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VACA DOENTE
Medida, que vale a partir de segunda, restringe bovinos, suínos e aves
Rússia embarga carnes brasileiras
FABÍOLA SALANI
DA REDAÇÃO
A Rússia anunciou ontem embargo às carnes bovina, suína e de
frango brasileiras. A medida, que
vale a partir de segunda-feira, foi
tomada sob a alegação de "instabilidade de epizootia" -ou seja,
considera que o Brasil tenha vários focos de doença animal.
O anúncio foi feito uma semana
após o Brasil ter anunciado a descoberta de um novo foco de febre
aftosa, no Amazonas. O Estado
não é exportador de carne bovina
e está fora da zona livre da doença
que vende o produto ao exterior.
É a segunda vez neste ano em
que a Rússia impõe bloqueio à
carne brasileira. Em junho, o país
vetou a importação após a descoberta de foco de aftosa no Pará. O
país suspendeu a proibição menos de uma semana depois.
"Já definimos que amanhã [hoje] à noite deve embarcar uma
missão do Ministério da Agricultura à Rússia a fim de esclarecer a
situação com os técnicos de lá",
disse o ministro interino da Agricultura, José Amauri Dimarzio. A
expectativa é que até terça-feira a
missão brasileira se encontre com
os técnicos do governo russo.
A pressa se justifica: segundo o
ministro interino, a perda do Brasil a partir de segunda-feira é de
US$ 4 milhões diários -US$ 1
milhão em carnes bovinas, US$ 1
milhão em carne de aves e US$ 2
milhões em carne suína.
No mês passado, segundo a
Abiec (associação dos exportadores de carne bovina), a Rússia foi o
maior comprador de carne bovina "in natura" brasileira -importou US$ 32,9 milhões. E é o
maior cliente de carne suína do
país, tendo comprado neste ano,
até agosto, US$ 288 milhões
-37,8% das exportações brasileiras do produto, segundo a Abipecs (associação dos exportadores de carne suína).
Nos cálculos de Dimarzio, se a
Rússia não suspender o embargo
até o final do ano, o Brasil deixará
de ganhar US$ 250 milhões.
A missão que segue hoje para a
Rússia terá o secretário de Produção e Comercialização do ministério, Linneu Costa Lima, o diretor do Departamento de Defesa
Animal, Jorge Caetano Junior, e
Gilson Consenza, da Embrapa.
E eles levam para Moscou uma
carta na manga: a licença para exportação de trigo russo para o
Brasil, que ainda não foi liberada
pelo governo brasileiro.
"A missão viaja com o "trigo" na
manga", afirmou Dimarzio. O
ministro interino, no entanto, disse estar confiante de que as explicações técnicas deverão servir para levantar o embargo russo.
Em junho, quando foi detectado
o foco de aftosa no Pará, que também não é exportador, o governo
brasileiro dizia oficialmente que
não usaria essa negociação na
tentativa de suspender o embargo
que a Rússia logo impôs.
Na época, foram dadas explicações sobre a localização do foco
da doença e sobre o programa de
erradicação da aftosa no país.
Sobre o novo foco, os países importadores foram os primeiros a
serem avisados. Ainda na segunda-feira, o presidente da Abiec,
Marcus Vinicius Pratini de Moraes, disse: "Esse episódio [de febre aftosa] do Amazonas, apesar
de não ter nenhum problema para o rebanho [exportador nacional], acaba repercutindo mal, a
concorrência explora".
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