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Fiesp volta a cobrar do governo medidas para conter a desvalorização do dólar
DA REPORTAGEM LOCAL
A Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) voltou a cobrar do governo
medidas para conter a queda do
dólar. A entidade apresentou
ontem um estudo que mostra
que a conta financeira do balanço de pagamentos (que inclui os investimentos estrangeiros diretos e os investimentos em carteira, para compra de
ações e títulos públicos) representou 96,6% da entrada de dólares no Brasil neste ano.
O restante ficou por conta
das chamadas transações correntes (formadas por balança
comercial e de serviços). Essa
baixa participação da balança
comercial na entrada de capital
estrangeiro no país, afirma a
entidade, mostra que não é válido o argumento de que uma
alta de importações seria positiva para reduzir o saldo comercial e elevar a taxa de câmbio.
Para a Fiesp, o fato de a participação da conta financeira na
entrada de dólares ser tão expressiva mostra que a valorização cambial é um fenômeno de
mercado, e não uma "maldição
de recursos naturais", alusão à
chamada "doença holandesa".
A expressão surgiu nos anos
80, quando as fortes receitas de
exportação de gás da Holanda
valorizaram a moeda local, derrubando as exportações dos demais produtos por falta de
competitividade.
"Hoje a valorização do câmbio tem muito mais a ver com
outros fatores do que com a balança comercial", analisou Leonardo Miceli, economista da
consultoria Tendências. "Não
acredito em "doença holandesa"
no Brasil", completou.
O levantamento apontou
ainda que, nos últimos quatro
anos, a valorização do real sobre o dólar foi de 37%, para uma
média mundial de 17%. "Há algo anormal na economia brasileira", defendeu Roberto Giannetti da Fonseca, diretor de comércio exterior da Fiesp.
De acordo com Giannetti, a
entidade empresarial apresentou em junho, ao governo, seis
propostas para impactar a conta financeira do balanço de pagamentos -o executivo defende um patamar entre R$ 2,20 e
R$ 2,30 para o câmbio (ontem,
o dólar fechou em R$ 1,823).
Uma das medidas, a principal, segundo a entidade, é o fim
da isenção do Imposto de Renda para investidores estrangeiros em títulos públicos, o que
desaceleraria a entrada de capital no país. O estudo afirma que
o benefício fez com que a participação de capital estrangeiro
no total dos títulos públicos subisse de 0,74% para 4,5%.
Outra proposta da entidade
ao governo é estimular o financiamento de exportações em
reais, tributando as operações
de ACC (Adiantamento de
Contrato de Câmbio) em dólares. Isso diminuiria o fluxo da
venda de moeda americana sobre vendas externas futuras, o
que pressiona o câmbio atual.
Outra medida proposta pela
Fiesp é estabelecer prazos máximos para a liquidação cambial no financiamento a importações. "Até agora, o governo não agiu para implementar essas medidas", disse Giannetti.
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