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Grandes empresas temem falta de equipamento
ELVIRA LOBATO
DA SUCURSAL DO RIO
JULIO WIZIACK
DA REPORTAGEM LOCAL
Operadoras de telefonia e
empresas de grande porte estão
preocupadas com o futuro da
Cisco no Brasil. Elas temem
que as investigações sobre a
empresa e sua distribuidora
Mude comprometam seus planos de expansão.
É o que a Folha apurou com
dirigentes dessas companhias e
com analistas do setor.
Um dos principais negócios
da Cisco com essas corporações é a venda de roteadores,
equipamentos que fazem a conexão entre os diversos servidores e computadores. Sem
eles, não há internet.
Sem a garantia de que a infra-estrutura da rede mundial
de computadores não poderá
ser expandida como elas planejam, os negócios podem ficar
comprometidos.
Isso porque as operadoras
apostam que o futuro da comunicação acontecerá via internet, por onde será feita não
apenas a transmissão de dados
mas as de voz e até mesmo os
programas de televisão -quando a TV digital estiver funcionando a todo o vapor.
Os roteadores são fundamentais nesse processo, e a
Cisco é um de seus principais
fabricantes. Estima-se que por
volta de 75% das redes corporativas brasileiras sejam equipadas com produtos da Cisco.
No Brasil, ela vende equipamentos por meio de seus distribuidores, que os repassam para
firmas conhecidas no mercado
como "integradoras" -contratadas pelas grandes empresas
para colocar suas redes de comunicação em funcionamento.
O que chama a atenção dos
dirigentes dessas corporações
consultadas pela Folha é que
havia entre os "integradores"
uma orientação em se dar preferência à Mude, embora a Cisco também operasse com a distribuidora Ingram Micro.
A suspeita entre o empresariado é a de que Carlos Carnevali, que fundou a Cisco no Brasil, seja sócio da Mude. Segundo a Justiça Federal, ele teve
prisão decretada devido aos
fortes indícios de manter atividades na Cisco e na Mude.
Com o envolvimento da Mude no suposto esquema de importações ilegais, as operadoras de telefonia e as grandes
empresas também temem que
possam ser, indiretamente,
afetadas pela investigação no
que se refere ao recolhimento
de impostos.
Por isso, essas empresas já
começaram a marcar reuniões
com seus "integradores" para
rever os contratos. Querem saber exatamente de onde vieram os equipamentos, além de
exigirem garantias de que não
haverá falta de produtos pelos
próximos meses.
Isso pode colocar em risco os
planos de expansão das telefônicas. A Cisco -que já está presente nas redes de comunicação de dados e voz dessas corporações- mantém contratos
com as operadoras para a futura implantação de redes que
prevêem até mesmo a transmissão de programas de televisão pela internet.
Analistas do setor acreditam
que não haverá falta de equipamentos. Existem no país cerca
de 50 empresas que atuam nesse setor. Além disso, os parceiros da Cisco no Brasil operam
com estoques que teriam fôlego por, pelo menos, seis meses.
Caso as importações da Cisco fiquem comprometidas,
suas concorrentes poderiam
cobrir o espaço aberto pela
multinacional americana.
A Cisco, por meio de sua assessoria, informa que seus parceiros continuam atuando normalmente. Segundo ela, os consumidores residenciais que
têm equipamentos da Cisco
não precisam se preocupar
porque haverá assistência técnica. Na pior das hipóteses, há
equipamentos equivalentes
oferecidos pela concorrência.
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