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Brasil permanece no topo do ranking dos juros reais
Se a taxa básica cair 0,50 ponto hoje, como espera o mercado, juro real será de 9,3%
Taxa básica teria de cair 3,75 pontos para que o país deixasse a liderança do ranking mundial para a Turquia, com juros de 6,2%
FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Independentemente de o
Copom confirmar ou surpreender o mercado financeiro com
sua decisão sobre a nova taxa
básica, a ser anunciada hoje, o
Brasil se manterá como o campeão mundial dos juros reais.
A esmagadora maioria dos
investidores e analistas espera
que a taxa Selic caia dos atuais
14,25% para 13,75%. Com isso,
os juros reais -calculados descontando a inflação projetada
para os próximos 12 meses- ficarão em 9,3%.
Segundo a UpTrend Consultoria Econômica, que realizou
o levantamento, a taxa básica
brasileira teria de sofrer redução de 3,75 pontos percentuais
para que o país deixasse a liderança do ranking mundial. A
Turquia, que aparece como segunda colocada, conta com juros reais de 6,2% ao ano.
Se o Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central) decidisse impressionar o
mercado e optasse por cortar a
taxa Selic em 1 ponto percentual (para 13,25% ao ano), os juros reais ficariam em 8,8%, ainda disparados os mais elevados
do planeta.
Apesar de a taxa básica estar
em processo de redução, o setor produtivo costuma estar
mais preocupado é com os juros reais na hora de planejar
seus investimentos futuros.
Como a inflação está em queda, os juros reais acabam por
sentir menos o impacto da redução da Selic.
Para o Ibef (Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças), o Copom vai cortar a Selic
em 0,50 ponto.
Na opinião de Walter Machado de Barros, presidente do
Ibef/SP, "os juros permanecerão em patamar ainda muito alto, levando em consideração
que a inflação está controlada e
terminará o ano até abaixo do
centro da meta, de 4,5%". Barros diz que um novo corte de
0,50 ponto "não deixará dúvida
de que cresceremos menos
neste ano".
Em novembro, menos
Pesquisa realizada pela Febraban (Federação Brasileira
de Bancos) com 49 instituições
bancárias mostrou que a projeção média é que a taxa Selic estará em 13,49% no fim deste
ano. Assim, se o Copom decidir
cortar a Selic em 0,50 ponto hoje, haverá espaço para a taxa
cair apenas mais 0,25 ponto na
última reunião do ano, que
ocorrerá no fim de novembro.
"O Copom dará prosseguimento ao processo de flexibilização da política monetária,
devendo confirmar a expectativa do mercado de novo corte de
0,50 ponto na taxa básica de juros, para 13,75% ao ano, sem
viés e, provavelmente, por decisão unânime", afirma Elson Teles, economista-chefe da Concórdia.
No começo do mês, o mercado financeiro estava dividido
entre a possibilidade de o Copom cortar a taxa básica em
0,25 ou 0,50 ponto na reunião
que termina hoje. Mas, com os
dados de inflação mostrando
que os preços estavam menos
pressionados que o esperado,
as expectativas se centraram na
queda de 0,50 ponto.
Na BM&F, a projeção do contrato DI que vence no fim deste
mês caiu de 13,96% há duas semanas para 13,75% no pregão
de ontem.
Folga
Na comparação com outros
países latino-americanos, o
Brasil está bem à frente no quesito juros reais. Os mais próximos a aparecerem no ranking
são o México (com taxa real de
2,8% ao ano) e o Chile (com
2,1% anuais).
Quando é levada em consideração apenas a taxa de juro nominal, o Brasil desce à terceira
posição. Turquia e Venezuela
aparecem em primeiro e segundo lugares, com juros nominais de 17,50% e 16,11%, respectivamente.
Os juros na Turquia sofreram
fortes elevações nos últimos
meses, com o país atravessando
um período de pressão inflacionária acima do desejado pelo
governo.
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