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TRIBUTAÇÃO
Governo endurece negociações no Congresso e diz que manterá plano original de cobrança da alíquota maior
Receita veta exclusão de setores da Cofins
SÍLVIA MUGNATTO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo endureceu ontem
nas negociações no Congresso
Nacional sobre as mudanças na
Cofins (Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social), afirmando que não serão
aceitas exclusões de setores das
novas regras.
O secretário da Receita Federal,
Jorge Rachid, disse que essa retirada levaria, obrigatoriamente, ao
aumento da alíquota da Cofins.
"Não somos favoráveis. O modelo que a sociedade pediu é esse:
uma redistribuição do ônus tributário", disse Rachid. Segundo ele,
o fim da cumulatividade da Cofins (incidência em todas as fases
da produção) implica em peso
maior sobre alguns setores para
que outros sejam desonerados.
Para compensar a não-cumulatividade, a alíquota da Cofins vai
passar de 3% para 7,6% sobre o
faturamento das empresas a partir de 1º de fevereiro de 2004. Rachid explicou que a retirada dos
setores de saúde, hospitais e
transportes coletivos, como estuda o Congresso, poderia fazer
com que a alíquota passasse para
8,25%. Esses setores perdem porque têm poucas fases produtivas.
O relator da medida provisória
nº 135, que modifica a Cofins, deputado Jamil Murad (PC do B-SP), confirmou ontem que a saída
dos três setores geraria perda de
receita de R$ 1 bilhão. "E esse dinheiro já está no Orçamento."
A Comissão de Orçamento
aprovou a previsão de ganho de
R$ 9,5 bilhões com a nova Cofins.
Rachid também pediu mais
prazo para que o governo envie
para o Congresso o projeto de lei
que regulamenta a desoneração
da folha de salários das empresas
da contribuição previdenciária.
Compensação
A medida será uma compensação para o setor de serviços porque parte da contribuição seria
desviada para o faturamento, via
Cofins. Ou seja, como o setor emprega muito, haverá uma queda
da tributação com a redução da
alíquota incidente sobre a folha.
Murad vinha afirmando que colocaria em seu substitutivo um
prazo de 90 dias para o envio do
projeto. Mas o governo pediu 120
dias e deverá ser atendido. Portanto a tramitação só acontecerá
no segundo semestre de 2004.
O governo quer avaliar melhor
os impactos das mudanças na
contribuição previdenciária sobre
a arrecadação da Previdência Social. Apesar do endurecimento do
governo, Murad e deputados petistas afirmavam ontem que a retirada de alguns setores das novas
regras continuava em estudo.
O líder do governo, deputado
Aldo Rebelo (PC do B-SP), disse
que a idéia era não excluir setores,
mas explicou que a reunião de líderes, marcada para o início da
noite de ontem, definiria os rumos da medida provisória, que
será votada hoje.
De qualquer forma, hoje a Receita deve divulgar a arrecadação
de novembro e uma informação
deve prejudicar o governo. Havia
a expectativa de que a receita do
PIS (Programa de Integração Social) se aproximasse mais da receita da Cofins.
O PIS deixou de ser cumulativo
neste ano e está tendo "excesso"
de arrecadação. Mas o governo
disse que isso era temporário. A
Folha apurou, porém, que o PIS
cresceu 15,3% em novembro em
relação a outubro. No mesmo período, a Cofins caiu 0,5%.
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