São Paulo, quarta-feira, 18 de dezembro de 2002

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ANO DO DRAGÃO

Com pressão menor dos alimentos, índice deve ficar em 1,5% neste mês; Fipe revê, para mais, taxa de 2002

Inflação recua no mês, mas taxa anual sobe

MAURO ZAFALON
DA REDAÇÃO

A inflação ainda vive um período conturbado, mas a taxa já começa a fazer o caminho de volta em São Paulo.
Essa é a análise do coordenador do Índice de Preços ao Consumidor da Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas), Heron do Carmo, ao divulgar ontem nova redução na taxa de inflação em São Paulo.
Nos últimos 30 dias até 15 deste mês, os preços tiveram elevação média de 2,40%. Foi a segunda redução no mês. Em novembro, a inflação tinha atingido 2,65%, recuando na semana seguinte para 2,60%.
Apesar dessas reduções, a Fipe reviu pela oitava vez a taxa para este ano. A estimativa agora é de 9,5%. A anterior era de 9%, e no início do ano, de 4%. Para este mês a previsão é de taxa próxima a 1,50%.
Dois itens são responsáveis pela manutenção da taxa de inflação em patamares elevados em São Paulo: alimentação e combustíveis, mas ambos já começam a registrar aumentos menores, diz o economista da Fipe.
As maiores pressões vêm dos alimentos, que subiram 5,02% nos últimos 30 dias, taxa inferior aos 6,27% de novembro.
"O açúcar é o Robinho da inflação", diz Heron em alusão ao destaque que o jogador santista teve no Campeonato Brasileiro e ao que o produto vem desempenhando nas taxas de inflação.
Só nos últimos 30 dias os preços do açúcar subiram 26,4%, acumulando 94,5% de alta neste ano.

Pressão menor
A pressão dos alimentos pode estar com os dias contados, na análise de Heron. O fim da entressafra e a previsão de boa safra no início do próximo ano deverão derrubar os preços no setor.
Uma redução dos atuais 5% para 2% já seria suficiente para um recuo de 0,7 ponto percentual na taxa de inflação, diz o economista da Fipe.
Pesquisa de preços feita pelo Instituto de Economia Agrícola, órgão da Secretaria da Agricultura do Estado, mostra que os alimentos pararam de subir. Os preços recebidos pelos produtores na segunda quadrissemana de novembro tiveram alta de 9,6%. No mesmo período deste mês, a alta foi de apenas 2,3%.
O alívio deverá vir também dos combustíveis. Até o final do mês, a redução de pressão desse setor deverá ser de 0,3 ponto percentual, segundo a Fipe.
Enquanto alimentos e combustíveis devem sair da lista de pressões, cigarros e remédios passam a pressionar a taxa. Nos últimos 30 dias, os remédios subiram 5,1%, e os cigarros, 2,8%.

Desafios
A inflação do próximo ano deverá ficar em 7%, na avaliação de Heron. A permanência da inflação nesse patamar exigirá um grande desafio do governo: não permitir a indexação da economia, principalmente no setor público. O novo governo deverá, portanto, reverter essa inflação o quanto antes para inibir demandas pela indexação, diz ele.
Heron diz que o pior já passou. A inflação terá uma continuidade de queda no início do próximo ano. O primeiro trimestre será de inflação baixa. Questionado se não estava muito otimista, ele disse: "Não estou otimista, mas realista. É quase natural que aconteça isso", acrescentou.
A pressão inflacionária volta, no entanto, a partir de junho, devido aos reajustes de tarifas. Já a partir de setembro, as taxas devem se acomodar, caindo ainda mais no final do ano, prevê ele.


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