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TRABALHO
Queda no emprego chegou a 0,98%; foi o pior resultado para um mês de agosto desde 1996, segundo a Fiesp
Indústria paulista corta 15 mil vagas
DA REPORTAGEM LOCAL
A indústria paulista fechou mais de 15 mil vagas em agosto, o que fez o nível de emprego do setor cair 0,98%. Foi o pior desempenho para o mês de agosto desde
1996, que registrou queda de 1,45% no emprego industrial.
Os dados são da pesquisa de nível de emprego da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), que consulta mensalmente 47 sindicatos patronais do
setor. No mês passado, 20 sindicatos afirmaram ter reduzido o
número de empregados, em 10
houve estabilidade do emprego e
17 afirmaram que tiveram desempenho positivo.
"Mas as quedas ocorreram nos
setores mais significativos, o que
explica o resultado extremamente
ruim do mês passado", diz Clarice
Messer, diretora da Fiesp.
Ela explica que entre os sindicatos que demitiram mais que contrataram estão aqueles com o
maior peso na geração de emprego na indústria paulista. Cinco setores, por exemplo, geram cerca
de 45% do emprego industrial no
Estado. Todos os cinco -máquinas, componentes para veículos,
automotores, fiação e tecelagem,
malharia e meias- registraram
desempenho negativo em agosto.
Segundo a diretora da Fiesp, o
resultado de agosto pode ser comparado ao de períodos críticos enfrentados pela indústria nos últimos anos, como a queda na produção em janeiro de 1998, provocada pelos efeitos da crise asiática,
e a desvalorização do real no início de 1999.
De fato, mesmo em anos de forte ajuste nas indústrias, como no
período de 1995 a 1997, a queda
mensal do emprego não foi tão
acentuada. Naqueles anos, a indústria enfrentava o aumento da
concorrência causado pela abertura comercial. O emprego industrial caiu, em média, 7% ao ano.
Cerca de 11 mil vagas eram fechadas, em média, todos os meses.
Em agosto deste ano, foram fechadas 15.359 vagas, segundo a
pesquisa divulgada pela Fiesp.
Desde o início do Plano Real, segundo a mesma pesquisa, o emprego na indústria paulista já caiu
28%, ou seja, quase um terço das
vagas foi fechado.
Segundo Clarice, a entidade já
esperava que o resultado de agosto fosse negativo, mas a queda foi
bem maior do que as previsões
feitas pela diretora da Fiesp fariam supor.
Neste ano, o emprego industrial
em São Paulo só não caiu no mês
de abril. Desde maio, afirma Clarice, já havia a percepção de que o
resultado dos demais meses seria
ruim. Ela descarta a possibilidade
de que a indústria se recupere nos
últimos meses do ano, reaquecida
pelas vendas de Natal e Ano Novo. "Não existe a menor posibilidade de, pelo menos do ponto de
vista do emprego, fecharmos no
azul neste ano", afirma Clarice.
Segundo a diretora da Fiesp,
parte das indústrias ainda opera
com estoques altos e, dado que os
varejistas estão adiando os pedidos de final de ano, é improvável
que os empresários decidam promover aumentos muito fortes da
produção nos próximos meses.
"Há estoques elevados tanto de
produtos acabados quanto de intermediários", diz Clarice. "Nós
detectamos essa elevação dos estoques em julho. As indústrias já
fizeram alguns ajustes, o que ajuda a explica a queda no emprego.
A diretora da Fiesp não faz previsões para o desempenho da indústria em 2003. Na sua avaliação, apenas após as eleições de outubro será possível ter uma idéia de
qual será o cenário para a indústria no próximo ano.
(MARCELO BILLI)
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