São Paulo, quarta-feira, 18 de setembro de 2002

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TRABALHO

Queda no emprego chegou a 0,98%; foi o pior resultado para um mês de agosto desde 1996, segundo a Fiesp

Indústria paulista corta 15 mil vagas

DA REPORTAGEM LOCAL

A indústria paulista fechou mais de 15 mil vagas em agosto, o que fez o nível de emprego do setor cair 0,98%. Foi o pior desempenho para o mês de agosto desde 1996, que registrou queda de 1,45% no emprego industrial.
Os dados são da pesquisa de nível de emprego da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), que consulta mensalmente 47 sindicatos patronais do setor. No mês passado, 20 sindicatos afirmaram ter reduzido o número de empregados, em 10 houve estabilidade do emprego e 17 afirmaram que tiveram desempenho positivo.
"Mas as quedas ocorreram nos setores mais significativos, o que explica o resultado extremamente ruim do mês passado", diz Clarice Messer, diretora da Fiesp.
Ela explica que entre os sindicatos que demitiram mais que contrataram estão aqueles com o maior peso na geração de emprego na indústria paulista. Cinco setores, por exemplo, geram cerca de 45% do emprego industrial no Estado. Todos os cinco -máquinas, componentes para veículos, automotores, fiação e tecelagem, malharia e meias- registraram desempenho negativo em agosto.
Segundo a diretora da Fiesp, o resultado de agosto pode ser comparado ao de períodos críticos enfrentados pela indústria nos últimos anos, como a queda na produção em janeiro de 1998, provocada pelos efeitos da crise asiática, e a desvalorização do real no início de 1999.
De fato, mesmo em anos de forte ajuste nas indústrias, como no período de 1995 a 1997, a queda mensal do emprego não foi tão acentuada. Naqueles anos, a indústria enfrentava o aumento da concorrência causado pela abertura comercial. O emprego industrial caiu, em média, 7% ao ano. Cerca de 11 mil vagas eram fechadas, em média, todos os meses. Em agosto deste ano, foram fechadas 15.359 vagas, segundo a pesquisa divulgada pela Fiesp. Desde o início do Plano Real, segundo a mesma pesquisa, o emprego na indústria paulista já caiu 28%, ou seja, quase um terço das vagas foi fechado.
Segundo Clarice, a entidade já esperava que o resultado de agosto fosse negativo, mas a queda foi bem maior do que as previsões feitas pela diretora da Fiesp fariam supor.
Neste ano, o emprego industrial em São Paulo só não caiu no mês de abril. Desde maio, afirma Clarice, já havia a percepção de que o resultado dos demais meses seria ruim. Ela descarta a possibilidade de que a indústria se recupere nos últimos meses do ano, reaquecida pelas vendas de Natal e Ano Novo. "Não existe a menor posibilidade de, pelo menos do ponto de vista do emprego, fecharmos no azul neste ano", afirma Clarice.
Segundo a diretora da Fiesp, parte das indústrias ainda opera com estoques altos e, dado que os varejistas estão adiando os pedidos de final de ano, é improvável que os empresários decidam promover aumentos muito fortes da produção nos próximos meses.
"Há estoques elevados tanto de produtos acabados quanto de intermediários", diz Clarice. "Nós detectamos essa elevação dos estoques em julho. As indústrias já fizeram alguns ajustes, o que ajuda a explica a queda no emprego.
A diretora da Fiesp não faz previsões para o desempenho da indústria em 2003. Na sua avaliação, apenas após as eleições de outubro será possível ter uma idéia de qual será o cenário para a indústria no próximo ano.
(MARCELO BILLI)


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