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EM TRANSE
Segundo o ministro, é um direito do país fazer o saque; se julgar que não é necessário, Palocci pode devolver o dinheiro
Brasil sacará US$ 3 bi do FMI, diz Malan
SÍLVIA MUGNATTO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O ministro da Fazenda, Pedro
Malan, disse ontem que o governo brasileiro vai sacar os US$ 3 bilhões que o FMI (Fundo Monetário Internacional) deverá colocar
à disposição amanhã.
Questionado sobre a necessidade do saque, Malan disse apenas
que "não há nada de mau em deixar mais US$ 3 bilhões para o próximo governo". Ele lembrou que
o empréstimo é um "direito", pois
o país cumpriu os termos do acordo assinado neste ano.
De acordo com o BC, o Brasil
tem hoje pouco mais de US$ 35,5
bilhões em reservas internacionais, incluindo os empréstimos
do FMI. Pelo acordo, o país tem
que manter pelo menos US$ 5 bilhões em caixa, descontados os
empréstimos da instituição.
A atitude do atual governo de
reforçar as reservas para o início
de 2003 pode revelar uma preocupação com a agenda de desembolsos do FMI. É que, uma vez
aprovado, o dinheiro do FMI fica
disponível por cerca de 30 dias.
Depois disso, é necessário que a
missão negociadora avalie se o
país continua cumprindo os principais pontos do acordo. Mas a
próxima visita da missão técnica
está prevista para fevereiro. Parte
das metas previstas no acordo poderá ser alterada pelo governo
Luiz Inácio Lula da Silva.
A entrada dos recursos ainda
neste ano facilitaria a gestão do
futuro ministro da Fazenda, Antonio Palocci Filho. Ou seja, se o
dinheiro não for necessário, bastará ao novo ministro devolvê-lo.
Malan tem consultado Palocci
sobre todas as questões que envolvem compromissos para o futuro governo. Ontem, por exemplo, os dois conversaram por telefone pela manhã e tiveram uma
reunião à tarde.
Após a vinda da missão em fevereiro, o Brasil poderá sacar mais
US$ 4 bilhões do total de US$ 24
bilhões previstos para 2003. No
total, os saques do primeiro semestre de 2003 poderão chegar a
US$ 13 bilhões. O restante ficará
para o segundo semestre.
"Não vamos dispensar"
Palocci disse ontem que, "a
princípio", o novo governo vai sacar os US$ 24 bilhões que serão
colocados à disposição pelo FMI
em 2003. "É natural que façamos
todos os saques trimestrais. Não
vamos dispensar isso não."
Sem entrar em detalhes sobre a
necessidade ou não dos saques,
Palocci disse que o futuro governo vai sacar tudo que tiver direito.
"Os recursos do Fundo foram
programados dentro de uma necessidade do país", comentou.
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