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BC libera mais R$ 88 bi para crédito bancário em 2009
Nos próximos 3 anos, capacidade de empréstimo das instituições terá adicional de R$ 100 bi
Bancos não precisarão se capitalizar com controladores; medida beneficia o BB, que já estava próximo do seu limite para a concessão de crédito
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Em mais uma ação para conter o impacto da crise no crédito, o Banco Central aumentou
em R$ 88 bilhões a capacidade
de os bancos fazerem empréstimos já em 2009, sem precisar
recorrer à capitalização dos
controladores. Nos próximos
três anos, esse volume adicional passará dos R$ 100 bilhões.
A medida beneficia diretamente o Banco do Brasil, que é
controlado pelo governo federal e já estava próximo do seu limite de concessão de crédito,
além de corrigir uma distorção
gerada a partir de uma própria
determinação antiga do BC.
No último trimestre, o BB teve que elevar de R$ 22 milhões
para R$ 3,7 bilhões o excesso de
créditos tributários que era
obrigado a abater de seus ativos
para calcular seu patrimônio de
referência. Patrimônio menor,
na prática, significa que o banco pode emprestar menos, pois
o volume de crédito depende
do capital que tem para arcar
com essas operações.
A mudança ocorreu porque
entrou em vigor integralmente
a regra que determinava que, se
o volume global de créditos tributários a serem aproveitados
superasse em 40% o cálculo
inicial do patrimônio, a instituição tinha que abater o valor
excedente dos seus ativos.
Agora, por recomendação do
BC, o CMN (Conselho Monetário Nacional) decidiu reduzir
gradualmente, ao longo dos
próximos três anos, esse percentual para 10%. E ele também incidirá só sobre os créditos originados por conta de prejuízos anteriores da instituição.
Créditos tributários gerados
por causa de inadimplência dos
clientes não serão mais incluído nessa conta. Com isso, o BC
aumentou em R$ 20,2 bilhões a
capacidade de novos empréstimos do sistema financeiro. Como a queda é gradual (10% a cada ano), o aumento nos financiamentos dos bancos em 2009
é de cerca de R$ 6,8 bilhões.
O grosso do aumento do volume de empréstimos, R$ 81,2
bilhões, virá de outra alteração
anunciada, que dá tratamento
diferenciado aos dois tipos de
crédito tributário existentes.
O primeiro é aquele decorrente de prejuízos contabilizados pelos bancos num determinado exercício e que só pode
ser compensado, parcialmente,
quando houver geração de lucros tributáveis. O outro diz
respeito a créditos tributários
de natureza temporária, que
são originados em função de
calote dos clientes e são compensados integralmente somente depois de a Receita Federal constatar a perda.
Quando o cliente não paga
uma parcela do empréstimo, o
banco é obrigado a apartar um
pedaço do seu patrimônio para
fazer frente a essa operação, é o
chamado provisionamento de
crédito. A Receita, porém, exige
o pagamento de Imposto de
Renda do banco e só dá direito
ao crédito integral quando a
operação chega ao final. Com a
mudança, em vez de ter um peso maior, como acontecia até
agora (o volume era multiplicado por três), ele será contabilizado apenas uma vez.
Já o crédito tributário decorrente de prejuízo fiscal continua tendo o mesmo peso
(300%). No entanto, considerando levantamento do BC nos
dez maiores bancos (que respondem por cerca de 85% do
crédito no país), a maior parcela dos créditos tributários
(80%) é de natureza temporária, e não por prejuízo fiscal
(20%). Assim, no final, as duas
medidas permitiram um alívio
no capital requerido dos bancos para eles elevarem a oferta
de crédito.
(SHEILA D'AMORIM)
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