São Paulo, quarta-feira, 18 de dezembro de 2002

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EM TRANSE

Segundo o ministro, é um direito do país fazer o saque; se julgar que não é necessário, Palocci pode devolver o dinheiro

Brasil sacará US$ 3 bi do FMI, diz Malan

SÍLVIA MUGNATTO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O ministro da Fazenda, Pedro Malan, disse ontem que o governo brasileiro vai sacar os US$ 3 bilhões que o FMI (Fundo Monetário Internacional) deverá colocar à disposição amanhã.
Questionado sobre a necessidade do saque, Malan disse apenas que "não há nada de mau em deixar mais US$ 3 bilhões para o próximo governo". Ele lembrou que o empréstimo é um "direito", pois o país cumpriu os termos do acordo assinado neste ano.
De acordo com o BC, o Brasil tem hoje pouco mais de US$ 35,5 bilhões em reservas internacionais, incluindo os empréstimos do FMI. Pelo acordo, o país tem que manter pelo menos US$ 5 bilhões em caixa, descontados os empréstimos da instituição.
A atitude do atual governo de reforçar as reservas para o início de 2003 pode revelar uma preocupação com a agenda de desembolsos do FMI. É que, uma vez aprovado, o dinheiro do FMI fica disponível por cerca de 30 dias.
Depois disso, é necessário que a missão negociadora avalie se o país continua cumprindo os principais pontos do acordo. Mas a próxima visita da missão técnica está prevista para fevereiro. Parte das metas previstas no acordo poderá ser alterada pelo governo Luiz Inácio Lula da Silva.
A entrada dos recursos ainda neste ano facilitaria a gestão do futuro ministro da Fazenda, Antonio Palocci Filho. Ou seja, se o dinheiro não for necessário, bastará ao novo ministro devolvê-lo.
Malan tem consultado Palocci sobre todas as questões que envolvem compromissos para o futuro governo. Ontem, por exemplo, os dois conversaram por telefone pela manhã e tiveram uma reunião à tarde.
Após a vinda da missão em fevereiro, o Brasil poderá sacar mais US$ 4 bilhões do total de US$ 24 bilhões previstos para 2003. No total, os saques do primeiro semestre de 2003 poderão chegar a US$ 13 bilhões. O restante ficará para o segundo semestre.

"Não vamos dispensar"
Palocci disse ontem que, "a princípio", o novo governo vai sacar os US$ 24 bilhões que serão colocados à disposição pelo FMI em 2003. "É natural que façamos todos os saques trimestrais. Não vamos dispensar isso não."
Sem entrar em detalhes sobre a necessidade ou não dos saques, Palocci disse que o futuro governo vai sacar tudo que tiver direito. "Os recursos do Fundo foram programados dentro de uma necessidade do país", comentou.




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