Proposta de R$ 1,6 bilhão de gigante chinesa foi baixa, afirma a empresa

Positivo diz que está capitalizada, não procura compradores e pode fazer acordos operacionais para ganhar competitividade

JULIO WIZIACK
DA REPORTAGEM LOCAL

A Positivo Informática recusou ontem a oferta de compra de R$ 1,6 bilhão da Lenovo. A Positivo é a maior fabricante de computadores do Brasil, com 21,5% do mercado. Os chineses ofereciam R$ 18 por ação, e o preço mínimo para o negócio avançar seria de R$ 25, segundo a Folha apurou.
Em fato relevante publicado na CVM (Comissão de Valores Mobiliários), a Positivo afirmou que que está capitalizada e sólida e que nunca procurou, nem procura, ser adquirida.
Segundo o presidente da Positivo, Hélio Rotenberg, a proposta chegou há dois dias, por meio de um representante da Lenovo. "Fizemos uma reunião à tarde entre os acionistas e consideramos que a proposta era muito baixa," disse.
Rotenberg afirmou que a empresa recebe ofertas freqüentemente e que, no momento, não há nenhuma negociação. Fontes que acompanhavam as conversas com a Lenovo garantem que a americana Dell enviaria uma proposta, caso os chineses saíssem da disputa. A Positivo nega. A Dell não quis comentar.
O comunicado afirma que a Positivo também está aberta para acordos operacionais com a Lenovo ou terceiros. Isso significa que ela poderia montar computadores para essas empresas ou até fazer compras de componentes conjuntamente. Se isso ocorrer, a empresa poderá ganhar competitividade, porque a maior parte dos componentes são importados, e compras volumosas reduzem o preço. "Mas ainda não há nenhuma proposta nesse sentido", disse Rotenberg.
A Lenovo afirmou que não fala sobre seus planos futuros, mas reafirmou sua necessidade de aquisições para ganhar eficiência, principalmente no Brasil, onde há quatro anos adquiriu a divisão de PCs da IBM.
Nas últimas semanas, as ações da Positivo sofreram valorizações recordes na Bolsa. No dia 9, foi de 46,1%, fechando em R$ 9. No mesmo dia, as ações da Lenovo na Bolsa de Hong Kong subiram 27%, atingindo 2,19 dólares de Hong Kong. No dia 11, a CVM abriu processo contra a Positivo para investigar a possibilidade de vazamento de informações. O processo está em andamento. Ontem, as ações do grupo caíram 26,16% , fechando em R$ 8,14.


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