalmente nos Estados Unidos e na Europa.

Fed
Nos EUA, o Federal Reserve (Fed, o banco central do país) informou que o mercado de crédito continua extremamente seletivo e apertado.
Isso levou ao anúncio de que o BC norte-americano estenderá por mais seis meses o prazo de seu principal programa de injeção de liquidez (dinheiro) em áreas mais afetadas, como financiamentos às empresas com dificuldade de obter créditos e rolar dívidas.
O índice MSCI World que acompanha as Bolsas em 23 países avançados recuou no final do dia, fechando com a maior queda desde abril. Na Bolsa de Nova York, o S&P 500 caiu 2,4%, e o Dow Jones, 2%. A bolsa eletrônica Nasdaq recuou 2,75%. A queda foi liderada pelas ações de empresas do setor financeiro, que retrocederam 4,3%. Entre as companhias produtoras de commodities, a perda foi de 3,7%.

China
Na China, o índice Shanghai Composite despencou 5,8%, o maior recuo em um único dia desde novembro. A queda se acentuou depois que o país anunciou uma diminuição significativa no investimento externo produtivo.
A Bovespa também fechou em baixa, com queda de 2,5%.
"A reação do mercado de ações despertou todos para o fato de que a atual recuperação não seguirá necessariamente uma linha contínua. Os investidores começam a questionar sua força", afirmou Myles Zyblock, estrategista da RBC Capital Markets.
Na contramão das ações, o iene japonês se valorizou ante as 16 principais moedas negociadas. Já o dólar subiu frente a todas, com a exceção do iene.
Normalmente, as moedas de economias mais avançadas e títulos emitidos pelos governos desses países tendem a se valorizar quando há forte venda de ações nas Bolsas, já que os investidores buscam opções mais seguras e menos voláteis.
A valorização da moeda japonesa se deu após a notícia de que a economia do país cresceu 0,9% no segundo trimestre, a primeira alta após um ano de contração.
Mesmo assim, a recuperação ficou aquém das expectativas. O índice Nikkei 225 da Bolsa de Tóquio caiu 3,1%, o maior recuo em cinco meses.


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