São Paulo, domingo, 18 de dezembro de 2005

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INDÚSTRIA

Empresas repõem estoque devido ao reaquecimento do final de ano

Fábricas já trazem itens até de avião para o Natal

Bruno Miranda/Folha Imagem
Estoque de produtos de Natal na Distribuidora Metropolitan, em Barueri (SP); indústria faz reposição mais rápida de alguns itens


ADRIANA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Dezembro já dá sinais mais claros de recuperação das vendas no varejo, após meses de desaceleração na demanda no comércio. Isso tem levado as empresas a pôr em prática a estratégia da reposição de certas mercadorias em tempo real, especialmente nos últimos dias.
A Folha apurou que há indústrias de eletrônicos usando aviões para trazer produtos de fábricas de Manaus (AM) para São Paulo. Normalmente, isso é feito por caminhões entre Belém (PA) e o Sudeste e o Sul do país.
A medida foi tomada por dois fabricantes de aparelhos de televisão, segundo informou uma rede varejista à Folha. Um deles é a Philips, a maior empresa de eletrônicos do país. Essa foi a solução encontrada pela empresa para atender à demanda mais acelerada por modelos de plasma e de LCD (cristal líquido).
"Desde meados de novembro estamos trazendo por avião essas mercadorias para atender pedidos que foram crescendo ao longo do tempo. É interessante para nós porque se você tem um produto de alto valor agregado, esse tipo de transporte pode ser uma boa saída", diz José Fuentes, vice-presidente da divisão de eletrônicos da Philips.
Dados preliminares da Eletros (reúne os fabricantes de produtos eletroeletrônicos) mostram que a venda de TVs neste ano deve ficar perto de 9 milhões de unidades -recorde da indústria.
Não há sinais de falta de qualquer tipo de mercadoria, ressaltam lojas e fabricantes. O que existe é um ajustamento das necessidades das redes com a fábrica, de forma a evitar gargalos que já ocorreram no passado.

Evitar "buracos"
Em 1993, com a estratégia da indústria e do varejo de manter estoques baixos, houve falta de TVs de 20 polegadas, admitiram as lojas na época. A indústria da linha branca (refrigerador, lava-louça), por exemplo, esperava fechar as vendas para depois produzir, dizia a Casas Bahia naquele ano.
"Neste ano, tudo tem sido calculado de maneira que não existam "buracos" nas lojas. Podemos dizer até que o volume de mercadorias produzidas e estocadas em nossos depósitos supera o de 2004", diz Cristiano Baran, diretor da Metropolitan Logística, que tem sete centros de distribuição usados por empresas como Submarino, Claro, TIM e FastShop.
Além das TVs de tela grande, as fábricas na Zona Franca de Manaus estão preparadas para liberar entregas extras de DVDs, mas apenas se for realmente preciso.
Pelo transporte rodofluvial, de Manaus até São Paulo, leva-se 15 dias, em média, e o uso do avião se torna custoso para um produto de preço baixo.
Neste ano, a venda de produtos, em unidades, cresceu 80% em relação a 2004, segundo balanço preliminar da Eletros.

Entregas não param
O atual esquema armado para atender os pedidos das lojas foi montado poucos meses atrás. Em outubro, comércio e indústria de bens de consumo durável começaram a debater os volumes a serem entregues para o Natal e readaptaram os pedidos à realidade do mercado. Em novembro, por exemplo, as entregas de eletroeletrônicos se reduziram e a indústria puxou imediatamente o freio de mão nas fábricas.
"Temos alguns produtos chegando ainda neste mês. Não ficamos estocados, e ninguém fica porque não é doido. Por isso as entregas não param", diz Valdemir Colleone, diretor-superintendente da Lojas Cem.
Números consolidados mostram que o volume de produtos vendidos no Natal cresce há dois anos. Segundo pesquisa do IBGE, em dezembro de 2003 e em dezembro de 2004 as altas nas vendas do comércio foram de 3,21% e de 11,42%, respectivamente.
Esse último resultado pode ser considerado o melhor desempenho para um Natal desde o início da pesquisa, que é recente -começou a ser feita em 2001. Para 2005, o IBGE não fez previsões. A Fecomercio-SP prevê empate nas vendas em relação a 2004.


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