São Paulo, terça-feira, 18 de outubro de 2005

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POLÍTICA MONETÁRIA

Analistas e investidores divergem apenas quanto ao tamanho do corte, que deve ser de 0,25 ou 0,50 ponto

Mercado aposta em nova queda dos juros

FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Uma nova redução na taxa básica de juros, na reunião que o Copom realiza entre hoje e amanhã, é tida como certa no mercado financeiro. A única divergência entre analistas e investidores é quanto ao tamanho no corte que virá.
Ninguém espera que o Copom (Comitê de Política Monetária) realize uma redução expressiva na taxa básica Selic, que está em 19,50% anuais. A grande maioria das estimativas se divide entre 0,25 e 0,50 ponto percentual.
Joel Bogdanski, gerente de política monetária do Banco Itaú, faz parte da parcela que afirma que a taxa deve ser reduzida para 19% neste encontro do Copom -que reúne diretores e o presidente do Banco Central.
"O Banco Central dará continuidade ao processo gradual de reduções dos juros. A taxa básica foi elevada para conter um surto inflacionário, que demonstra já estar debelado", diz Bogdanski.
A redução da taxa Selic sempre é uma notícia positiva. Isso porque ela serve de referência para as outras taxas de juros praticadas no mercado. Mas um corte na Selic não significa que as outras taxas, como a do crédito pessoal, cairão na mesma magnitude.
Analistas explicam que outros fatores, como inadimplência e demanda por crédito, têm peso importante na definição das taxas finais, tanto para a pessoa física como para a jurídica.

Lentidão
No mês passado, o BC cortou a Selic de 19,75% para 19,50%, dando início ao processo de redução dos juros básicos, como pediam vários setores da economia.
Para o fim do ano, o mercado projeta, na média, que a Selic estará em 18% anuais, segundo pesquisa semanal do Banco Central. Mas esse cenário de queda levará ainda algum tempo para ter um impacto mais relevante sobre os juros reais da economia.
Os juros reais são calculados considerando a taxa atual e descontando dela a inflação futura.
Mesmo que o BC reduza a Selic para 19% amanhã, os juros reais ainda serão, de longe, os maiores do mundo, ficando em 13,67% -considerando a projeção do mercado para o IPCA nos próximos 12 meses, de 4,69%.
A taxa real é acompanhada pelo setor empresarial para planejar seus investimentos futuros.
A última pesquisa realizada pela consultoria GRC Visão mostrou que o país com a segunda maior taxa real de juros do mundo era a China, com 6,3%.
No pregão da BM&F (Bolsa de Mercadorias & Futuros) de ontem, houve queda nas projeções para as taxas de juros.
A taxa no contrato DI -que mostra a expectativa dos investidores para a reunião do Copom- caiu de 19,22% para 19,17% anuais.
No contrato DI mais negociado no pregão, que vence em janeiro de 2007, a taxa recuou de 17,79% para 17,72% ao ano.


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