São Paulo, terça-feira, 18 de outubro de 2005

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Brasil e UE apontam risco de "desordem"

CLÓVIS ROSSI
ENVIADO ESPECIAL A SALAMANCA

Os presidentes da Comissão Européia, José Manuel Durão Barroso, e do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, concordaram ontem em empenhar-se para o êxito da conferência ministerial que a Organização Mundial do Comércio fará em dezembro em Hong Kong, sob pena de haver "uma grande desordem internacional no comércio", caso não se chegue a um acordo.
O relato da reunião entre os dois dirigentes foi feito aos jornalistas pelo assessor internacional de Lula, Marco Aurélio Garcia.
A Conferência Ministerial é a instância máxima de decisões da OMC, e a que se fará em Hong Kong destina-se a dar impulso decisivo à Rodada Doha, o mais recente ciclo de negociações comerciais, lançado em 2001 na capital do Qatar, mas estancado desde então.
Se Hong Kong também fracassar, Lula e Barroso vêem o risco da explosão de acordos bilaterais, que, em geral, são mais favoráveis aos países ricos, que podem impor suas condições. No caso do Brasil, por exemplo, a melhor chance de obter concessões na área agrícola tanto da União Européia como dos Estados Unidos é no âmbito global.
De todo modo, Barroso insistiu num ponto que não agrada ao governo brasileiro: para obter concessões agrícolas, o Brasil terá que fazê-las em bens industriais e serviços. Para o governo brasileiro, tais concessões já foram feitas unilateralmente ou em rodadas anteriores, sem que a agricultura tivesse entrado no pacote com o mesmo grau de liberalização.
Lula, de todo modo, disse que o importante, para Hong Kong, era "criar um ambiente positivo em lugar do clima permanente de recriminações entre as partes", como vinha acontecendo até o início da semana.
Na segunda-feira, no entanto, os Estados Unidos apresentaram a sua proposta de abertura agrícola, que o Brasil considerou "insuficiente, mas positiva".
Lula não elogiou, no seu discurso na sessão plenária da Cúpula Ibero-Americana, a proposta dos Estados Unidos, ao contrário do que Marco Aurélio Garcia anunciara na véspera. Limitou-se a dizer: "Não podemos perder a oportunidade que nos oferece a Rodada Doha para construir um mundo mais justo e equilibrado".


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