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Bolsas caem e dólar sobe com incerteza sobre retomada
Turbulências começaram na Ásia, com Xangai recuando 5,8%, maior queda do ano
Investidores se desfazem de ações e commodities e buscam segurança no dólar e em títulos do Tesouro
norte-americano
FERNANDO CANZIAN
DE NOVA YORK
Em forte movimento de realização de lucros combinado
com o temor de que a economia
global leve mais tempo do que o
previsto para se recuperar, as
principais Bolsas de Valores do
mundo fecharam com elevadas
perdas ontem.
Espalhado por vários países,
o movimento de baixa foi o
maior em quase cinco meses.
Os preços das principais
commodities que alimentam o
setor industrial e o consumo
também caíram. Com uma
queda de mais de US$ 2, o preço
do barril do petróleo voltou a
descer abaixo de US$ 70.
Houve ainda uma corrida para investimentos de menor risco, como dólar, títulos do Tesouro dos EUA e iene japonês.
As pesadas vendas de ações
realizadas por investidores havia começado na sexta-feira,
depois que várias Bolsas atingiram praticamente o pico do
ano. Mas elas se intensificaram
ontem, lideradas por investidores na China.
O estopim foi a notícia sobre
a recuperação ainda branda e
aquém da esperada da economia japonesa.
Depois da onda de otimismo
dos últimos três meses, vários
analistas começam a questionar se o mercado financeiro
não se recuperou rápido demais (e muito à frente) da atividade econômica real.
Entre os principais vendedores de ações ontem, figuraram
grandes fundos de pensão de
empresas e de funcionários públicos, principalmente nos Estados Unidos e na Europa.
Fed
Nos EUA, o Federal Reserve
(Fed, o banco central do país)
informou que o mercado de
crédito continua extremamente seletivo e apertado.
Isso levou ao anúncio de que
o BC norte-americano estenderá por mais seis meses o prazo
de seu principal programa de
injeção de liquidez (dinheiro)
em áreas mais afetadas, como
financiamentos às empresas
com dificuldade de obter créditos e rolar dívidas.
O índice MSCI World que
acompanha as Bolsas em 23
países avançados recuou no final do dia, fechando com a
maior queda desde abril. Na
Bolsa de Nova York, o S&P 500
caiu 2,4%, e o Dow Jones, 2%. A
bolsa eletrônica Nasdaq recuou
2,75%. A queda foi liderada pelas ações de empresas do setor
financeiro, que retrocederam
4,3%. Entre as companhias
produtoras de commodities, a
perda foi de 3,7%.
China
Na China, o índice Shanghai
Composite despencou 5,8%, o
maior recuo em um único dia
desde novembro. A queda se
acentuou depois que o país
anunciou uma diminuição significativa no investimento externo produtivo.
A Bovespa também fechou
em baixa, com queda de 2,5%.
"A reação do mercado de
ações despertou todos para o
fato de que a atual recuperação
não seguirá necessariamente
uma linha contínua. Os investidores começam a questionar
sua força", afirmou Myles
Zyblock, estrategista da RBC
Capital Markets.
Na contramão das ações, o iene japonês se valorizou ante as
16 principais moedas negociadas. Já o dólar subiu frente a todas, com a exceção do iene.
Normalmente, as moedas de
economias mais avançadas e títulos emitidos pelos governos
desses países tendem a se valorizar quando há forte venda de
ações nas Bolsas, já que os investidores buscam opções mais
seguras e menos voláteis.
A valorização da moeda japonesa se deu após a notícia de
que a economia do país cresceu
0,9% no segundo trimestre, a
primeira alta após um ano de
contração.
Mesmo assim, a recuperação
ficou aquém das expectativas.
O índice Nikkei 225 da Bolsa de
Tóquio caiu 3,1%, o maior recuo em cinco meses.
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