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ANO DO DRAGÃO
Com pressão menor dos alimentos, índice deve ficar em 1,5% neste mês; Fipe revê, para mais, taxa de 2002
Inflação recua no mês, mas taxa anual sobe
MAURO ZAFALON
DA REDAÇÃO
A inflação ainda vive um período conturbado, mas a taxa já começa a fazer o caminho de volta
em São Paulo.
Essa é a análise do coordenador
do Índice de Preços ao Consumidor da Fipe (Fundação Instituto
de Pesquisas Econômicas), Heron
do Carmo, ao divulgar ontem nova redução na taxa de inflação em
São Paulo.
Nos últimos 30 dias até 15 deste
mês, os preços tiveram elevação
média de 2,40%. Foi a segunda redução no mês. Em novembro, a
inflação tinha atingido 2,65%, recuando na semana seguinte para
2,60%.
Apesar dessas reduções, a Fipe
reviu pela oitava vez a taxa para
este ano. A estimativa agora é de
9,5%. A anterior era de 9%, e no
início do ano, de 4%. Para este
mês a previsão é de taxa próxima
a 1,50%.
Dois itens são responsáveis pela
manutenção da taxa de inflação
em patamares elevados em São
Paulo: alimentação e combustíveis, mas ambos já começam a registrar aumentos menores, diz o
economista da Fipe.
As maiores pressões vêm dos
alimentos, que subiram 5,02%
nos últimos 30 dias, taxa inferior
aos 6,27% de novembro.
"O açúcar é o Robinho da inflação", diz Heron em alusão ao destaque que o jogador santista teve
no Campeonato Brasileiro e ao
que o produto vem desempenhando nas taxas de inflação.
Só nos últimos 30 dias os preços
do açúcar subiram 26,4%, acumulando 94,5% de alta neste ano.
Pressão menor
A pressão dos alimentos pode
estar com os dias contados, na
análise de Heron. O fim da entressafra e a previsão de boa safra no
início do próximo ano deverão
derrubar os preços no setor.
Uma redução dos atuais 5% para 2% já seria suficiente para um
recuo de 0,7 ponto percentual na
taxa de inflação, diz o economista
da Fipe.
Pesquisa de preços feita pelo
Instituto de Economia Agrícola,
órgão da Secretaria da Agricultura do Estado, mostra que os alimentos pararam de subir. Os preços recebidos pelos produtores na
segunda quadrissemana de novembro tiveram alta de 9,6%. No
mesmo período deste mês, a alta
foi de apenas 2,3%.
O alívio deverá vir também dos
combustíveis. Até o final do mês,
a redução de pressão desse setor
deverá ser de 0,3 ponto percentual, segundo a Fipe.
Enquanto alimentos e combustíveis devem sair da lista de pressões, cigarros e remédios passam
a pressionar a taxa. Nos últimos
30 dias, os remédios subiram
5,1%, e os cigarros, 2,8%.
Desafios
A inflação do próximo ano deverá ficar em 7%, na avaliação de
Heron. A permanência da inflação nesse patamar exigirá um
grande desafio do governo: não
permitir a indexação da economia, principalmente no setor público. O novo governo deverá,
portanto, reverter essa inflação o
quanto antes para inibir demandas pela indexação, diz ele.
Heron diz que o pior já passou.
A inflação terá uma continuidade
de queda no início do próximo
ano. O primeiro trimestre será de
inflação baixa. Questionado se
não estava muito otimista, ele disse: "Não estou otimista, mas realista. É quase natural que aconteça
isso", acrescentou.
A pressão inflacionária volta, no
entanto, a partir de junho, devido
aos reajustes de tarifas. Já a partir
de setembro, as taxas devem se
acomodar, caindo ainda mais no
final do ano, prevê ele.
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