São Paulo, segunda-feira, 18 de setembro de 2006

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Mercado fala em mudança de cálculo

DA REPORTAGEM LOCAL

A queda da taxa básica de juros tende a tornar cada vez mais próxima da Selic a rentabilidade da poupança. Pagando TR (2,3%) mais 6% de juros ao ano, a mais tradicional aplicação do país terá que ser repensada, segundo analistas. Em 2007, a expectativa do mercado é que a Selic chegue a 12,77% no final do ano - está hoje em 14,25%.
Uma das possibilidades discutidas no mercado é a extinção da TR. "Mas não acho que isso seja possível", diz Décio Tenerello, presidente da Abecip (Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança).
Ele lembra que a TR é, também o indexador dos contratos do SFH (Sistema Financeiro da Habitação). Se for extinta na captação, o mesmo deve ocorrer na ponta oposta - a do crédito imobiliário. "O que faremos com os milhares de contratos já firmados?", questiona.
A desindexação dos novos contratos imobiliários, com o fim da TR, encontrou forte resistência dos bancos e acabou sendo expurgada do recente pacote imobiliário.
Outra opção que se discute é a redução da taxa de juros de 6% ao ano da poupança. Também essa alternativa é difícil. A rentabilidade atual não tem conseguido atrair novos poupadores - de dezembro a agosto último a captação líquida ficou negativa em R$ 6,4 bilhões.
O saldo dos depósitos das cadernetas, de R$ 135,5 bilhões em agosto, encolheu em relação a dezembro passado, se for descontado o rendimento creditado desde aquela data, diz Tenerello. "Em 2005, a poupança só teve captação positiva em três meses, e neste ano está negativa desde janeiro", observa.
Se o rendimento encolher e os poupadores migrarem para outros ativos, os recursos para o crédito imobiliário encolhem, afetando um setor que o governo quer estimular - o da construção civil- para alavancar o PIB.
"A rentabilidade da poupança é de 65% a 67% da taxa líquida média dos CDBs. "Temos de achar um modelo que mantenha essa mesma correlação com a queda da Selic", diz a Abecip. (SB)


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