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MÍDIA
Empresa tem prazo para responder a ação movida por credores americanos
Globo tem 20 dias para se defender
ELVIRA LOBATO
DA SUCURSAL DO RIO
A Globopar (Globo Comunicações e Participações) tem 20 dias
para se defender, na Corte de Falências do Distrito Sul de Nova
York, no processo movido por
três credores norte-americanos,
que pediram intervenção judicial
na renegociação das dívidas da
holding da família Marinho. A
existência da ação foi revelada pela Folha no sábado.
Os credores são fundos de investimentos que possuem, no
conjunto, US$ 94,3 milhões em títulos de dívida da Globopar. A
ação é baseada no Capítulo 11 do
Código de Falências dos Estados
Unidos, que trata da reestruturação de empresas endividadas que
não estejam pagando aos credores.
A Globopar deve aproximadamente US$ 1,9 bilhão (cerca de R$
5,6 bilhões). Parou de pagar aos
credores em outubro do ano passado. Com a inadimplência, todas
as dívidas, inclusive as de longo
prazo, ficaram sujeitas a resgate
imediato.
Desde o início do ano, a empresa discute novas condições de pagamento (desconto no valor total
do débito, redução de juros e prazos de resgate maiores) com dois
comitês de credores: um dos bancos e outro dos demais credores.
O pedido de intervenção judicial foi feito na quinta-feira passada. O prazo para a apresentação
da defesa começa a contar a partir
do momento em que a Globopar
assinar a notificação, o que ainda
não havia acontecido até a conclusão desta edição.
Os credores que entraram com
a ação são a WRF Global Securities Pooled Trust (US$ 63,6 milhões a receber da Globopar); o
GMAM Investments Funds Trust
(fundo de investimentos dos empregados da General Motors),
que tem créditos de US$ 30,52 milhões; e a Foundation for Research, credora de US$ 175 mil.
Os três fundos são geridos por
uma empresa de administração
de carteiras de nome W.R. Huff,
especialista em comprar títulos de
companhias em dificuldade financeira, na expectativa de que
elas possam se recuperar no futuro.
Este tipo de investidor, comum
nos Estados Unidos, é conhecido
no mercado financeiro como
"fundo abutre", pois sobrevive da
crise alheia. A Huff, segundo informações do mercado, fez o mesmo no México, com sucesso.
Fórum europeu
A Globopar não se manifestou
ontem. Na sexta-feira, após ter sido procurada pela Folha , a companhia divulgou comunicado para o mercado financeiro dizendo
que ação era "desprovida de fundamento legal" e que não afetaria
as empresas Globo.
Na ocasião, a empresa informou que prosseguirá as negociações de credores - ela tem reunião, hoje, por teleconferência,
com os comitês- e que não permitiria que credores usassem expedientes para valorizar suas posições em detrimento dos demais.
A Folha teve acesso à linha básica de defesa que deverá ser apresentada à Corte nos Estados Unidos.
O principal argumento da Globopar é o de que os títulos de dívida em poder dos três credores foram emitidos na Europa (eurobônus) e que o fórum para discussão, definido no lançamento dos
papéis, é Londres, não Nova York.
Ou seja, não caberia à Justiça norte-americana julgar a reclamação,
mas sim à britânica.
Advogados ouvidos pela Folha
disseram que a ação proposta nos
Estados Unidos é semelhante à
concordata preventiva, existente
na legislação brasileira.
O objetivo dos credores é acelerar a renegociação e conseguir
condições mais favoráveis do que
as propostas pela Globopar. Se o
juiz acatar o pedido de ação, a renegociação entre a Globo e os credores deixa de ser voluntária e
passa a seguir condições definidas
pela Justiça, mas com a perspectiva de recuperação, e não de liquidação da companhia.
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