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São Paulo, terça-feira, 18 de novembro de 2003

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PESQUISA

Embrapa usa composto químico para diminuir população de percevejo

Feromônio controla praga da soja

UISAL BAKRI
DA AGÊNCIA FOLHA

Pesquisadores da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) desenvolveram neste ano uma forma de controle total do percevejo da soja, principal predador desse cultivo, por meio da utilização de feromônios (sinais químicos emitidos pelo próprio inseto).
A empresa já requereu a patente dos resultados da pesquisa.
A possibilidade de rompimento do sistema de comunicação entre eles, utilizando os feromônios sexuais, de modo a inviabilizar as futuras gerações da espécie-praga, motivou pesquisas da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, em Brasília. O pedido partiu de agricultores à Embrapa Soja, em Londrina (PR).
Os percevejos se alimentam sugando diretamente os grãos da soja e, assim, afetam o rendimento e a qualidade das sementes. Quando atingem populações elevadas, podem causar prejuízos e têm que ser controlados.
Segundo o pesquisador Miguel Borges, da Embrapa (Brasília), a vantagem do controle biológico é evitar o uso indiscriminado de agrotóxicos, que têm provocado danos ao ambiente e colocado em risco a saúde do homem.
Testes realizados em laboratórios e no campo têm apresentado resultados positivos pela equipe do pesquisador. "A Embrapa já está com a patente dos feromônios solicitada aguardando demandas do setor privado e produtivo", disse.
Dessa forma, Borges espera que, no prazo de um ano, o produtor rural possa utilizar esse agente de controle biológico.

Feromônio
O feromônio é um composto químico volátil (fica no ar) que é utilizado na comunicação química entre indivíduos da mesma espécie. De forma simples e utilizados em pequenas quantidades, os feromônios (ou semioquímicos) são os principais elementos da linguagem de comunicação entre os insetos. Esses compostos são bastante específicos e não são "entendidos" por espécies diferentes.
No caso do percevejo da soja, o macho libera o feromônio para atrair a fêmea. Carregado pelo vento, outro inseto é capaz de sentir o feromônio e seguir seu rastro. Por ser um composto natural, o feromônio não causa dano ao ambiente.

Aplicações
Para colher os feromônios, os insetos trabalhados em laboratório são separados conforme o sexo e colocados em câmaras hermeticamente fechadas, com circulação de ar filtrado.
Como o inseto está sexualmente maduro, ele libera feromônio naturalmente, que é coletado em uma coluna de absorvente sólido, e o material é monitorado.
De acordo com Miguel Borges, o emprego dos feromônios pode ser feito, entre outras maneiras, liberando-os sobre a lavoura, com pulverizações em quantidade que possa confundir os insetos-praga, de tal forma que machos e fêmeas não se encontrem.
Outra possibilidade para o controle da população é colocar o inseto, atraído pelos feromônios, em uma armadilha, interrompendo seu ciclo reprodutivo.


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