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LUÍS NASSIF
O capital humano
Na coluna de ontem apresentei alguns dados do trabalho do economista Paulo Tenani sobre capital humano. Tenani
é Ph.D. pelo Departamento de
Economia da Universidade Columbia, em Nova York, e autor do
livro "Human Capital and
Growth".
Vamos a outros pontos relevantes de seu trabalho.
Tenani constata que o Brasil
tentou crescer entre 1955 e 1981
acumulando capital físico, na fase de industrialização, via substituição de importações. As diferentes políticas implementadas
pelo governo sempre procuraram
estimular a poupança e o investimento doméstico -à custa de
uma menor taxa de consumo presente.
No entanto, constata ele, esse tipo de crescimento -baseado no
acúmulo de um único insumo de
produção- enfrenta uma difícil
restrição econômica: ele é sujeito
a retornos decrescentes de escala
e, por isso, eventualmente, tende
a se extinguir. "À medida que o
processo de industrialização via
substituição de importações ia
avançando no Brasil -e o capital físico sendo acumulado-, a
produtividade marginal desse fator de produção diminuía, exaurindo, com isso, o crescimento
econômico."
Em 1981, depois de 20 anos de
crescimento ininterrupto, a economia brasileira decresceu 4,5%,
iniciando um período de mais de
duas décadas de estagnação econômica.
Continua Tenani: foi também
acumulando capital físico que o
Brasil tentou retomar o crescimento a partir de 1994. Nessa etapa, poupança e investimento externo cumpririam o papel antes
atribuído à poupança e ao investimento doméstico.
Além do mais, pelo prometido,
o conjunto de reformas que seriam implementadas no período
-fiscal, tarifária, sistema financeiro e Previdência- também
era direcionada ao capital físico;
em particular à sua alocação
mais eficiente e à sua produtividade.
"Porém, assim como ocorreu
com a industrialização via substituição de importações, à medida
que o capital físico estrangeiro
fosse sendo acumulado -por
meio de privatizações e investimentos diretos-, sua produtividade marginal também declinaria, gerando um tipo de crescimento que novamente viria a se
exaurir."
O argumento de Tenani é que a
única maneira de um país crescer
de forma sustentada é acumulando, conjuntamente, ambos os insumos de produção: capital físico
-por meio da poupança e investimento- e capital humano
-por meio da educação.
A dinâmica que surge da interação entre "poupança" e "educação" nesse tipo de crescimento
é, por si só, interessante -pois a
produtividade marginal do capital humano acaba por também
afetar a do capital físico e vice-versa.
Essa conclusão tem consequências importantes, especialmente
em relação aos indicadores tradicionalmente utilizados para medir o potencial de crescimento de
um país: "poupança sobre o PIB"
e "investimento sobre o PIB".
Se capital humano é chave para
o crescimento econômico, esses
indicadores -que apontam unicamente para a contribuição do
capital físico- são apenas uma
parte da história. Pequenas variações nas taxas de crescimento
-quando acumuladas por gerações- causam efeitos sobre o
bem-estar social, que são tão
grandes a ponto de tornarem todos os outros problemas macroeconômicos comparativamente insignificantes", diz ele.
E-mail -
Luisnassif@uol.com.br
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