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Governo diz que poderá ajudar empresas com crédito do BNDES
SIMONE IGLESIAS
JULIANA ROCHA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou ontem que o
governo poderá ajudar empresários brasileiros que tiverem
dificuldades para obter empréstimos no exterior por causa da crise econômica nos Estados Unidos. Segundo ele, esse
auxílio se dará, se necessário,
por meio do BNDES (Banco
Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social).
"Se rarear o crédito internacional e os empresários brasileiros tiverem dificuldades para tomar dinheiro emprestado,
vamos ter de tomar uma decisão de arrumar mais dinheiro
para que o BNDES possa emprestar", disse em entrevista
exibida à noite pela TV Brasil.
Lula ressaltou que já aumentou o capital do banco para que
possa fazer empréstimos e que
não descarta alterar normas
que possibilitem ao BNDES
elevar o volume de financiamento a uma só empresa.
Ele utilizou como exemplo a
Petrobras e a Vale. "Estamos
cuidando de garantir que as
coisas aconteçam e sabemos
que empresas grandes como a
Petrobras, a Vale do Rio Doce,
precisam de financiamento externo, mas na hora em que ele
rarear vamos ter inclusive que
mudar as normas do BNDES,
que não pode emprestar uma
determinada quantidade de dinheiro só para uma empresa,
para que ele possa aumentar o
volume de dinheiro emprestado", ressaltou.
Pela manhã, o ministro da
Fazenda, Guido Mantega, disse
que o governo federal poderá
socorrer as empresas brasileiras que tiverem dificuldades de
obter crédito no exterior para
investir ou para exportar.
Ele afirmou que há escassez
de crédito no mercado internacional e, por isso, o governo está
disposto a supri-lo para estimular investimentos, exportações e a agricultura.
Na noite de terça-feira, em
entrevista à TV Globo, Mantega já havia dito que os bancos
públicos poderão ajudar em caso de falta de crédito internacional. Ontem, ele esquivou-se
de confirmar essa informação.
Indagado, Mantega não disse
que tipo de socorro o governo
pode oferecer aos empresários.
"Neste momento, as empresas brasileiras que captavam
recursos no exterior não estão
conseguindo captar ou estão
pagando um preço muito alto
para isso. Esse é um problema,
que pode ser passageiro e pode
ser resolvido. Então, se faltar
crédito para investimento, para
agricultura, para exportação, o
governo tomará as medidas no
sentido de supri-lo", afirmou
Mantega.
Quase esgotado
Uma das saídas para suprir a
escassez de crédito internacional seria o BNDES financiar
mais empresas que não conseguirem financiamento internacional. O problema é que o banco de fomento já está com o orçamento deste ano quase esgotado e não conseguirá suprir sequer a demanda atual.
O BNDES já recebeu, desde
janeiro, um reforço de caixa de
R$ 33,5 bilhões do Tesouro e do
FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador). O orçamento inicial
do banco era de R$ 80 bilhões.
Nos 12 meses encerrados em
junho, o banco já tinha aprovado R$ 108 bilhões em novos investimentos.
Apesar de admitir problemas
entre as empresas brasileiras
para conseguir crédito no exterior, Mantega afirmou ontem
que o risco de contaminação da
crise internacional no Brasil "é
muito pequeno".
Segundo ele, o sistema financeiro do país "está sólido" e o
único risco à vista é a escassez
de crédito internacional. Ele
esclareceu que não há problemas de crédito para o consumo
interno.
Ele elogiou a intervenção de
US$ 85 bilhões do Fed (Federal
Reserve, o banco central dos
Estados Unidos) na maior seguradora do mundo, a AIG.
Mantega afirmou que o governo americano e o Fed não
devem ajudar indiscriminadamente todos os bancos com risco de quebrar, mas devem evitar "problemas que afetem todo o sistema financeiro.
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