São Paulo, quinta-feira, 18 de outubro de 2007

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Grandes empresas temem falta de equipamento

ELVIRA LOBATO
DA SUCURSAL DO RIO

JULIO WIZIACK
DA REPORTAGEM LOCAL

Operadoras de telefonia e empresas de grande porte estão preocupadas com o futuro da Cisco no Brasil. Elas temem que as investigações sobre a empresa e sua distribuidora Mude comprometam seus planos de expansão.
É o que a Folha apurou com dirigentes dessas companhias e com analistas do setor.
Um dos principais negócios da Cisco com essas corporações é a venda de roteadores, equipamentos que fazem a conexão entre os diversos servidores e computadores. Sem eles, não há internet.
Sem a garantia de que a infra-estrutura da rede mundial de computadores não poderá ser expandida como elas planejam, os negócios podem ficar comprometidos.
Isso porque as operadoras apostam que o futuro da comunicação acontecerá via internet, por onde será feita não apenas a transmissão de dados mas as de voz e até mesmo os programas de televisão -quando a TV digital estiver funcionando a todo o vapor.
Os roteadores são fundamentais nesse processo, e a Cisco é um de seus principais fabricantes. Estima-se que por volta de 75% das redes corporativas brasileiras sejam equipadas com produtos da Cisco.
No Brasil, ela vende equipamentos por meio de seus distribuidores, que os repassam para firmas conhecidas no mercado como "integradoras" -contratadas pelas grandes empresas para colocar suas redes de comunicação em funcionamento.
O que chama a atenção dos dirigentes dessas corporações consultadas pela Folha é que havia entre os "integradores" uma orientação em se dar preferência à Mude, embora a Cisco também operasse com a distribuidora Ingram Micro.
A suspeita entre o empresariado é a de que Carlos Carnevali, que fundou a Cisco no Brasil, seja sócio da Mude. Segundo a Justiça Federal, ele teve prisão decretada devido aos fortes indícios de manter atividades na Cisco e na Mude.
Com o envolvimento da Mude no suposto esquema de importações ilegais, as operadoras de telefonia e as grandes empresas também temem que possam ser, indiretamente, afetadas pela investigação no que se refere ao recolhimento de impostos.
Por isso, essas empresas já começaram a marcar reuniões com seus "integradores" para rever os contratos. Querem saber exatamente de onde vieram os equipamentos, além de exigirem garantias de que não haverá falta de produtos pelos próximos meses.
Isso pode colocar em risco os planos de expansão das telefônicas. A Cisco -que já está presente nas redes de comunicação de dados e voz dessas corporações- mantém contratos com as operadoras para a futura implantação de redes que prevêem até mesmo a transmissão de programas de televisão pela internet.
Analistas do setor acreditam que não haverá falta de equipamentos. Existem no país cerca de 50 empresas que atuam nesse setor. Além disso, os parceiros da Cisco no Brasil operam com estoques que teriam fôlego por, pelo menos, seis meses.
Caso as importações da Cisco fiquem comprometidas, suas concorrentes poderiam cobrir o espaço aberto pela multinacional americana.
A Cisco, por meio de sua assessoria, informa que seus parceiros continuam atuando normalmente. Segundo ela, os consumidores residenciais que têm equipamentos da Cisco não precisam se preocupar porque haverá assistência técnica. Na pior das hipóteses, há equipamentos equivalentes oferecidos pela concorrência.


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