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Dólar ajuda varejo, e vendas crescem 2,3% em agosto
Puxado por supermercados, desempenho é o melhor desde janeiro deste ano
Para IBGE, renda em expansão, inflação menor, importados com preço mais baixo e crédito maior explicam o crescimento
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
As vendas do comércio varejista, em volume, cresceram
2,32% de julho para agosto na
comparação livre de influências típicas de cada período. Foi
o melhor desempenho do setor
desde janeiro deste ano (4,41%)
e interrompeu uma seqüência
de dois meses em queda, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro
de Geografia e Estatística).
Na comparação com agosto
de 2005, o crescimento foi de
6,27%. No acumulado de 2006
(janeiro-agosto), as vendas subiram 5,3%. A divulgação do resultado ocorre no momento em
que especialistas diziam esperar um resultado tímido no mês
e para o terceiro trimestre. A
previsão se apoiava na lenta
queda dos juros nas lojas e no
esgotamento da capacidade de
endividamento do trabalhador.
No entanto, para Reinaldo
Pereira, economista do IBGE, o
incremento da renda, a inflação
mais baixa, a competição provocada por produtos importados e a ampliação do crédito explicam o bom resultado. Em
agosto, a renda média do trabalhador das seis principais regiões metropolitanas do país
subiu 0,7% sobre julho e 3,5%
ante agosto de 2005.
Sob efeito da alta do rendimento e da retração dos preços,
as vendas dos supermercados e
das demais lojas de alimentos e
bebidas aumentaram 0,68% de
julho para agosto. A alta foi de
7,48% na comparação com
agosto de 2005.
A rede de supermercados
Pão de Açúcar, uma das maiores do país, disse ontem que as
vendas em agosto começaram a
dar sinais de recuperação e, em
setembro, subiram 2,6%.
Após dois meses de retração
nas vendas, o ramo de móveis e
eletrodomésticos se recuperou,
disse o IBGE. Houve expansão
de 7,7% em agosto na comparação com julho. Segundo Pereira, a retomada aconteceu porque os consumidores pagaram
dívidas em junho e julho e voltaram às compras em agosto.
Já a invasão de produtos importados de baixo preço teve
impacto no desempenho do setor de tecidos, vestuário e calçados -as vendas subiram
3,63% de julho para agosto.
"O dólar barato ajudou, sem
dúvida, o comércio neste ano",
avalia Carlos Thadeu de Freitas, economista da CNC (Confederação Nacional do Comércio). O ingresso de importados
de preço baixo, disse ele, amplia
a concorrência e força a queda
dos itens nacionais.
O economista da CNC acredita que no final do ano as vendas do comércio se manterão
aquecidas especialmente por
causa da valorização do real. A
retração das vendas em junho e
julho, segundo Freitas, foi pontual: "Os consumidores pisaram no freio para pagar dívidas,
ter condições de tomar novos
financiamentos e voltar a comprar no Natal", disse.
Freitas espera que o crédito
impulsione com força o consumo no final de 2006. "Apesar de
os juros estarem elevados, há
muita liquidez. Os bancos estão
ávidos para aumentar o volume
de crédito, o que será favorável
para o comércio."
Menos otimista, Maurício
Moura, economista chefe da
consultoria Gouvêa de Souza &
MD, diz que existem "sinais de
alerta" para o final do ano. Citou o fato de o desemprego se
manter num patamar elevado e
o alto nível de inadimplência
-que tende a diluir o efeito positivo do pagamento do 13º salário sobre o consumo.
As análises de especialistas
de consultorias como Tendências, RC Consultores e Gouvêa
de Souza continuam apontado
para uma expansão de 4% a
4,5% no comércio no país em
2006 -mesmo com o dado positivo de agosto. Além disso,
economistas lembram que esse
crescimento no varejo é desigual: há regiões com expansão
mais acelerada que outras.
Segundo o IBGE, o setor de
veículos já se beneficiou da expansão do crédito com juros
menores e prazos de pagamento mais longos. As vendas das
concessionárias subiram
0,54% de julho para agosto e
10,19% sobre agosto de 2005.
No ano, a alta ficou em 4,67%.
"Hoje, já é possível comprar um
veículo em 60 meses e com juros mais baixos", disse Pereira.
Colaborou ADRIANA MATTOS, da Reportagem Local
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