São Paulo, quinta-feira, 18 de outubro de 2007

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Fiesp volta a cobrar do governo medidas para conter a desvalorização do dólar

DA REPORTAGEM LOCAL

A Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) voltou a cobrar do governo medidas para conter a queda do dólar. A entidade apresentou ontem um estudo que mostra que a conta financeira do balanço de pagamentos (que inclui os investimentos estrangeiros diretos e os investimentos em carteira, para compra de ações e títulos públicos) representou 96,6% da entrada de dólares no Brasil neste ano.
O restante ficou por conta das chamadas transações correntes (formadas por balança comercial e de serviços). Essa baixa participação da balança comercial na entrada de capital estrangeiro no país, afirma a entidade, mostra que não é válido o argumento de que uma alta de importações seria positiva para reduzir o saldo comercial e elevar a taxa de câmbio.
Para a Fiesp, o fato de a participação da conta financeira na entrada de dólares ser tão expressiva mostra que a valorização cambial é um fenômeno de mercado, e não uma "maldição de recursos naturais", alusão à chamada "doença holandesa".
A expressão surgiu nos anos 80, quando as fortes receitas de exportação de gás da Holanda valorizaram a moeda local, derrubando as exportações dos demais produtos por falta de competitividade.
"Hoje a valorização do câmbio tem muito mais a ver com outros fatores do que com a balança comercial", analisou Leonardo Miceli, economista da consultoria Tendências. "Não acredito em "doença holandesa" no Brasil", completou.
O levantamento apontou ainda que, nos últimos quatro anos, a valorização do real sobre o dólar foi de 37%, para uma média mundial de 17%. "Há algo anormal na economia brasileira", defendeu Roberto Giannetti da Fonseca, diretor de comércio exterior da Fiesp.
De acordo com Giannetti, a entidade empresarial apresentou em junho, ao governo, seis propostas para impactar a conta financeira do balanço de pagamentos -o executivo defende um patamar entre R$ 2,20 e R$ 2,30 para o câmbio (ontem, o dólar fechou em R$ 1,823).
Uma das medidas, a principal, segundo a entidade, é o fim da isenção do Imposto de Renda para investidores estrangeiros em títulos públicos, o que desaceleraria a entrada de capital no país. O estudo afirma que o benefício fez com que a participação de capital estrangeiro no total dos títulos públicos subisse de 0,74% para 4,5%.
Outra proposta da entidade ao governo é estimular o financiamento de exportações em reais, tributando as operações de ACC (Adiantamento de Contrato de Câmbio) em dólares. Isso diminuiria o fluxo da venda de moeda americana sobre vendas externas futuras, o que pressiona o câmbio atual.
Outra medida proposta pela Fiesp é estabelecer prazos máximos para a liquidação cambial no financiamento a importações. "Até agora, o governo não agiu para implementar essas medidas", disse Giannetti.


Texto Anterior: BNDES vai pedir US$ 2 bi ao Banco Mundial
Próximo Texto: Trabalho: Emenda poderá dificultar cobrança de imposto sindical
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.