São Paulo, quarta-feira, 18 de outubro de 2006

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Brasil permanece no topo do ranking dos juros reais

Se a taxa básica cair 0,50 ponto hoje, como espera o mercado, juro real será de 9,3%

Taxa básica teria de cair 3,75 pontos para que o país deixasse a liderança do ranking mundial para a Turquia, com juros de 6,2%


FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Independentemente de o Copom confirmar ou surpreender o mercado financeiro com sua decisão sobre a nova taxa básica, a ser anunciada hoje, o Brasil se manterá como o campeão mundial dos juros reais.
A esmagadora maioria dos investidores e analistas espera que a taxa Selic caia dos atuais 14,25% para 13,75%. Com isso, os juros reais -calculados descontando a inflação projetada para os próximos 12 meses- ficarão em 9,3%.
Segundo a UpTrend Consultoria Econômica, que realizou o levantamento, a taxa básica brasileira teria de sofrer redução de 3,75 pontos percentuais para que o país deixasse a liderança do ranking mundial. A Turquia, que aparece como segunda colocada, conta com juros reais de 6,2% ao ano.
Se o Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central) decidisse impressionar o mercado e optasse por cortar a taxa Selic em 1 ponto percentual (para 13,25% ao ano), os juros reais ficariam em 8,8%, ainda disparados os mais elevados do planeta.
Apesar de a taxa básica estar em processo de redução, o setor produtivo costuma estar mais preocupado é com os juros reais na hora de planejar seus investimentos futuros.
Como a inflação está em queda, os juros reais acabam por sentir menos o impacto da redução da Selic.
Para o Ibef (Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças), o Copom vai cortar a Selic em 0,50 ponto.
Na opinião de Walter Machado de Barros, presidente do Ibef/SP, "os juros permanecerão em patamar ainda muito alto, levando em consideração que a inflação está controlada e terminará o ano até abaixo do centro da meta, de 4,5%". Barros diz que um novo corte de 0,50 ponto "não deixará dúvida de que cresceremos menos neste ano".

Em novembro, menos
Pesquisa realizada pela Febraban (Federação Brasileira de Bancos) com 49 instituições bancárias mostrou que a projeção média é que a taxa Selic estará em 13,49% no fim deste ano. Assim, se o Copom decidir cortar a Selic em 0,50 ponto hoje, haverá espaço para a taxa cair apenas mais 0,25 ponto na última reunião do ano, que ocorrerá no fim de novembro.
"O Copom dará prosseguimento ao processo de flexibilização da política monetária, devendo confirmar a expectativa do mercado de novo corte de 0,50 ponto na taxa básica de juros, para 13,75% ao ano, sem viés e, provavelmente, por decisão unânime", afirma Elson Teles, economista-chefe da Concórdia.
No começo do mês, o mercado financeiro estava dividido entre a possibilidade de o Copom cortar a taxa básica em 0,25 ou 0,50 ponto na reunião que termina hoje. Mas, com os dados de inflação mostrando que os preços estavam menos pressionados que o esperado, as expectativas se centraram na queda de 0,50 ponto.
Na BM&F, a projeção do contrato DI que vence no fim deste mês caiu de 13,96% há duas semanas para 13,75% no pregão de ontem.

Folga
Na comparação com outros países latino-americanos, o Brasil está bem à frente no quesito juros reais. Os mais próximos a aparecerem no ranking são o México (com taxa real de 2,8% ao ano) e o Chile (com 2,1% anuais).
Quando é levada em consideração apenas a taxa de juro nominal, o Brasil desce à terceira posição. Turquia e Venezuela aparecem em primeiro e segundo lugares, com juros nominais de 17,50% e 16,11%, respectivamente.
Os juros na Turquia sofreram fortes elevações nos últimos meses, com o país atravessando um período de pressão inflacionária acima do desejado pelo governo.


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