São Paulo, quarta-feira, 18 de setembro de 2002

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CONJUNTURA

Indústria paulista corta mais vagas, risco Brasil sobe e mercados dos EUA caem com temor de mais recessão

Risco, desemprego e pessimismo crescem

DA REDAÇÃO

Uma enxurrada de más notícias voltou a envolver as economias brasileira e mundial em forte clima de pessimismo. Sob efeito de instabilidade financeira e juros altos, a indústria paulista teve seu pior agosto em termos de desemprego desde 1996. Mais da metade das empresas viu cair a demanda pelos seus produtos depois da crise do dólar, que começou por volta de março. Como resultado, mais da metade vai cortar investimentos em máquinas e contratações, segundo pesquisa realizada pela Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo).
O risco-país, medida da aversão do mercado a investimentos no Brasil, voltou a subir com força (4,4%, para 1.862 pontos) devido à incerteza política e à degradação do clima econômico global.
Em julho, no pico da crise dos mercados americano e brasileiro, o risco havia chegado ao recorde de 2.390 pontos (isto é, um título brasileiro pagava, em média, taxa de juros 23,9 pontos percentuais maior que a paga por um papel americano).
Depois do acordo com o FMI e com a ascensão do candidato do governo e dos mercados a presidente, José Serra (PSDB), o risco caíra para 1.618 pontos no início de agosto

Maus sinais nos EUA
Relatório do Fed, o banco central norte-americano, mostrou ontem que a indústria do país voltou a encolher em agosto, a primeira retração desde dezembro do ano passado, quando a economia iniciara uma breve retomada de fôlego, que arrefeceu no final do primeiro trimestre.
A insistência do presidente dos EUA, George W. Bush, em defender a guerra contra o Iraque também ajudou a deteriorar as expectativas. De resto, começou a temporada trimestral de divulgação de balanços das empresas norte-americanas, que não indicam sinais de recuperação dos lucros.
Como resultado, as Bolsas caíram ao nível mais baixo das últimas seis semanas. O índice Dow Jones da Bolsa de Nova York caiu 2,06% e fechou em 8.207 pontos; o índice Standard & Poor's 500 caiu 1,97%.

Dólar e Bolsa
Como o risco Brasil volta a explodir e o crédito externo para as empresas do país continua caro, a seca de dólares permanece, agravada pela incerteza política. A moeda norte-americana encerrou o dia vendida a R$ 3,245, em alta de 0,87%. Em quatro pregões seguidos de alta, o dólar se valorizou 4,47%. As negociações no mercado cambial iniciaram o dia com tranquilidade e a moeda americana chegou a ser negociada em queda de 0,78%.
Mas as expectativas em relação à divulgação de pesquisa de intenção de voto, na noite de ontem, voltou a ser utilizada como justificativa para a especulação com o dólar. O mercado esperava que a sondagem apontaria crescimento de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para uma porcentagem que o deixaria próximo da vitória já no primeiro turno.
Segundo o resultado da pesquisa que vazou ao mercado, José Serra permaneceria em segundo lugar, estável.
Ao mesmo tempo em que o dólar subia, o ritmo das negociações diminuía. Pela manhã, segundo operadores, exportadores estiveram no mercado. À tarde, os poucos negócios giravam em torno das tesourarias dos bancos.
Também durante a tarde, houve novas declarações de George Bush, que ilustraram o desejo norte-americano de derrubar o ditador Saddam Hussein.
O Banco Central vendeu dólares no mercado à vista. Segundo um analista, os bancos já começam a traçar cenários econômicos levando em conta a possibilidade de vitória de Lula no primeiro turno, o que serviu para conter a alta da moeda no final do dia.


Colaboraram Ana Paula Ragazzi, Marcelo Billi, Érica Fraga e Fabricio Vieira, da Reportagem Local


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